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ARTE URBANA

Kobra começa a fazer nas pedreiras de Carrara, na Itália, mural inspirado em “Davi”, de Michelangelo

Antes de pintar em Carrara, Kobra passou quatro dias em Florença, visitando galerias e museus, para se aprofundar nas obras de pintores e escultores italianos, especialmente Michelangelo

17 maio 2017 - 12h30Da Redação
O mural, de nome ainda indefinido, é inspirado na obra “Davi”, de Michelangelo
O mural, de nome ainda indefinido, é inspirado na obra “Davi”, de Michelangelo - Divulgação
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O muralista brasileiro Eduardo Kobra faz de 15 a 20 de maio um de seus trabalhos mais desafiadores. Ele pinta um imenso mural, de 12 metros de altura por 20 metros de largura, diretamente no mármore, no alto de uma das pedreiras de Carrara, na Itália, onde Michelangelo e tantos outros artistas italianos buscavam o mármore para suas obras. O mural, de nome ainda indefinido, é inspirado na obra “Davi”, de Michelangelo. Antes de pintar em Carrara, Kobra passou quatro dias em Florença, visitando galerias e museus, para se aprofundar nas obras de pintores e escultores italianos, especialmente Michelangelo.

A Itália é a quarta etapa da viagem de Kobra. De 16 a 23 de abril, ele esteve em Blantyre, em Malawi, África, onde pintou dois murais em um hospital infantil, a convite da cantora Madonna. Depois, de 24 de abril a 2 de maio, realizou em Murcia, na Espanha, o mural “Dali” (sobre o pintor Salvador Dalí), obra que já se tornou atração cultural e turística na cidade. De 3 a 7 de maio, Kobra foi para Dusseldorf, na Alemanha, onde fez uma breve exposição de cinco de suas telas inspiradas em mães de todo o mundo. (Depois, voltou para a Espanha, onde se encontrou com Neymar e fez também um mural, privado, na casa do jogador). Em junho, Kobra retorna para o Brasil, para lançar seu livro – “Kobra” - que traz fotos e textos sobre seus principais murais no Brasil e no mundo, e para inaugurar o “Maior Mural do Mundo”, que fez no km 35 da rodovia Castelo Branco.

O muralista brasileiro Eduardo Kobra faz de 15 a 20 de maio um de seus trabalhos mais desafiadores. Ele pinta um imenso mural, de 12 metros de altura por 20 metros de largura, no mármore, no alto de uma das pedreiras (mil metros de altura) de Carrara, na Itália, onde Michelangelo e tantos outros artistas buscavam o mármore para suas obras. Kobra fará uma obra inspirada na escultura “Davi”, de Michelangelo. Antes de pintar em Carrara, Kobra passou quatro dias em Florença, visitando galerias e museus, se aprofundando nas obras do Renascimento, principalmente nas esculturas de Michelangelo.

Kobra faz uma viagem por vários países, ao lado de Agnaldo Brito, também artista do Studio Kobra. De 16 a 23 de abril, esteve em Blantyre, em Malawi, na África, a convite da cantora norte-americana Madonna, para realizar dois murais em um hospital para crianças, que está sendo construído pela Raising Malawi Foundation, instituição fundada em 2006 por Madonna e Michael Berg. A cantora viu uma obra de Kobra (“Fight for Steet Art”), no Brooklyn, em Nova York, sobre Jean-Michel Basquiat e Andy Warhol e convidou o muralista brasileiro. Kobra pintou dentro de sua série “Olhares da Paz” os murais “Nelson Mandela” e “Desmond Tutu”, ambos líderes de destaque na oposição ao apartheid (sistema segregacionista na África do Sul que negava aos negros direitos de igualdade social, política e econômica) e ganhadores do Prêmio Nobel da Paz.

Depois, Kobra foi para Murcia, na Espanha, onde fez, de 24 de abril a 2 de maio, o mural “Dalí”, de 20X15 metros, sobre Salvador Dalí, na fachada no Centro Municipal Puertas de Castilla (Centro Cultural). O belíssimo trabalho já é uma atração turística e cultural da Cidade.

