Com o enredo História pra Ninar Gente Grande, a Estação Primeira de Mangueira pretende contar, na Marquês de Sapucaí, a história do Brasil pela ótica dos heróis populares. O samba-enredo da escola é um dos mais cantados este ano, o que se costuma dizer no mundo do carnaval: “caiu no gosto do público”. Com 19 conquistas, a escola está no grupo especial.
Para o carnavalesco da Mangueira, Leandro Vieira, é evidente a aceitação da comunidade pelo samba escolhido nos ensaios na quadra.
“A comunidade da Mangueira, que se reconhece no discurso, é uma comunidade apaixonada pelo que está cantando, e isso é bom. O samba fala exatamente o que a Mangueira canta, por isso, ele é tão popular e encontrou uma espécie de carinho dos ouvintes e das pessoas que cantam e brincam com o carnaval da Mangueira”, afirmou o carnavalesco.
Jamelão
Os índios que, segundo a sinopse do enredo, “lutaram e resistiram por mais de meio século de dominação”, estarão representados no desfile da Mangueira. A escola também vai levar para a Sapucaí figuras da cultura negra que atuaram nas transformações do Brasil, entre eles Jamelão, um dos maiores intérpretes de sambas e muitos enredos da escola. Ele morreu em 2008.
“Os meus desfiles na Mangueira têm uma certa linha continuísta. Tenho obsessão em falar do Brasil e falar do Brasil é importante. Nesse contexto, o enredo da Mangueira olha para o protagonismo popular, porque o que a narrativa oficial fez foi não dar representatividade a lutas populares”, afirmou o carnavalesco Leandro Vieira.
Na lista de personalidades homenageadas estão Zumbi dos Palmares e sua mulher Dandara, que lutaram contra a escravidão; Luiza Mahin, líder do levante dos Malês de pessoas escravizadas, na Bahia; Maria Felipa, que teve papel importante na independência da Bahia.
Da história recente, além de Jamelão, estão a cantora e compositora mangueirense Leci Brandão, e a vereadora Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018, ao lado do motorista Anderson Pedro Gomes.
Componentes
O enredo agradou a quem há 16 anos desfila na Mangueira. Sônia Ritton Rodrigues, de 66 anos, mora próximo à quadra da escola, localizada na subida do morro, onde a verde e rosa surgiu. Na última quarta-feira (20) foi na Cidade do Samba para receber no barracão uma das fantasias oferecidas pela Mangueira para a comunidade.