
Mato Grosso do Sul é o 4º Estado do País com o maior número de jovens que abandonaram a escola. O levantamento feito pela Fundação Roberto Marinho mostra que em 2019, 10,6% dos jovens entre 15 e 17 anos não terminaram os estudos, além disso, no ano de 2018 mais de um terço (37,4%) dos jovens de 19 anos não haviam concluído o ensino médio no estado.

Os dados revelam que o abandono escolar é uma realidade, os motivos que levam os estudantes a desistirem no meio do caminho são diversos. Questões como desestrutura familiar, desinteresse, gravidez precoce e a necessidade de ingressar cedo no mercado de trabalho são alguns deles.
Com a paralisação das aulas presenciais imposta pela Covid-19 a situação pode ser agravada. A professora Ana Carla Chimenes comenta como a pandemia tem afetado os estudantes.
“A evasão escolar é uma realidade das escolas há muito tempo, neste ano, a situação piorou. As aulas remotas é mais uma razão que favoreceu o abandono aos estudos. A falta de recursos midiáticos e de internet por questões financeiras dificultaram ainda mais o acesso do aluno, além disso, sem a presença física do professor mediando o processo de ensino, aprender ficou mais difícil e até tedioso. O aluno ficou mais desmotivado e cerca de 30% deles não acessam as atividades”, comentou.
O abandono escolar além de trazer consequências para o aluno, traz também para a sociedade como um todo. Pois, quanto menos estudantes completam os estudos, menos profissionais qualificados vão para o mercado.
Com a paralisação das aulas presenciais imposta pela Covid-19 a situação pode ser agravada
Uma pesquisa realizada pela Fundação Marinho em parceria com o Insper revela que o Brasil perde R$ 214 bilhões por ano pelo fato de os jovens não concluírem o ensino básico, esse valor supera quatro vezes o que custa garantir a educação de um estudante.
O docente Marlon Rodrigo Brunetta trabalha na área da educação há mais de 25 anos e avalia as consequências dessa evasão.
"O estudante com baixa escolaridade, terá mais dificuldade em se colocar no mercado de trabalho, e quando consegue, geralmente, tem uma remuneração muito menor do que os estudantes que deram sequência nos seus estudos. Outra consequência, é que inevitavelmente teremos um aumento no número de pessoas que dependem de ações sociais do governo para viver uma vida minimamente digna”, avaliou.
Para evitar esse cenário, o profissional alerta que é necessário repensar no conteúdo entregue. “Para evitar a evasão escolar, precisamos repensar o que entregamos ao nosso aluno e tornar o conteúdo mais atrativo. A tecnologia deve ser vista como uma aliada dentro do processo de ensino”, explica.
Conhecidos como “geração nem-nem”, os jovens que nem estudam e nem trabalham, representaram 82,3% dos jovens de 15 a 29 anos que nunca frequentaram a escola estavam e sem ocupação em 2019 no País, segundo o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgado no mês passado.
Em Mato Grosso do Sul, essa porcentagem chegou a 8,4%, que em Campo Grande atingiu 7,0% dessa faixa etária, sendo que em 2016 essa marca era de 7,2% e 4,9%, respectivamente.
A taxa de alunos que frequentam escola (considerando de creches a cursos de nível superior) registrou aumento para cinco das seis faixas etárias, de 0 a 17 anos, consideradas no Mato Grosso do Sul, seguindo os percentuais em termos de Brasil:
