
Saiba Mais
- CESTA BÁSICA
Procon Estadual manifesta à Senacon sua preocupação com alta de preços da cesta básica
- POLÍTICA
"Supermercados estão empenhados em reduzir o preço da cesta básica", diz Bolsonaro
- ECONOMIA
Diretoria da Abras vai se reunir com equipe econômica para falar de cesta básica
- ECONOMIA
Custo da cesta básica aumenta em 13 capitais em agosto, diz Dieese
Campo Grande figura no ranking das cinco cidades no Brasil que tiveram a maior alta no preço da cesta básica em um ano. Em quinta colocação, o valor do conjunto dos alimentos considerados essenciais no mês de agosto foi de R$ 484,46 ou 18,7% a mais que o mesmo mês do ano passado, quando o preço da cesta marcou R$ 408,11.

Os dados, apurados pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), mostram ainda que o valor do óleo de soja na Capital subiu 31,85%, a maior diferença entre as 17 cidades pesquisadas no país.
Segundo o estudo, o alto percentual de variação anual do produto foi motivado pelas demandas interna e externa da soja, elevando as cotações de seus derivados.
Em entrevista, Andreia Ferreira, supervisora técnica do DIEESE em Mato Grosso do Sul, pondera o aumento perceptível nos alimentos. “Não há somente um componente que explica essa alta. Já estávamos, por exemplo, num processo de majoração das coisas antes da pandemia. Com ela, isso só se agravou. Houve diminuição da área de plantio, ocorreram problemas climáticos, o dólar aumentou, a exportação de alimentos também, e o mercado interno ficou sem produtos”, explica.
O arroz, por exemplo, subiu 100% nos últimos 12 meses, de acordo com a Associação Brasileira da Industria de Arroz – ABIARROZ - (Foto: Felipe Ribeiro/A Crítica)
Os estabelecimentos que comercializam cestas de alimentos essenciais já sentem o real impacto nas vendas. “Tentamos passar para o cliente aquilo que o nosso fornecedor passa pra gente: que subiu, que nós estamos pagando mais caro. Se você tem um cliente que sempre tem o hábito de comprar e há um aumento desse, ele prefere não comprar e procurar por algo mais em conta", avalia o proprietário de uma loja de cestas básicas em Campo Grande, que preferiu não se identificar.
Na outra ponta, e mais vulnerável, está o consumidor que precisa pôr alimentação dentro de casa e tem de pagar pelo preço. Essa é uma das queixas de dona Maria Aparecida, 65, que costuma comprar cestas básicas mensalmente.
“Eu paguei R$ 130 no mês passado e hoje paguei R$ 280 pela mesma quantidade de produtos. Mas além da cesta, preciso comprar outros produtos para complementar, como café, leite, carne e etc”, lamenta.
Na última quarta-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro disse que havia conversado em reunião com representantes do ramo supermercadista, que alegaram estarem empenhados a reduzir o preço da cesta básica.
Sobre tal elevação nos preços da alimentação, Edmilson Veratti, presidente da Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercados (AMAS), afirmou que o setor notificou há mais de 20 dias os órgãos competentes, como o Ministério da Economia, da Agricultura e a Senacom (Secretaria Nacional do Consumidor). Disse que houve demora, por parte de tais entidades, em acreditar no aumento ou para solucionar o problema.
Com o aumento notório de produtos considerados tradicionais na cesta básica, como o arroz, feijão e óleo de soja, a Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercados (AMAS), esclareceu que os supermercados do Estado não são os responsáveis pelo alto valor dos alimentos.
Na semana retrasada a entidade soltou uma nota informando que os supermercados não são os responsáveis pela alta do preço. O arroz, por exemplo, subiu 100% nos últimos 12 meses, de acordo com a Associação Brasileira da Industria de Arroz –ABIARROZ. A justificativa é que poucos produtores estão com a matéria-prima, e por isso o aumento do produto tanto nas indústrias quanto para os consumidores.
A nota da AMAS ainda afirma que vai se atentar aos estabelecimentos que aumentarem o preços dos produtos de forma considerada injusta.
“Informamos que estamos atentos a todas as oscilações de preços dos produtos vendidos nos supermercados e combateremos firmemente o aumento de preços injustificados por parte de todos os fornecedores envolvidos na cadeia de abastecimento”, diz o documento assinado pelo presidente da entidade, Edmilson Jonas Verati.
Saída - Como alternativa para alguns, a saída está sendo a produção própria de alimentos, a conhecida agricultura familiar. Em pequenas propriedades, os integrantes do trabalho consomem e comercializam, por um preço acessível, seus produtos cultivados em espaços como hortas urbanas. O valor do maço de rúculas custa uma média de R$ 2,00. No supermercado, a mesma hortaliça é vendida a R$ 2,80, preço 40% mais caro.
Em Campo Grande já existe um projeto que subsidia os pequenos produtores de alimentos. São as Hortas Urbanas, iniciativa governamental que disponibiliza recursos como adubo orgânico e mudas de hortaliças aos participantes da agricultura familiar. O objetivo é melhorar a alimentação das pessoas, a educação alimentar e até mesmo promover tais demandas para que escolas estaduais e municipais sejam beneficiadas.
Em Campo Grande já existe um projeto que subsidia os pequenos produtores de alimentos - (Foto: Felipe Ribeiro/A Crítica)
No interior do Estado, um trabalho de faculdade tem se mostrado muito relevante para a ideia. Do campus da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) em Dourados, os acadêmicos do curso de Engenharia Física foram selecionados para participarem do programa Centelha MS.
O projeto aprovado, chamado de “Automação Agrícola para Agricultura Familiar e Pequenas Propriedades”, é um sistema que registra várias informações a respeito da propriedade, envia tais dados para um servidor, que posteriormente serão analisados pelo produtor.
Essa ferramenta permite que os relatórios gerados possam ser utilizados a fim de tomar decisões acertivas e alimentar os módulos de automação, como o de irrigação automática.
Muhammad Minozzo, um dos acadêmicos integrantes do projeto científico, valoriza a importância da ideia para as pequenas propriedades agrícolas e conta como isso ajudará as pessoas. “Nós queremos fornecer equipamentos que coletem os dados da propriedade e auxiliem no planejamento para economia de insumos, reduzindo os impactos ambientais. Será possível saber quando é necessário executar alguma ação no lugar onde está sendo cultivado. Vai ser muito bom quando começarmos a levar essa tecnologia para o pequeno produtor”.
