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INTERNACIONAL

Johnson critica UE e diz que Reino Unido vai se preparar para Brexit sem acordo

No último dia da reunião de cúpula da UE, ele disse que, se o restante do continente não voltar atrás, a única saída para seu governo é se preparar para uma separação sem pacto

16 outubro 2020 - 08h57
Boris Johnson
Boris Johnson - (Foto: Toby Melville/AFP)
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O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, criticou nesta sexta-feira a intransigência da União Europeia (UE) na construção de um acordo comercial entre as partes após o Brexit, como é chamada a saída do país Unido do bloco comum. No último dia da reunião de cúpula da UE, ele disse que, se o restante do continente não voltar atrás, a única saída para seu governo é se preparar para uma separação sem pacto. "Agora é a hora de nossos negócios se aprontarem, dos transportadores aos viajantes", recomendou.

O premiê enfatizou que, desde o início, o Reino Unido pleiteou "nada mais complicado" do que um relacionamento ao estilo do que o bloco tem com o Canadá. "A julgar pela cúpula da UE em Bruxelas, isso não funcionará para os nossos parceiros. Querem a capacidade de continuar a controlar a nossa liberdade legislativa, as nossas pescas, de uma forma que é obviamente inaceitável para um país independente", criticou. "Dado que eles se recusaram a negociar seriamente durante grande parte dos últimos meses, e dado que esta cúpula parece explicitamente descartar um acordo ao estilo do Canadá, concluí que devemos nos preparar para 1º de janeiro com arranjos mais parecidos com os da Austrália, baseados em princípios simples de livre comércio global", continuou.

Johnson salientou o relacionamento existente entre as partes, que conta com 45 anos de filiação do Reino Unido à UE, como uma forma de argumentar que o país mereceria um tratamento diferenciado em sua relação futura. Este ponto é justamente o que o bloco quer evitar, já que a saída britânica é o seu primeiro desligamento do grupo e deve servir como exemplo para que os demais membros não queiram também deixar o condomínio, vendo que há perdas para o país retirante no processo. "Ficou claro na cúpula que, após 45 anos de filiação, eles não estão dispostos - a menos que haja alguma mudança fundamental de abordagem - a oferecer a este país os mesmos termos que o Canadá."

O próprio primeiro-ministro tinha dado a data de hoje, com o fim da reunião dos líderes da UE, como o prazo final para que fosse fechado um pacto comercial com o restante do continente. O Brexit entrou em vigor oficialmente ao final de janeiro, mas conta com um período de transição até o fim deste ano e a avaliação é a de que, para que qualquer acordo pudesse entrar em vigor a partir de 2021, seria necessário este período de dois meses e meio para que questões burocráticas fossem agilizadas em tempo hábil. "Como temos apenas dez semanas até o final do período de transição, em 1º de janeiro, tenho que fazer um julgamento sobre o resultado provável e deixar todos nós prontos", argumentou nesta sexta.

Johnson disse que o país está preparado para o quadro mais radical porque sempre se soube que, no início de 2021, haveria uma mudança em relação ao relacionamento existente hoje entre o bloco e o Reino Unido. O primeiro-ministro afirmou também que está disposto a discutir aspectos práticos com os "amigos" do continente sobre alguns pontos, já que, segundo ele, houve muito progresso nas tratativas, como em questões sobre seguridade social, aviação e cooperação nuclear, por exemplo.

O premiê destacou ainda que, desde o início do período de transição, o país está obedecendo às leis da UE, pagando os honorários como membros não votantes e trabalhando no futuro relacionamento que ainda espera ter com o grupo a partir de 2021. "Saímos da UE em 31 de janeiro e cumprimos o maior mandato democrático da história deste país", apontou. "Com o coração elevado e total confiança, nos prepararemos para abraçar a alternativa", avisou, acrescentando ter a certeza de que o Reino Unido prosperará "poderosamente" como uma nação independente de livre comércio, controlando suas próprias fronteiras, a pesca e estabelecendo suas próprias leis. "Enquanto isso, o governo se concentrará em lidar com a covid para que 2021 seja um ano de recuperação e renovação", finalizou.

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