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SISTEMA SOBRECARREGADO

Rondônia não tem mais leitos de UTI exclusivos para pacientes com Covid-19

Secretário estadual de saúde, Fernando Máximo chama a atenção para fila de espera e transferências para outros Estados

26 fevereiro 2021 - 18h25
Para o ano que vem, as perspectivas são de um ano difícil, que será definido pela amplitude do programa de vacinação contra a covid e pelo comportamento da população
Para o ano que vem, as perspectivas são de um ano difícil, que será definido pela amplitude do programa de vacinação contra a covid e pelo comportamento da população - (Foto: Tiago Queiroz/Estadão)
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O sistema de saúde de Rondônia chegou ao limite: todos os 317 leitos de UTI exclusivos para pacientes com covid-19 estão ocupados. São 690 pacientes internados em unidades de terapia intensiva e leitos clínicos, 15 mil casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus e 246 em análise. Desde o início da pandemia, o Estado já registrou 146 mil casos e 2.800 mil óbitos.

Em sua última postagem nas redes sociais, o secretário estadual de Saúde, Fernando Máximo, chamou a atenção para a gravidade da situação: "Todos os mais de 300 leitos de UTI que foram criados exclusivamente para atendimentos de pacientes com covid-19 estão lotados. E nós temos fila de espera neste momento. Nós mandamos mais de 90 pacientes para outros Estados, mais de 60 entubados em UTIs aéreas, e os Estados lá fora não estão mais cedendo vagas, porque eles não têm. As taxas de UTIs deles também estão aumentando".

A empresária Geisse Xavier relatou a batalha para conseguir um leito de UTI para a mãe de 55 anos, Olinda Xavier, residente do município de Guajará-Mirim. "Minha mãe foi internada no domingo, por falta de oxigenação no pulmão. Hoje, ela está sendo transferida para Porto Velho, pois o caso dela agravou. Ficamos uma semana, com o caso dela agravando em Guajará. Os médicos fazendo fisioterapia e ela lutando pela vida. Depois de uma semana de espera, conseguimos uma vaga de UTI na capital", contou Geisse.

Mudança no perfil de pacientes

O governo de Rondônia divulgou que dados do e-SUS, entre 1 de abril de 2020 até 24 de fevereiro de 2021 apontam que cerca de 44,85% das mortes em Rondônia ocasionadas pela covid-19 são de pessoas sem comorbidade alguma, o que representa 1.250 pessoas relativamente saudáveis que foram a óbito exclusivamente por causa do coronavírus, enquanto 55,15% dos mortos, ou seja, 1.537 pessoas, apresentavam doenças preexistentes.

"Uma mudança na evolução para os casos moderados e graves, nesse último período, final de dezembro, janeiro e agora em fevereiro, em que as pessoas estão evoluindo de forma mais rápida e com perfil diferenciado, com faixa etária diferenciada, fora daquele grupo de risco. Essa mudança é perceptível nos dados diários das secretárias e conversando com os profissionais que estão atendendo na linha de frente", relata a virologista e pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz Rondônia Deusilene Vieira.

A virologista ainda reforça que neste momento é difícil estimar se os casos irão diminuir ou aumentar, mas que ainda são reflexos de dezembro e janeiro. "É observado que as pessoas saem do Estado no final de dezembro e retornam no final de janeiro, início de fevereiro. Então percebemos pelo deslocamento aéreo, terrestre, que as pessoas continuaram mantendo essa mesma características, então é comum observamos esse aumento no número de casos. Acredito que deva permanecer por mais algumas semanas, com uma tendência de diminuir se as medidas restritivas forem aplicadas corretamente", diz Deusilene.

Medidas restritivas

Há 13 dias foi publicado o Decreto nº 25.831, que determinou uma série de ações em conjunto, entre elas, o Isolamento Social Restritivo. Todos os municípios do Estado foram enquadrados na Fase 1 do Plano Todos por Rondônia.

A entrada de pessoas em restaurantes é permitida até as 21h e o funcionamento do estabelecimento até as 22h. Após esse horário, somente entregas por meio de delivery. É proibida a abertura de balneários, bares, boates, casas de shows e congêneres, inclusive o aluguel de clubes, propriedades ou edificações com a mesma finalidade, bem como a realização de festas privadas.

"O preço da desobediência deste decreto é alto. A população precisa ter a noção de que não é uma legislação que para o vírus, e sim, o comportamento e a conscientização", afirmou o estrategista de dados da Casa Civil, Caio Nemeth.

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