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POLÍTICA

'Não vou dizer que eu sou um excelente presidente', diz Bolsonaro a apoiadores

"Não vou dizer que eu sou um excelente presidente. Mas tem muita gente querendo voltar o que eram os anteriores. Já reparou? É impressionante [...]", diz o presidente

19 janeiro 2021 - 12h33
Presidente da República, Jair Bolsonaro, em conversa com seus apoiadores
Presidente da República, Jair Bolsonaro, em conversa com seus apoiadores - (Foto: Reprodução/ UOL)
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Pressionado por críticas ao enfrentamento da pandemia da covid-19 e alvo de novos pedidos de impeachment, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira, 19, que não pode dizer que é um "excelente presidente". O mandatário disse, contudo, estar "cumprindo uma missão" e fez referência a gestões anteriores.

"Não vou dizer que eu sou um excelente presidente. Mas tem muita gente querendo voltar o que eram os anteriores. Já reparou? É impressionante. Estão com uma saudade de uma...", disse para apoiadores nesta manhã, sem concluir a frase.

A fala do presidente ocorre em meio a pressões sobre o governo federal devido à atuação no combate à pandemia da covid-19. A sobrecarga do sistema de saúde em Manaus e a falta de oxigênio em hospitais afetou a imagem do governo e do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que já adota tom defensivo em seus discursos. Na sexta-feira passada, o governo de Bolsonaro foi alvo de panelaços em todo o País.

Pedido de impeachment

A crise em Manaus motivou partidos de oposição, que somam 119 deputados, a apresentarem novo pedido de impeachment contra Bolsonaro. Rede, PSB, PT, PCdoB e PDT pedem que o presidente seja responsabilizado política e criminalmente pela situação no Amazonas e por sua conduta de desincentivo a medidas de proteção durante a pandemia. O pedido se soma a outros cerca de 60 entregues à Câmara dos Deputados desde o início do mandato de Bolsonaro.

O atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), descartou um possível processo de impeachment neste momento. Na segunda-feira, 18, ele afirmou, contudo, que não descarta a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no futuro para investigar as ações do governo no enfrentamento do novo coronavírus.

A aprovação do uso emergencial da vacina contra a covid-19 também foi vista como um derrota para o governo. A Coronovac, produzida pela chinesa Sinovac e pelo Instituto Butantan, foi alvejada por Bolsonaro durante seu desenvolvimento.

Ao longo da pandemia, Bolsonaro questionou a origem da vacina, colocou em dúvida a segurança do imunizante e chegou a comemorar a interrupção dos testes da Coronavac nas redes sociais. O imunizante foi desenvolvido pelo Instituto Butantan, ligado ao governo paulista, liderado por seu adversário político, João Doria (PSDB).

O início da vacinação de brasileiros no domingo, 17, em um evento conduzido por Doria, frustrou o plano do governo federal de assumir o protagonismo da promoção das vacinas - um evento no Planalto, que ocorreria hoje, chegou a ser cogitado para evitar que o governador paulista tivesse protagonismo no início da vacinação no Brasil, mas o atraso da chegada dos imunizantes da Oxford/AstraZeneca, vindos da Índia, impediu sua realização.

Nesta segunda-feira, 18, como o Estadão/Broadcast mostrou, o cenário de ameaça do impeachment e as cobranças por ações concretas contra o avanço da pandemia fizeram Bolsonaro recorrer a um discurso mais ideológico. A apoiadores, ele afirmou que "quem decide se um povo vai viver na democracia ou na ditadura são as suas Forças Armadas".

Nesta terça, mais cedo, o vice-presidente, Hamilton Mourão, comentou a fala de Bolsonaro sobre as Forças Armadas. Ele disse que a indisciplina das Forças Armadas e o alinhamento a projetos ideológicos comprometem a democracia, mas, ressaltou que a instituição é "despolitizada" e está comprometida apenas com suas missões.

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