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PREVENÇÃO

Incêndios em Campo Grande reforçam a importância de brigadas de combate a fogo nos estabelecimentos

O incêndio no Atacadão da Duque de Caxias alertou outros estabelecimentos

24 setembro 2020 - 10h09Felipe Ribeiro
Medidas preventivas são questionadas por especialista
Medidas preventivas são questionadas por especialista - (Foto: Felipe Ribeiro/A Crítica)

Em uma década, quatro grandes incêndios aconteceram na Capital. Em 2012, a loja Paulistão em frente ao terminal Morenão ficou totalmente destruída. Foram necessários 70 mil litros de água para combater o fogo. Em menos de um ano, o Planeta na Avenida Afonso Pena também foi tomado pelas chamas. Na ocasião, 80 militares do Corpo de Bombeiros tiveram de atuar no caso. No ano de 2014, a cena se repetiu em uma fábrica de piscinas, na saída para Três Lagoas.

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E novamente, Campo Grande teve mais um registro de incêndio de grandes proporções no último dia 13: o supermercado Atacadão, na Av. Duque de Caxias, foi completamente danificado pelo fogo que levou quatro dias para ser controlado totalmente e teve o consumo de quase um milhão de litros de água e dois mil litros de líquido gerador de espuma (LGE). Aproximadamente, 150 homens do Corpo de Bombeiros trabalharam no maior incêndio do tipo, na Capital.

Tais acontecimentos suscitam uma dúvida: o que as lojas comerciais da cidade têm realizado como medidas de prevenção a incêndios? Sobre isso, muitos especialistas da área questionam a manutenção prévia dos sistemas de extinção de incêndio de lojas que tiveram seus prédios consumidos pelas chamas. E mais alertam para a importância dos estabelecimentos investirem na criaçãod e treinamento de brigadas de incêndios.

O engenheiro civil e especialista em segurança contra incêndios, Mario Borges, avalia que o processo de certificação que valida efetivamente tais recursos de prevenção é muito burocrático.

“Os procedimentos para renovar o alvará (Certificado de Vistoria do Corpo de Bombeiros – CVCB) é complexo e extenso. Envolvem engenheiros, arquitetos, bombeiros e profissionais da área. Sobre cada risco, existe alguém que faz os testes, verifica o funcionamento e, se estiver tudo certo, uma RT (Resolução Técnica) é emitida”, explica.

Borges ainda comenta que no caso do Atacadão é curioso que recentemente tenha havido uma certificação dos bombeiros para o estabelecimento e, em seguida, um incêndio no local. “O que mais vem a mente é que todo o procedimento documental foi feito, mas houve falta de manutenção nos equipamentos. Se tivessem funcionando o sprinkler (dispositivo automático localizado no teto que libera água quando a temperatura aumenta) e o hidrante, qualquer brigadista teria, ele mesmo, extinguido o incêndio”, analisa o engenheiro.

Em nota, o Atacadão disse que “possui uma completa estrutura de combate a incêndios em todas suas unidades”. A rede atacadista explicou que toda semana são feitas inspeções para certificar o funcionamento eficaz dos sistemas e equipamentos usados na extinção do fogo. E que ainda, como métodos preventivos, todas as lojas da marca contam com um 'Plano de Atendimento a Emergências', contendo todas as ações a serem tomadas em caso de princípio de incêndio”.

O Corpo de Bombeiros de Campo Grande constatou, por exemplo, que o sprinkler estava funcionando corretamente assim que as viaturas chegaram. Fernando Carminatti, tenente-coronel da corporação, pontuou também que “o supermercado apresentou certificado do dia 27 de agosto, quando houve um inspecionamento nos sistemas pela engenharia”.

Na Capital, existem outras três grandes redes atacadistas-varejistas com lojas em regiões estratégicas da cidade para atender os perfis da população campo-grandense. São empreendimentos lotados de um corpo de colaboradores notável e com alto fluxo de consumidores que vão às compras todos os dias. Uma das marcas conversou com a nossa reportagem sobre os meios de prevenção a incêndios que adota em seus recintos.

"Nós cumprimos todas as medidas preventivas necessárias nas lojas, visando segurança e bem-estar de clientes e colaboradores. As vistorias são realizadas conforme determina a legislação vigente, bem como o plano de ação e treinamentos da brigada de incêndio. Em casos de ocorrências, as unidades possuem todos os equipamentos necessários, seguindo as orientações das autoridades”, explicou a assessoria do Fort Atacadista.

Rede Fort Atacadista informou que toma todas as medidas preventivas em suas lojas (Foto: Assessoria Fort Atacadista)

Mario Borges, pontuou as possíveis falhas que motivaram o incêndio no Atacadão, alerta sobre a necessidade das empresas adotarem meios que evitem tais incidentes.

“Existe muita exigência na legislação do nosso Estado sobre o combate a incêndios. No Planeta também houve o mesmo problema com o combate inicial das chamas. Está muito claro que se existir a possibilidade de fazer o primeiro combate, não precisa de bombeiros. A própria brigada de incêndio pode resolver o problema. Ainda existe a falta de preparo, da manutenção de equipamentos, que os responsáveis acabam pagando o preço em função dessa carência", concluiu.

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