De 2 a 5 de maio Kobra esteve em Dusseldorf, na Alemanha, para expor cinco de suas telas inéditas que mostram mães dos cinco continentes. “Nessa exposição volto a um tema que utilizei no mural “Etnias – Todos Somos Um’, no Boulevard Olímpico, no Rio de Janeiro, pouco antes dos Jogos Olímpicos. São telas, de 2X3 metros, onde pintei cenas de mães e filhos, para mostrar através da arte o que todos nós, seres humanos - de todas as raças, países e religiões - temos em comum: o amor”, conta Eduardo Kobra, que acrescenta: “Como meu filho nasceu há poucos meses, as cenas que vi em casa do Pedrinho com a minha esposa, Andressa, inspiraram-me a falar do amor através do amor de mãe e filho”.

Depois da Itália, Kobra segue para outros dois países: Portugal e Estados Unidos. Em junho, retorna para o Brasil, para lançar seu livro “Kobra”, que traz fotos e conta histórias sobre seus principais murais no Brasil e no mundo; e inaugurar o “Maior Mural do Mundo”, que produziu em Itapevi, na região metropolitana de São Paulo. A obra ocupa todo um imenso paredão às margens da rodovia Castelo Branco (km 35), em um prédio que será o centro de distribuição e sede administrativa da empresa Cacau Show.

O novo mural de Kobra, iniciado no dia 15 de fevereiro, tem quase o dobro do tamanho do mural “Etnias – Todos Somos Um”, pintado por Kobra em 2016 no Boulervard Olímpico, no Rio de Janeiro, às vésperas dos Jogos Olímpicos, com cerca de três mil metros quadrados e que entrou para o Guinness World Record, o Livro dos Recordes. “A proporção é inacreditável. Foi um grande desafio fazer essa nova obra”, conta o artista

O “maior mural do mundo” mostra uma única cena do processo de produção do cacau. “Fizemos um estudo para que a arte seja facilmente vista pelas pessoas que passam de carro na rodovia Castelo Branco. Percebemos que não seria possível colocar várias cenas ou personagens”, diz o artista, que acrescenta: “Antes de cada obra que faço há sempre muita pesquisa, como no caso recente da pintura sobre Anne Frank (‘Let me be myself’ – ‘Deixem-me ser eu mesma’), quando li ‘O Diário de Anne Frank’, assisti a dezenas de documentários e visitei a Casa de Anne Frank, em Amsterdã. Para este novo mural, a intenção original era viajar para a região amazônica e observar várias cenas do processo produtivo do cacau, mas depois de perceber que seria melhor uma única cena, usamos como inspiração uma fotografia de Lailson Santos, do livro ‘O Cacau É Show’, escrito por Alexandre Costa, presidente e fundador da Cacau Show”.

No início do ano, Kobra esteve em Dubai, nos Emirados Árabes, para participar pela quarta vez do “Dubai Canvas at City Walk”, festiva de arte em 3D. Kobra fez um painel tridimensional, onde utilizou uma técnica inovadora, em que a imagem sofre uma distorção, ocupando um piso de quatro por quatro metros e duas paredes em quina, cada uma delas com quatro por quatro metros também. As três partes formaram uma única imagem e quando as pessoas se posicionaram no ângulo correto, tiveram a imagem em 3D. O painel foi completamente anamórfico. As distorções ocorreram nos diferentes pontos, pisos e paredes.

“O tema do festival era ‘Felicidade’. Criei a obra ‘Sonho de um Menino”, uma imagem de 50 metros quadrados, em que utilizei escadas, tintas acrílicas, giz e spray. “A pintura, representa o sonho da construção de Dubai, onde a partir da areia do deserto nasceu e floresceu um dos mais importantes centros turísticos e econômicos do mundo”, afirma o artista, que aproveitou a viagem para fazer contatos com artistas de 3D de diversos países, muitos dos quais serão convidados para o “1º. Chalk Festival Brasil”, que Kobra fará no segundo semestre de 2017, no Memorial da América Latina, em São Paulo.

Durante o Festival, a visita do sheik Mohammed bin Rashid Al Maktoum, conhecido como Sheik Mohammed, ao mural de Eduardo Kobra foi capa dos principais jornais dos Emirados Árabes Unidos: “The Gulf Today”, “The National” e “GN Weekend” (veja foto em anexo). Sheik Mohammed é o atual primeiro-ministro e vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos e emir de Dubai.

