Seu Jorge fez a terceira noite do 10º Festival de Inverno de Bonito parecer verão com seu show recheado de músicas dançantes que contagiam e não deixam ninguém parado de braços cruzados sem mover os pés. Uma apresentação programada para durar uma hora e meia, terminou depois de duas horas e dez, e com uma plateia querendo mais. “Muito interessante essa interatividade com público, ouvir a galera gritando e ainda neste conceito que a gente segue de não ter um roteiro”, afirmou o artista.

A Grande Tenda do Festival, com capacidade para oito mil pessoas, não tinha espaço sobrando, os ingressos se esgotaram rapidamente. Na hora do show, não demorou para a platéia preencher o espaço para esperar o início da apresentação. Enquanto não começava, cada luz que acendia no palco era motivo para manifestações de gritos e assobios, tamanha a ansiedade de ver e ouvir o carioca Seu Jorge.
Desta vez, o show começou com “Carolina”, já para fazer o público sambar. Depois de uma pequena conferência com os músicos da banda – já que a apresentação é feita no improviso, sem set list -, tocou “Hagua”, canção que combina com a proposta do festival, que levanta a bandeira da preservação das riquezas naturais. “O seco deserto está tomando conta do planeta. Água doce bebível potável está acabando. Poluição, devastação, queimadas [...]”, diz a letra.
Músicas do CD mais recente, “América Brasil”, também estavam no repertório da noite. “Samba Rock” abriu esta fase do concerto, e o público não descansava. A “Mina do Condomínio” e a “Burguesinha” entusiasmaram ainda mais a plateia. Mas o show não foi apenas de Seu Jorge, a banda do artista é um espetáculo a parte. Uma espécie de duelo de pandeiros é travado no palco por três músicos do conjunto que acompanha o artista nas apresentações.
Quem ficou no gargarejo do palco pôde ver o show ao lado de uma companhia ilustre que veio até Bonito para prestigiar o festival e a apresentação do amigo músico. A cantora Mart’nália foi a surpresa da noite, e com toda a simpatia catava do chão as canções de Seu Jorge.
Coletiva
Ao final da apresentação, depois de um breve descanso, o artista ainda deu uma entrevista coletiva à imprensa, onde falou de seu show e da alegria de vir até Mato Grosso do Sul para participar de um festival que busca uma integração do público com a natureza rica do Pantanal.
Seu Jorge disse que é interessante a proposta, principalmente para ele – vindo do sudeste -, estar em contato com a natureza e “ver um sol fantástico, como não via há vários dias”, brilhando no céu. Além disso, o prazer de tocar no Brasil, já que vem de uma temporada de shows no exterior.
Para ele, é fundamental a proposta de integrar a música com a questão ambiental porque é muito bom ver tudo isso preservado. “Pra mim, que veio do sudeste é interessante ver um tucano, isso a gente não vê por lá”, observa. O artista ainda comenta a respeito da contribuição que a música pode oferecer para o tipo de proposta que o Festival de Inverno de Bonito traz: “É importante trazer um comportamento novo e é muito bom que a música possa estar unindo as pessoas para a consciência da preservação”, completa.
