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Internacional

Rússia frustra esperanças de solução diplomática na Ucrânia

12 março 2014 - 09h37
Reprodução / Valor
Comper
O governo russo considerou a intenção do Parlamento da Crimeia de declarar-se independente da Ucrânia "absolutamente legítima" e acrescentou que apoia integralmente o referendo marcado para o fim de semana, em novo sinal de fracasso dos esforços diplomáticos para resolver a crise.
O anúncio seguiu-se aos pedidos, ontem, do Parlamento da Ucrânia para que Washington e Londres usem todos os "meios diplomáticos, políticos, econômicos e militares" para conter a intervenção russa na península da Crimeia e para preservar a integridade territorial do país.
A resolução foi direcionada aos Estados Unidos e ao Reino Unido por serem signatários, juntamente com a Rússia, do memorando de Budapeste, de 1994, no qual a recém-independente Ucrânia abriu mão de seu arsenal nuclear em troca da garantia de integridade territorial.
"Um país que voluntariamente desistiu de seu arsenal nuclear [...] e recebeu garantias dos principais países do mundo se vê [agora] desprotegido, um contra um, diante de um país que está armado até os dentes", afirmou Arseni Iatseniuk, primeiro-ministro interino da Ucrânia.
"Se você não defende essas garantias que assinou no memorando de Budapeste, então, explique como vai convencer Irã e Coreia do Norte a abrir mão de seu status nuclear?", perguntou.
Posteriormente, também ontem, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia divulgou em informe que "a Federação Russa vai respeitar integralmente a livre expressão da vontade da população da Crimeia no referendo".
Também descreveu como em conformidade com os precedentes internacionais a declaração do Parlamento da Crimeia de que a península iria se considerar independente se sua população votasse por tornar-se parte da Rússia, antes de fazer uma proposta para passar a integrar a Federação Russa como um novo Estado. O ministério citou a conclusão do Tribunal Internacional de Justiça sobre Kosovo, de que a lei internacional não proíbe declarações unilaterais de independência por parte de Estados existentes e também listou memorandos e comunicados de tribunais e políticos dos Estados Unidos e de vários países europeus sobre o assunto de secessão.
Deputados da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo, disseram que vão avaliar na segunda-feira, um dia depois do referendo, um projeto de lei para facilitar a entrada de novos territórios no país, votando o assunto no dia 21.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, defendeu o plano de referendo em conversa com a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, no domingo, mas o recente comunicado de Moscou chega em meio ao endurecimento dos fronts diplomáticos entre Rússia e Ocidente.
O Departamento do Estado dos EUA informou que seu titular, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, não tinham encontros agendados para os próximos dias, apesar do referendo.
Até agora, o Ocidente minimizou a possibilidade de intervenção militar, mas elevou o grau de sua ameaça de punir a Rússia com isolamento diplomático e com sanções econômicas por sua ocupação militar da península da Crimeia e apoio a uma liderança separatista.
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