Sobre o “1º. Chalk Festival Brasil”

Eduardo Kobra realizará no Brasil, em São Paulo, no segundo semestre de 2017, o “1º. Chalk Festival Brasil”, no Memorial da América Latina. O artista brasileiro assinará a curadoria do Festival ao lado de Denise Kowal, criadora e diretora do Sarasota Chalk Festival, principal evento de 3D no mundo, que este ano chegou a sua 10ª. Edição. “Fui o introdutor das obras em 3D no Brasil e desde que fui convidado pela primeira vez para participar do Chalk Festival sonho em trazer o evento para o Brasil. Agora, eu e a Denise transformamos o sonho em realidade. Realizaremos o grande evento pela primeira vez no Brasil, aqui em São Paulo, no Memorial da América Latina”, conta Kobra.

Segundo Kobra, participarão do evento cerca de 100 artistas brasileiros e internacionais, sempre com obras em giz ou tintas solúveis em água, que são “apagadas”, com água, logo após o término do evento, que terá uma semana de duração. Além dos trabalhos em 3D, os artistas farão palestras no Memorial, compartilhando suas técnicas e experiências com demais artistas e o público em geral. Além disso, cada artista deverá para trazer uma obra – tela ou escultura – para ser exposta na Galaria de Arte do Memorial. “Ao final, essas obras serão leiloadas e parte do dinheiro arrecadado será destinado a uma ou mais instituições assistenciais”, conta, acrescentando que também dez muralistas (entre eles o próprio Kobra) participarão do evento, pintando containers.

Eduardo Kobra fez em junho de 2009 a primeira obra em 3D em uma calçada em São Paulo. O palco ou a tela foi um ponto nobre da cidade: a Praça Patriarca, em frente ao Viaduto do Chá, no centro histórico de São Paulo. Kobra pintou um carro antigo, resgatando um cenário do local. Pouco depois foi notícia em todo o País. Já realizou 10 ações em 3D em diferentes cidades do Brasil, como em São Paulo e Rio de Janeiro. Em, 2015, no bairro de Santa Cecília, em São Paulo fez uma cama em 3D para “falar” sobre a questão dos moradores de rua.

Kobra se apaixonou em 2007 pela misteriosa técnica da pintura em 3D, também conhecida como “anamórfica” ou “ilusionística”. Durante dois anos estudou a técnica intensamente, especialmente os trabalhos do norte-americano Kurt Wenner e do inglês Julian Beever. Seguro para realizar obras em 3D procurou a Subprefeitura da Sé, em São Paulo. Fez a primeira intervenção e se apaixonou ainda mais pelo projeto: “É fascinante fazer em locais com grande movimento de pessoas. A arte em 3D nas ruas dá às pessoas não apenas a oportunidade de interagir com a obra, mas também de acompanhar o processo de criação do artista”, finaliza.

Mais sobre o mural “Let me be myself” (Deixe-me ser eu mesma)

O brasileiro Eduardo Kobra concretizou no passado, em Amsterdã, Holanda, um de seus maiores sonhos: entregou o mural “Let me be myself”, que pintou desde o 20 de setembro a 2 de outubro, sobre a menina Anne Frank, morta aos 15 anos em fevereiro de 1945 pela barbárie nazista no campo de extermínio de Bergen-Belsen. O mural de 240m² fica em NDSM-werf, na parede de um prédio em que será construído o maior museu de arte de rua de todo o mundo, na região norte de Amsterdã, na Holanda. “Sempre quis fazer um mural sobre Anne Frank. A sua triste história leva a uma profunda reflexão, já que a intolerância ainda persiste no mundo. Ao mesmo tempo, Anne inspira muitos jovens do mundo inteiro pela sua coragem e sabedoria. Apesar de tudo, ela nunca perdeu sua fé na humanidade e se manteve viva através da literatura para transmitir sua história e legado”, afirma Kobra, que acrescenta: “escolhi como título e tema do mural justamente uma de suas frases mais representativas e universais, que é ‘Deixe-me ser eu mesma’, fundamental em um mundo onde a identidade de cada um deveria ser respeitada”. Amanhã, 4 de outubro, Kobra voltará para o Brasil.

