O presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, anunciou no início da madrugada desta sexta-feira (6), a formação de um governo de unidade e reconciliação, mesmo sem contar com o representante do presidente deposto do país, Manuel Zelaya. Um porta-voz de Zelaya disse que ele se negou a participar da nova equipe e anunciou que o acordo que busca uma solução para a crise política no país “fracassou”.

“Finalizamos a formação do governo de unidade e reconciliação dentro do prazo estabelecido pelo acordo Tegucigalpa-San José”, disse Micheletti em uma transmissão pela televisão e rádio a todo o país.
Manuel Zelaya foi deposto por um golpe de estado no dia 28 de junho e voltou ao país em 21 de setembro, de surpresa. Ele está até hoje abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.
Os debates fracassaram até a chegada a Honduras do subsecretário para América Latina dos EUA, Thomas Shannon. Em 29 de outubro, os dois lados anunciaram um acordo, segundo o qual a restituição de Zelaya seria decidida pelo Congresso, como queria o governo deposto. O acordo incluia ainda a formação de um governo de unidade e reconciliação nacional.
Entenda a crise política em Honduras
Segundo Micheletti, a formação da nova equipe de unidade “é representativa do amplo aspecto ideológico e político” e “cumpre com o que diz o acordo”. Pouco antes, os ministros de Micheletti renunciaram a seus cargos.
O presidente interino reconheceu que o governo de transição nomeado - ele não citou nomes - não tem nenhum representante de Zelaya, que não mandou proposta.
Micheletti disse que no começo da semana solicitou aos principais partidos políticos do país, aos candidatos presidenciais, a representantes da sociedade civil e de Manuel Zelaya, uma lista de pessoas que pudessem ocupar cargos neste novo governo. “Exceto o presidente deposto, os demais setores apresentaram suas recomendações”, afirmou.
‘Fracasso’
Jorge Arturo Reina, representante do deposto Zelaya na comissão de verificação do acordo Tegucigalpa-San José, afirmou que o “acordo fracassou por descumprimento” de Micheletti.
“Nossas armas são as idéias. Nossa luta é pacífica. Fracassa o acordo por descumprimento de Micheletti, por descumprir o prazo e não convocar o Congresso Nacional para restituir Zelaya ao poder”, disse aos jornalistas.
A comissão de verificação do acordo ainda não se pronunciou sobre o novo impasse hondurenho.
