
A Hemofilia é um distúrbio de coagulação sanguínea geneticamente determinada, sendo três tipos mais frequentes dessas coagulopatias: a hemofilia tipo A, B e a doença de Von Willebrand, embora as outras deficiências de coagulação hereditárias menos frequentes possam, às vezes, apresentar quadro hemorrágico severo.

Historicamente, a mortalidade dos portadores de hemofilia e outros distúrbios congênitos de coagulação eram devidos à hemorragia incontrolada associada à severa deficiência de fatores de coagulação VII e IX.
Sem a intervenção médica através da reposição dos fatores de coagulação e o acompanhamento fisioterapêutico preventivo, com a finalidade de se evitar incapacidade funcional e proporcionar melhor qualidade de vida para esses indivíduos, torna-se muito difícil evitar as complicações músculoesqueléticas dessa patologia que inclui limitações de movimentos articulares, hemartrose, hemorragias tissulares, aderências articulares fibróticas, alterações de marcha, assimetria de forças musculares, contraturas e artrite hemofílica, alterando a vida dos indivíduos hemofílicos. As hemartroses agudas são os tipos mais frequentes de derrame no paciente com hemofilia.
O cuidado com o paciente hemofílico envolve uma equipe conduzida pelo médico hematologista, mas também inclui a atuação de um ortopedista e um fisioterapeuta, pois ótimos resultados têm sido obtidos pela combinação do fator de reposição, repouso e reabilitação supervisionada associada à crioterapia.
O tratamento precoce é necessário para evitar as complicações da doença. O progresso contínuo do prejuízo articular depois das hemartroses, potencialmente levam a sinovites crônicas, artropatia destrutiva e geralmente à dor. Raramente realiza-se, ainda na atualidade, procedimento cirúrgico para o tratamento das artropatias hemofílicas severas, mesmo os de baixo risco como a artroscopia.
O tratamento conservador com base na reposição de fatores de coagulação é o mais utilizado, apesar de não representar a cura para o indivíduo hemofílico, possibilita o controle de episódios hemorrágicos.
A fisioterapia estabelece um plano de tratamento adequado, sendo necessário uma consulta que inclua entrevista, avaliação física e exames de provas funcionais. Na entrevista serão coletados dados a respeito do paciente, dos seus hábitos de vida. A partir da avaliação inicial define-se um plano de reabilitação individualizado, considerando a fase do processo hemorrágico, a intensidade da hemorragia, a dor, a idade do indivíduo e o grau de lesão.
A terapia proposta preventiva segue um programa incluindo cinesioterapia progressiva, incentivo à prática de atividade física com baixo impacto e orientação quanto aos cuidados necessários para evitar as hemorragias. O fisioterapeuta deve esclarecer aos familiares a respeito desta patologia a fim de que possam contribuir de maneira correta no tratamento e evitem comportamentos superprotetores.
Os pacientes que se submetem ao tratamento fisioterapêutico adequado precoce evoluem satisfatoriamente, com controle do derrame intra-articular, alívio da dor, manutenção da capacidade funcional das articulações, prevenindo assim deformidades articulares, porque através de seus recursos proporciona uma recuperação acelerada e eficaz.