Anne Frank, menina judia alemã, que viveu grande parte de sua breve vida em Amsterdã, se tornou conhecida, após sua morte, depois da publicação de seu diário – “O Diário de Anne Frank” – que foi publicado em cerca de 60 países traduzido para 70 idiomas, com 30 milhões de exemplares vendidos e serviu de tema para inúmeros filmes e peças de teatro.

Para fazer o mural, Kobra, que viajou para a Holanda acompanhado por dois artistas do Studio Kobra, Agnaldo Brito e Marcos Rafael, utilizou 450 latas de spray e 35 litros de tinta acrílica.

Com o mural sobre Anne Frank, Eduardo Kobra mantém o foco nos temas que marcam suas obras nos últimos anos. Em uma das suas séries mais representativas, o artista destaca em murais feitos em diversos países personalidades icônicas que contribuíram para paz, a liberdade, a arte e o humanismo, como Nelson Mandela, Martin Luther King Malala Yousafzai, Dalai Lama, Mahatma Gandhi, Madre Teresa de Calcutá e John Lennon. Pouco antes dos Jogos Olímpicos deste ano, Kobra encantou o mundo ao fazer no Rio de Janeiro o belo e relevante mural “Etnias - Todos Somos Um”, monumental trabalho, com 2.646,34m², no Boulevard Olímpico, no Porto Maravilha, Rio de Janeiro. No mural, estão representados os cinco continentes: Ásia - Karen, da Tailândia; Oceania - tribo Hulis, da Papua Nova Guiné; América - os Tapajós, da região amazônica; Europa - tribo Chukchis, da Sibéria e África - os Mulsi, da Etiópia. A obra foi reconhecida pelo Guinness World Records como o maior mural grafitado do mundo.

“Sempre disse que esse seria o maior painel grafitado no mundo e que era o único recorde já garantido antes do início dos Jogos. Mas é claro que esse número - que estar no Guinness - só é importante para dar ainda mais visibilidade à obra. O importante é a mensagem! Infelizmente há no mundo uma intolerância cada vez maior, onde pessoas de diversos continentes, especialmente da Europa, rejeitam o imigrante ou o ‘diferente’. Espero que esse mural, dentro do espírito olímpico dos Jogos, tenha ajudado e continue a ajudar a lembrar que todos temos origens ‘semelhantes’, que todos somos diferentes mas iguais; que a diversidade é bela, mas que no fundo Todos Somos Um: a espécie humana”, diz o artista, que acrescenta: “esse mural, o ‘Deixe-me ser eu mesma’, também busca sensibilizar as pessoas para o humanismo e talvez despertar para que tenham uma atitude mais proativa diante dos problemas da humanidade. Fico emocionando quando vejo uma multidão observando meu trabalho, mas também é fantástico e emocionante quando vejo que uma única pessoa parou na correria do dia-a-dia para observar minha pintura e talvez tenha se tornado mais sensível ou até mais ativa como transformadora da sociedade”.

Mais sobre o mural “Etnias – Todos Somos Um”

Antes de Eduardo Kobra iniciar a pintura da obra “Todos Somos Um”, a equipe do artista passou um mês no Rio de Janeiro preparando a superfície, tapando os buracos e pintando o muro de branco. Depois, diariamente, das 8h às 19h, Kobra e equipe pintaram o muro com látex, esmalte e spray. Ao total, foram 70 dias de trabalho (25 de produção e 45 de pintura). Foram utilizados 1890 litros de tinta branca para a base e 2.800 latas de tinta spray. “Foi um desafio e um trabalho árduo, mas gratificante. Fiz e refiz os desenhos mais de dez vezes em meu atelier, até encontrar o que queria. Depois, durante a produção do mural, descansei apenas em alguns domingos, quando voltava para São Paulo para ver a minha esposa, Andressa e o, Pedro, nosso primeiro filho, que nasceu há cerca de quatro meses. Mas o resultado artístico e a reação que provocou e continua provocando nas pessoas faz tudo valer a pena”.

