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NA UFGD

Pesquisa comprova que casos de sífilis em recém-nascidos poderiam ser evitados

Segundo os profissionais envolvidos, a cobertura pré-natal ofertada atualmente na rede pública de saúde apresenta falhas na prevenção das doenças e no seu tratamento

23 novembro 2020 - 11h20Da Redação
O estudo teve início em 2016, mas foi no ano seguinte que se desdobrou numa pesquisa com ênfase em neurossífilis
O estudo teve início em 2016, mas foi no ano seguinte que se desdobrou numa pesquisa com ênfase em neurossífilis - (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Um estudo realizado na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), revela que casos em recém-nascidos poderiam ser mais evitados. Segundo os profissionais envolvidos, a cobertura pré-natal ofertada atualmente na rede pública de saúde apresenta falhas na prevenção das doenças e no seu tratamento, causando o aumento no índice da transmissão de mãe para filho durante a gestação.

“O diagnóstico tardio da sífilis em gestantes e o acompanhamento inadequado dos parceiros sexuais podem favorecer a transmissão vertical da bactéria Treponema pallidum – causadora da doença – em gestantes brasileiras. Assim, melhorar a qualidade dos serviços de saúde é importante para um controle mais eficaz da neurossífilis”, afirma a bióloga Simone Simionatto, coordenadora da pesquisa.

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O estudo teve início em 2016, mas foi no ano seguinte que se desdobrou numa pesquisa com ênfase em neurossífilis, uma complicação da sífilis que surge quando a bactéria Treponema pallidum invade o sistema nervoso, atingindo o cérebro, as meninges e a medula espinhal. Essa condição leva ao surgimento de sintomas como falência de memória, depressão, paralisias e convulsões.

A abordagem para a pesquisa foi feita junto a 63 gestantes diagnosticadas com sífilis, admitidas para o parto no Hospital Universitário da UFGD (HU-UFGD), e seus recém-nascidos. Entre os bebês, 12,7% tiveram complicações clínicas, como baixo peso ao nascer, e cerca de 50% tiveram de ser hospitalizados por complicações de sífilis. Cada um desses casos acarretou ao SUS um custo de US$ 881,48 em tratamento e internação, o equivalente a R$ 4,7 mil.

Foram avaliados 21 recém-nascidos com neurossífilis e 42 com sífilis congênita, ou seja, quando a enfermidade é passada de mãe para filho durante a gestação. Das 63 gestantes, 60 receberam acompanhamento pré-natal e 47 delas somente souberam que estavam com a doença neste período.

A enfermeira Anny e a professora Simone durante a pesquisa

A enfermeira Anny e colegas do grupo de pesquisa, em laboratório

A professora Simone explica que a inclusão do estudo sobre neurossífilis na pesquisa com populações vulneráveis foi sugerida por uma das alunas da pós-graduação que integrava o projeto. Após identificar um expressivo número de casos da complicação, a enfermeira Anny Danyelly da Costa Ribeiro, mestranda na época, se aprofundou na questão e acabou abordando o tema em sua dissertação.

“Eu entrei na seleção do mestrado com uma proposta de estudar justamente a sífilis em populações vulneráveis. E participando de outros projetos, percebi, juntamente com a professora Simone, que não havia o acompanhamento dos bebês. Nesse sentido, entendemos que havia uma lacuna a ser preenchida”, explica Anny.

A pesquisa rendeu, ainda, um artigo científico, recentemente publicado da Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo. Intitulado – “Neurosyphilis in Brazilian newborns: a health problem that could be avoided” (Neurossífilis em recém-nascidos brasileiros: um problema de saúde que poderia ser evitado) – a publicação chamou a atenção de veículos nacionais de imprensa e teve repercussão em órgãos como Agência Brasil, Agência Bori (São Paulo/SP) e Rádio Nacional.

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