
Mais de 120 pessoas, entre empresários, diretores e funcionários de empresas do transporte de cargas, prestigiaram na última quarta-feira o Seminário Itinerante, promovido pela NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte Cargas e Logísticas), iniciativa do Sindicato das Empresas do Transporte Rodoviário de Cargas de Mato Grosso do Sul.

Foram abordados temas relacionados ao sucesso empresarial na logística e no transporte rodoviário de cargas, e contou com apresentações de grandes nomes do setor. O presidente da Federação Interestadual das Empresas de Transporte de Cargas (Fenatac), José Helio Fernandes, e o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte
Rodoviário de Cargas do Estado do Mato Grosso do Sul (Setcems), Horst Otto Schley, prestigiaram o evento. As palestras foram ministradas pelo representante do Denatran, Eduardo Biavati; pelo superintendente de comunicação social e novos projetos da NTC&Logística, Dimas Barbosa Araujo; pelo coordenador do centro de treinamento da Bridgestone Bandag, Leonardo Barbato; pelo representante da Benner Solution, Jean Pitz; pelo gerente de regulação de transporte rodoviário de carga da ANTT, Wilbert Ribeiro Junquilho; pelo gerente de marketing de frota da Castrol, Fabio Aubin; e pelo assessor jurídico da NTC&Logística, Marcos Aurélio Ribeiro.
Biavati falou sobre a segurança no trânsito, a importância da formação profissional dos condutores e a compreensão da vida humana. “Segurança não é só tecnologia, mas também valorização da vida”, disse. O representante do Denatran abordou também o alto custo dos acidentes envolvendo caminhões. “Diminuir a quantidade de acidentes impacta diretamente na economia dos países”, analisou.
Para o presidente do Setcems, Horst Otto Schley, a edição foi um sucesso de público. “Todos que estavam aqui aprenderam, se reciclaram e saíram satisfeitos”, concluiu.
Após o evento, as empresas Benner Solution, Bandag Bridgestone e Castrol ofereceram um jantar de encerramento aos participantes. O próximo Seminário acontece em Uruguaiana (RS), em 25 de junho.
A palestra do sociólogo Eduardo Biavatti foi bastante elucidativa e impactante. Ele mostrou números que impressionaram. Destacou, por exemplo, que os acidentes de trânsito provocam um prejuízo anual de R$ 24 bilhões, sendo R$ 2,3 bilhões só o transporte de cargas. Pesquisa da Associação Brasileira de Prevenção de acidentes mostra que 43% dos acidentes decorrem de imprudência; 13% da alta velocidade. Os motoristas envolvidos entre 18 e 25 anos de idade.
Biavatti mostrou que já em 2004, a Organização Mundial de Saúde lançou um alerta para o crescimento de uma epidemia que transformará a saúde pública no futuro: a epidemia dos acidentes de trânsito. A ameaça já estava desenhada claramente em 1999, ocupando a nona posição dentre as dez principais causas de morte no mundo. Em 2025, esses acidentes serão a terceira maior causa de morte, superando as guerras e ultrapassando várias doenças para as quais não há hoje perspectiva de cura.
Para o sociologo, “o alerta é global, mas tem destinatários certos: os homens do grupo etário de 15 a 25 anos, dos países da América Latina, do Continente Africano e de boa parte da Ásia. Assistiremos à massificação entre esses jovens da motorização sobre duas rodas e, em toda parte, a um processo de disseminação da violência no trânsito dos grandes centros urbanos para as pequenas cidades”.
Ele revela que isso já vem ocorrendo no Brasil desde 2006. Os maiores municípios ainda concentram 30% das mortes no trânsito no país, mas houve uma forte “migração” da violência para as outrora pacatas cidades do interior, com até 20.000 habitantes. Nelas, as mortes no trânsito cresceram a um ritmo até 8 vezes maior do que nas grandes cidades”.
Não há cidade no país, em qualquer região, sertão ou litoral, que tenha ficado imune à invasão das motos. Pensamos em motocicletas e logo vem à mente as imagens conturbadas de São Paulo, mas a revolução sobre duas rodas aconteceu mesmo no interior, nos pequenos centros urbanos, onde as pessoas ainda se deslocavam tranquilamente a pé ou no ritmo lento da bicicleta ou no lombo do jegue-velho-de-guerra. As pessoas simplesmente largaram o jegue no mato, aposentaram a bicicleta em prol do conforto, da velocidade e da economia inegáveis da motocicleta, e ascenderam social e economicamente sobre duas rodas na escala da mobilidade. A frota de motocicletas cresceu muito, mas, ainda assim, MUITO menos do que as mortes de seus pilotos e passageiros. Entre 1990 e 2006, o número de mortes de motociclistas .