Kobra e o esporte

O esporte é um tema recorrente na obra do muralista. Em 2013, ele pintou “A Arte do Gol”, retratando o antológico gol de Falcão na Copa do Mundo de 82. Em 2010, fez na Praça do Patriarca, em São Paulo, a obra “Futebol e África”, em 3D; e no Largo da Carioca, no Rio de Janeiro, um estádio de futebol, também em 3D. Em novembro de 2015, Kobra inaugurou na rua da Consolação, em São Paulo, o impressionante mural “A Lenda do Brasil”, de 41 metros por 17,5 metros. Ayrton Senna, retratado na obra, é uma das grandes referências da vida de Kobra, que já fez cerca de dez obras sobre o notável piloto brasileiro, falecido em 1994.

Recentemente, Kobra fez um mural mesclando Neymar com o super-herói Batman. A obra, que está na parede da casa de férias do jogador, na Baixada Santista, foi encomendada de surpresa pela mãe de Neymar, Nadine Duarte. “Ela sugeriu que o tema fosse o Batman, o herói preferido do filho”, conta Kobra, que acrescenta: “após o convite, pude conhecer melhor a vida e a história de Neymar. E o que mais me impactou foi conhecer o Instituto Neymar, que apoia a tantas crianças. No mundo de hoje, com tantos problemas sociais, cada um que faz a sua parte ajudando outras pessoas, é também um super-herói. Daí veio a minha ideia de mesclar os dois ‘personagens, buscando inspirar a atitude nas pessoas, em especial os milhões de seguidores do jogador”.

Em março de 2017, Eduardo Kobra fará em São Paulo um mural do ex-jogador e técnico holandês Johan Cruyff. O anúncio foi feito no dia 19 de maio, em São Paulo, por Joelke Offringa, presidente do Instituto Plataforma Brasil, durante uma homenagem a Cruyff, falecido em março deste ano. O evento aconteceu no Projeto Social da Fundação Johan Cruyff, com a presença do prefeito de Amsterdã, Eberhard van der Laan, em Ermelino Matarazzo, na Zona Leste de São Paulo. O convite, já aceito por Kobra, veio oficialmente da cidade de Amsterdã. “É uma honra fazer referência a esse notável jogador e técnico, que revolucionou a história do futebol e também se mostrou um verdadeiro craque fora dos gramados, ao ajudar cerca de duas mil crianças em 200 países, através de sua fundação”, diz Eduardo Kobra.

O muralista vê uma similaridade entre a obra que fará sobre Cruyff e o mural “A Arte do Gol”, realizado em 2013 na av. Hélio Pellegrino, em São Paulo, sobre o antológico gol de Falcão na Copa do Mundo de 82 contra na derrota brasileira por 3 a 2 para a Seleção Italiana. “Sem querer comparar a importância e o estilo de cada um dos jogadores, existe a similaridade evidente: nenhum dos dois chegou ao título mais cobiçado do futebol, que é o Mundial de Seleções, mas ambos encantaram o mundo. E é preciso sempre lembrar que não é preciso ser campeão em tudo para deixar arte e inspiração para todos”.

Kobra pintou o Rio de Janeiro em Tóquio

Eduardo Kobra entregou no dia 22 de junho de 2016 em Tóquio, capital do Japão, três obras que têm o Rio de Janeiro como tema central. A primeira e mais importante é o imenso mural “Rio”, de 54,4m por 10,6m na região de Minamikebukuro-Toshima. O trabalho traz uma releitura de ícones da cidade do Rio e impressiona por suas cores, beleza e dimensão. “Apesar de todos os sérios e graves problemas vividos pelo Rio, permaneço apaixonado pela cidade e achei que era um bom momento para mostrá-la em meus trabalhos”, diz.

O brasileiro, acompanhado por artistas de sua equipe, fez ainda, no alto de um prédio, um 3D mostrando cenas do Rio de Janeiro, para as pessoas interagirem. “É uma obra mais voltada para entretenimento, com o objetivo de trazer diversão. As pessoas podem interagir com o cenário do Rio, repleta de elementos tão presentes, como uma prancha de surfe, o Pão de Açúcar, uma ave brasileira, a praia, a calçada e a onda”.

