
A assessoria jurídica da FAMASUL entrou com uma representação criminal, na delegacia da Polícia Civil, acusando proprietários, sócios e gerentes atuais e antigos do Frigorífico Centro Oeste que suspendeu os abates e deu um prejuízo de R$ 12 milhões nos pecuaristas fornecedores.

Sebastião Silva dos Santos, Mário Antonio Guizlini, Anastácio Candia Filho, José Luiz da Rocha, Alberto Pedro da Silva e Alberto Pedro da Silva Filho são acusados de: estelionato, crime contra a paz pública (formação de quadrilha ou bando) e falsidade ideológica.
Segundo o assessor jurídico da entidade, Gervásio de Oliveira Júnior, a pena máxima para os três crimes somam 13 anos de reclusão. Algumas das provas das acusações foram obtidas durante a reunião que ocorreu com os produtores rurais no dia 11 de setembro. “Conversando com os produtores lesados pudemos saber quem negociava e os responsáveis pelas assinaturas dos cheques”, explicou o advogado.
Na ação, foram identificados 171 cheques da empresa frigorífica, sustados na mesma instituição financeira pelo motivo de desacordo comercial. “Hoje, a maioria das vezes que o pecuarista vende seu rebanho, ele entrega o produto e depois de 30 dias o frigorífico paga. O pagamento raramente é antecipado ou mesmo à vista. Estranha-me o fato de um único banco, acostumado com este acordo comercial, ter sustado esse volume de cheques ‘porque o produto não foi entregue’ e não ter suspeitado de nada”, comentou o advogado.
Oliveira Júnior explica ainda que a Federação tem interesse em garantir uma punição para esse tipo de golpe para que situações como essa, que não ocorriam no Estado há mais de 7 anos, possam ser evitadas futuramente.
O diretor da FAMASUL, Dácio Queiroz, e o superintendente da entidade, Marcelo Amaral, acompanharam o assessor jurídico que protocolizou a ação na delegacia da Polícia Civil, com a delegada e coordenadora do departamento de Polícia Especializada Sidnéia Tobias e com o diretor Marcos Betoni.
”Há diversas situações como essas, de frigoríficos que usam laranjas para dar golpes, mas esses casos não vieram à tona ainda. Se não forem tomadas atitudes severas, os produtores e também o Estado podem perder muito com isso”, afirma a delegada que garantiu que a ação vai ser despachada no prazo máximo de dois dias.
Na Jucems (Junta Comercial de Mato Grosso do Sul), constam como proprietários Manoel Marques da Silva e Sebastião Silva dos Santos. Contudo, segundo informações da Famasul, as operações eram feitas por Mário Antônio Gisilim. Os verdadeiros donos, segundo Gervásio, moram em São José do Rio Preto, no interior paulista. Eles já teriam dado outros golpes no interior de São Paulo.
No Campo Oeste, as ligações não são atendidas e não há como estabelecer contato com algum responsável pela unidade. Há duas semanas, revoltados, funcionários chegaram a arrombar o portão e desarmar um segurança, mas quando alcançaram o pátio se deram conta de que não haveria ninguém para receber as reivindicações. Agora eles ingressam com ações através do sindicato laboral para liberar o seguro-desemprego e o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).
Gervásio afirma que a partir da ação criminal, identificados os verdadeiros donos do frigorífico, será ingressada uma ação para indenização dos produtores que têm crédito a receber. Somente um teria levado prejuízo de R$ 3 milhões em boi.
