
Se quem vive de passado é museu, algumas pessoas são ricas e consideradas recipientes de contos e histórias que vão além do simples entretenimento. É o caso das pessoas que praticam o detectorismo. A atividade é feita por aqueles que desenterram - no sentido literal da palavra - por conta própria, itens históricos que um dia foram carregadas por gerações.

Segundo Mario Ribeiro, técnico em eletrônica e detectorista nas horas vagas, a prática de caça a metais por hobby, representam um esporte que é praticado mundo afora, unindo cultura e saúde, com aprendizado e emoção. “Muitas vezes nós desenterramos objetos que não teriam valor algum, porém de grande valor cultural, que podem ou não se revelar de grande valor monetário também. Desenterramos mais que objetos, desenterramos histórias”, explica ao Light.
No entanto, para o detectorista isso não é tão fácil de se fazer. Conforme seu próprio relato, é muito mais fácil de desenterrar latas, ferros e lacres do que qualquer outro objeto. Hoje esses entusiastas estão reunidos pelas redes sociais, tornando assim o espaço de uma simples página na internet em um museu global de antiguidades e de discussões.
“Trazemos à tona o que muitos hoje parecem não ligar, pedaços de metal que podem se revelar relíquias”, esse é o lema do caçador de histórias.
Mario Ribeiro é técnico em eletrônica e detectorista nas horas vagas
Encantado pelo passado do município de Ponta Porã, ele conta sobre as diversas teorias para cruzadas jesuítas e guerras que deixaram sobre a região um 'ar misterioso', e uma névoa de perguntas sobre o que se passava em épocas anteriores. Mas, infelizmente segundo ele, nem todos entendem essa prática. “Como todo lugar que você pode ir, depende de uma história e de uma permissão, tanto da parte do proprietário quanto do governo, muitas vezes o processo demora demais”, acrescenta.
“Faço isso como hobby e forma de preservação da história, buscamos nos museus uma parceria, algo que possamos contribuir para o levante histórico não só da cidade, mas também de todo o Brasil, para não deixar a história se perder", conta.
Ele reclama ainda que por causa dessa resistência já foi forçado a não retirar nada do local uma vez que o transporte desses materiais desenterrados pode ser considerado crime. “Ninguém faz o esforço de retirar e catalogar, mas se você faz isso e conta as histórias por trás do objeto, é considerado criminoso”.
No fim das contas o passado continua misterioso em diversas regiões de Mato Grosso do Sul, e para os grupos de detectorismo resta a eles a tarefa de desenterrar as mais antigas histórias que estão bem debaixo do nosso nariz.
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