De acordo com Kobra, a pintura no muro da embaixada surgiu de última hora, a convite da própria embaixada. “Após um breve, mas cuidadoso estudo, resolvemos fazer a Bossa Nova, representada pelos cariocas Vinicius de Moraes e Tom Jobim. Além disso, o mural é também uma referência aos Jogos Olímpicos do Rio, já que Vinícius e Tom são os nomes dos mascotes da Olimpíada”, conta, acrescentando que é impressionante ver como tantos japoneses ainda hoje apreciam a Bossa Nova e têm até coleções dos discos dos músicos brasileiros, como Tom, Vinícius e, João Gilberto.

Kobra viajou para Tóquio poucos dias após o nascimento de seu primeiro filho, Pedro. O menino nasceu no dia 29 de maio, em São Paulo, e no dia 4 de junho o muralista embarcou para o Japão.

No início de maio, Kobra fez em Chicago, nos EUA, um belo e inspirado mural sobre o “Pai do Chicago Blues”, Muddy Waters, cujo centenário foi celebrado em 2015. O mural “Muddy Waters”, também considerado um dos grandes guitarristas da história, com 20m de largura por 40m de altura, fica em uma área nobre, na 17 N State Street, próximo a dois ícones da cidade: o Chicago Theatre e a Harold Washington Library Center. “Muddy Waters” foi o segundo trabalho internacional do muralista brasileiro em 2016. Em fevereiro e março, em uma área nobre de Dubai, nos Emirados Árabes, fez o mural A Lenda do Cavalo Árabe, de 17mX5m.

Veja algumas das obras de

Kobra no Brasil e no Exterior
Exterior:

1 - O Beijo, na High Line, em Nova York, EUA

2 - Arthur Rubinstein, em Lodz, na Polônia

3 - Artistas, em Wynwood, Miami, Flórida, EUA

4 - A Bailarina (Maya Plisetskaya), em Moscou, Rússia

5 - Malala, em Roma, Itália

6 - Olhar a Paz, em Los Angeles, Califórnia, EUA

7 - Sarasota Antiga, em Sarasota, Flóriada, EUA

8 - Abraham Lincoln, em Lexington, Kentucky, EUA

9 – Fight for Street Art (releitura da cena clássica de Andy Warhol e Jean Michael Basquiat), em Williamsburg, Brooklyn, EUA

10 – Alfred Nobel, na cidade de Boras, Suécia

11 – MariArte, em San Miguel de Allende, México

12 – Ritmos do Brasil, em Tóquio, Japão

13 – O Beduíno, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos

14 – Mural ainda sem nome, Papeete, Taiti

15 - Bob Dylan, The Times They Are a-Changin. Minneapolis, Minnesota, EUA

16 – Hamlet, West Palm Beach, Florida, EUA

17 – Einstein vai à Praia, West Palm Beach, Flórida, EUA

18 – Give Peace a Chance, Wynwood, Miami, Flórida, EUA

19 – Stop Wars, Wynwood, Miami, Flórida, EUA

20 – The Fallen Angel (O Anjo Caído), Wynwood, Miami, Flórida, EUA

21 – Muddy Waters, Chicago, Illinois, EUA.

22 – Rio, Tóquio, Japão

23 – Armstrong (nome não definitivo), Cincinnati, Ohio, EUA

24 – Dante Alighieri, Ravenna, Itália

25 – Let me be myself, Amsterdã, Holanda

26 - Ziggy Stardust (sobre David Bowie), Jersey City, New Jersey, EUA.

27 – Sonho de um Menino, Dubai, Emirados Árabes Unidos.

28 – Mandela (ainda sem nome definitivo), em Blantyre, Malawi

29 – Desmond Tutu (ainda sem nome definitivo), em Blantyre, Malawi

28 – Dalí, em Múrcia, Espanha

Brasil

1 – Oscar Niemeyer, Praça Oswaldo Cruz, av. Paulista, em São Paulo, São Paulo

2 - A Arte do Gol (projeto Muro das Memórias), av. Hélio Pellegrino com av. Santo Amaro, em São Paulo, São Paulo

3 - Belém Antigo, esquina da rua Castilhos França com a rua Portugal, em Belém, Pará

4 - Candango, no Complexo Bancário, em Brasília.

