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OPINIÃO DO LEITOR

O Parque dos Poderes é do povo

O que está acontecendo? Qual a importância desse parque para a cidade? E os demais parques vizinhos, estão protegidos?

16 outubro 2020 - 08h03Ângelo Marcos Arruda
Ângelo Marcos Arruda é arquiteto e urbanista, cidadão campo-grandense e sul-mato-grossense e defensor da arquitetura e do urbanismo do país.
Ângelo Marcos Arruda é arquiteto e urbanista, cidadão campo-grandense e sul-mato-grossense e defensor da arquitetura e do urbanismo do país. - (Foto:Divulgação)

Tomei conhecimento, aqui de Florianópolis, que está sendo criado um movimento social em Campo Grande com o nome de Associação dos Amigos do Parque do Prosa com a finalidade de proteger esse importante bioma urbano da capital de Mato Grosso do Sul. O que está acontecendo? Qual a importância desse parque para a cidade? E os demais parques vizinhos, estão protegidos?

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Vamos lá.

Foi em 1936 que a cidade de Campo Grande recebeu como proposta do urbanista Saturnino de Brito e sua equipe, a necessidade de que essa área enorme do Desbarrancado fosse desapropriada e destinada ao sistema de abastecimento de água da cidade, que na época não tinha 30 mil habitantes. Com essa proposta Campo Grande, mais de 80 anos depois, é uma das poucas cidades no mundo que tem uma área urbana da qualidade do Parque dos Poderes com nascentes, vegetação original e ampla vida animal. Em 1981, Pedro Pedrossian transforma essa área no Parque dos Poderes (com o passar do tempo e dos anos essa área ficou sob a posse e propriedade da SANESUL, uma área estadual).

Em 1981, Pedrossian não apenas cria um espaço urbano institucional, dotado de uma mata intocada mas a dota de prédios públicos construindo ali, com todo o cuidado, prédios bem afastados um do outro, com nível de preservação único no país. Esse Parque é patrimônio do povo de Campo Grande e de Mato Grosso do Sul.

Quarenta anos depois, o que se vê é uma área desprotegida pelo Poder Público estadual – sua proprietária – e até pelo poder político, tendo em vista tentativas do poder legislativo municipal e estadual em promover urbanização ao seu redor. Prédios e condomínios foram sendo construídos, um deles no limite das propriedades – próximo ao prédio do Ministério Público de MS – dando a entender que aqueles prédios são de interesse público pois eles ficam localizados nas margens, sendo vistos por quem passa a caminho da TVE ou da PM. Esse fato, teve um antecedente na Avenida do Poeta e proximidades do Postinho ainda nos anos 90. Diversos prédios foram erguidos inclusive o posto de combustível, que na época deu muita polêmica ambiental tendo em vista as proximidades da reserva florestal do Parque.

A situação precisa ser contida. A urbanização precisa respeitar o entorno. Pedrossian, em 1987chegou a propor um Decreto criando uma faixa de 150 metros ao redor do Parque para ser desapropriado e criar um anel verde de proteção mas não obteve êxito.

O que precisa ser feito?

Proteger, proteger e proteger. Não tem saída. O Parque dos Poderes é patrimônio do povo de MS e de Campo Grande. Seu vizinho, o Parque das Nações Indígenas, é a maior área urbana de lazer do país. Precisamos ter orgulho desse patrimônio que é referência nacional e mundial.

Os campo-grandenses precisam entender que não dá para permitir prédios ao redor, na beira, nas margens dos limites do Parque. Isso vai causar problemas no futuro. E hoje esses prédios interferem, exageradamente, na paisagem do local.

*O autor, Ângelo Marcos Arruda, é arquiteto e urbanista, cidadão campo-grandense e sul-mato-grossense e defensor da arquitetura e do urbanismo do país.

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