5 - Chico e Ariano, na avenida Pedroso de Morais, Pinheiros, em São Paulo, São Paulo.

6 - Novos Ventos, nos tanques da Linde Gases, na rodovia Cônego Domênico Rangoni, no trecho do sistema Anchieta-Imigrantes, que liga Cubatão a Guarujá, São Paulo.

7 - Mural da 23 de Maio (projeto Muro das Memórias), av. 23 de Maio (próximo ao viaduto Tutóia), em São Paulo, São Paulo.

8 - Murais do Parque do Ibirapuera, ao lado do MAM, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, São Paulo.

9 - Pensador, Senac Tatuapé, em São Paulo, São Paulo.

10 – Muro das Memórias Caixa d’água, Senac Santo Amaro, em São Paulo, São Paulo.

11 – AltaMira (projeto Greenpincel), rua Maria Antônia, São Paulo, São Paulo.

12 - Muro das Memórias, Senac Tiradentes, em São Paulo, São Paulo.

13 – Gonzagão, Recife, Pernambuco.

14 - Viver, Reviver e Ousar, Igreja do Calvário, em Pinheiros, São Paulo, São Paulo.

15 - Brasil!, muro da usina termelétrica de Macaé, Rio de Janeiro.

16 – Sem Rodeio (Projeto Greenpincel), av. Faria Lima, em São Paulo, São Paulo.

17 – Muro das Memórias Senac Tiradentes, av. Tiradentes, em São Paulo, São Paulo.

18 – Racionais MC’s, Capão Redondo, São Paulo, São Paulo


19 – Genial é Andar de Bike, Oscar Freire, São Paulo, São Paulo

20 – A Lenda do Brasil, rua da Consolação, São Paulo

21 – Etnias – Todos Somos Um, Boulevard Olímpico, Porto Maravilha, Rio de Janeiro, RJ

22 – Sobre Bike e mobilidade (nome ainda indefinido), rua Tavares Cabral, 62, Pinheiros, São Paulo, São Paulo.

23 – Maior Mural do Mundo (nome ainda indefinido), km 35 da rodovia Castelo Branco, em Itapevi, São Paulo.

Final de 2015

Em novembro e dezembro do ano passado, Kobra em apenas 23 dias produziu seis murais, em três cidades diferentes dos Estados Unidos. Kobra participou, com três murais, pela quarta vez do Art Basel, grande festival de arte urbana em Wynwood, Miami. Fez o “O anjo caído”, referência aos problemas do planeta, como guerras, terrorismo e agressões ao clima, inspirado na escultura o “Anjo da Dor” que está em um cemitério em Roma (“Cimitero acattolico”); o mural “Dê uma chance à paz”, inspirado na clássica cena de John Lennon e Yoko Ono; e “Stop Wars”, com o personagem Yoda, de “Guerra nas Estrelas”. Além disso, Kobra restaurou seu próprio mural “Artistas”, feito em 2014, sobre Salvador Dali, Basquiat (grafiteiro), Frida Kahlo e Andy Warhol – que está na sequência das novas obras. Ao total, o quarteirão de Eduardo Kobra tem cerca de 80 metros de comprimento por cinco de altura. Os muros dos novos trabalhos pertencem ao famoso grafiteiro Brainwash, que gerencia a carreira de Kobra no Exterior. Brainwash cedeu o espaço para Kobra mostrar sua arte.

“Eu tinha pensado em outras pinturas, antes de sair do Brasil. Mas em meio à viagem aconteceram no mundo fatos terríveis e catastróficos, como os Atentados em Paris e a Tragédia de Mariana. Tive de mudar radicalmente o que estava planejado”, diz. E acrescenta: “Entre todas as obras, acho que esse anjo caído representa muito tudo isso o que está acontecendo. Precisamos proteger mais o nosso planeta e falar sobre o tema da destruição do meio ambiente”.

Antes de Miami, Kobra e equipe fizeram o mural “Hamlet”, com 7 metros de largura por 6 metros de altura, na fachada do Dramaworks Theater, ao lado da porta principal de entrada, no cruzamento da N Narcissus Avenue com a N Clematis ST, principal avenida de West Palm Beach, na Florida.

Ele iniciou o mural no dia 14 de novembro e trabalhou diariamente das 7h às 19h para a conclusão do trabalho e também de duas outras intervenções. É que Kobra e equipe fizeram simultaneamente uma obra em 3D, em sua quarta participação no Chalk Festival, em Sarasota, Florida; e um outro mural, também na avenida Clematis (o trabalho desenvolvido na lateral baixa de um prédio, com 3,65 metros de altura por 12 de comprimento, pertence à série “Muro das Memórias” e mostra um dos personagens mais recorrentes na obra do artista: o cientista Albert Einstein em um momento de descontração na praia, em Nassau Point, Long Island, Nova York, no verão de 39). Sobre o Chalk Festival, o tema deste ano foi “Eat, Drink and Be Merry”. De acordo com Kobra, a pintura “Sopa de Letrinhas”, com 10X5 metros, foi inspirada na obra poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade. “Tive a ideia após reler um poema ‘Sentimental’, de Drummond”, revela o muralista

Além das obras já citadas, Kobra fez intervenções em outros países, como os murais “O Beijo”, na High Line, em Nova York, EUA; “A Bailarina” (Maya Plisetskaya), em Moscou, Rússia; “Arthur Rubinstein”, em Lodz, na Polônia; “Olhar a Paz”, em Los Angeles, Califórnia, EUA; “Fight for Street Art (releitura da cena clássica de Andy Warhol e Jean Michael Basquiat), em Williamsburg, Brooklyn, EUA; “Alfred Nobel”, na cidade de Boras, Suécia; “Ritmos do Brasil”, em Tóquio, Japão; e “Bob Dylan - The Times They Are a-Changin”, em Minneapolis, Minnesota, nos EUA. Também fez obras no México, Taiti, Grécia, França, Itália e Inglaterra.

Mural ‘A Lenda do Brasil’ foi inaugurado em novembro de 2015

Kobra, inaugurou no dia 10 de novembro de 2015, na região da Avenida Paulista, em São Paulo, um imenso mural de Ayrton Senna. O artista trabalhou, com sua equipe de artistas, diariamente durante cerca de um mês no local, das 8h às 19h, para que a obra estivesse pronta até dias antes do Grande Prêmio de Fórmula-1 de Interlagos (que aconteceu dia 15 de novembro). O mural “A Lenda do Brasil”, de 41 metros por 17,5 metros, fica na lateral inteira de um prédio na rua da Consolação, 2608 (esquina com a av. Paulista, em frente à Praça José Molina). Mostra, com cores vivas, o piloto de capacete e olhar expressivo. Para o trabalho, foram utilizados dois mil litros de tinta e 500 latas de spray. Senna é uma das grandes referências da vida de Eduardo Kobra. “Tinha há muitos anos o sonho de fazer um grande mural sobre esse exemplo de talento, determinação e superação”, afirma Kobra, que já pintou diversos murais sobre o tricampeão mundial de Fórmula 1 (nascido em 21 de março de 1960, em São Paulo, e que faleceu, ao bater violentamente nos muros da curva Tamburello, no GP de São Marino, em Imola, Itália, no dia 1º. de maio de 1994).

“É certamente a pessoa que mais pintei em minha vida. Foram cerca de dez murais de pequeno e médio porte, além de uma tela. Embora eu não seja muito ligado aos esportes, Senna sempre foi um dos meus grandes ídolos. É para mim uma honra realizar agora um imenso mural em São Paulo sobre esse notável paulistano e brasileiro”, diz Kobra, que acrescenta: “Senna transformou o ato de dirigir carros de corrida em, além de um esporte, uma verdadeira arte, que encantava a todos. Esta minha arte é uma homenagem e também um agradecimento. Representa ainda, nesse momento tão difícil, uma inspiração para o povo brasileiro de que é sim possível acreditar que este pode ser um País vencedor”.

Antes de fazer o mural, Kobra procurou pelo Instituto Ayrton Senna, que aprovou e apoiou o projeto. Para a viabilização do mural, Eduardo Kobra contou com o patrocínio da Audi do Brasil, empresa que tem uma ligação histórica com o tricampeão mundial. “Sem esse apoio não seria possível realizar esse sonho”, afirma.

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