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RELIGIÃO

Dom Dimas convoca católicos à fraternidade, ao diálogo e ao compromisso de amor

O arcebispo metropolitano lança nesta "Quarta-feira de Cinzas" a 5ª Campanha da Fraternidade Ecumênica, marcando o início da "Quaresma" deste ano

16 fevereiro 2021 - 20h30Da redação
O arcebispo metropolitano de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa.
O arcebispo metropolitano de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa. - (Foto: Divulgação)

Ao explicar a dinâmica da 5ª Campanha da Fraternidade Ecumênica, organizada pelo Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), que será lançada nesta quarta-feira (17/02), o arcebispo metropolitano de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, convocou os católicos à fraternidade, ao diálogo e ao compromisso de amor. Em vídeo postado na página oficial da Arquidiocese de Campo Grande no Facebook (confira abaixo), ele lembrou que, em 1964, ainda durante a realização do Concílio Ecumênico Vaticano 2º, a Igreja Católica no Brasil lançava a sua 1ª Campanha da Fraternidade e o objetivo era levar os católicos brasileiros a viverem de uma maneira mais concreta a própria “Quaresma”.

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“As primeiras campanhas eram voltadas para a renovação da própria Igreja Católica e, depois, uma série de temas eram voltados para a renovação do cristão. Na década de 70, começaram a ser abordados temas de relevância social, que, então, faziam com que a campanha adquirisse uma capilaridade porque apresentava assuntos de interesse das universidades, das escolas, das autoridades e dos diversos segmentos da sociedade. A partir do ano 2000, a cada cinco anos, começaram a ser feitas campanhas ecumênicas”, informou Dom Dimas.

O arcebispo completou que, em 1982, foi criado, em Porto Alegre (RS), o Conic, que hoje é composto pela Aliança de Batistas do Brasil, pela Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, pela Igreja Presbiteriana Unida, pela Igreja Siríaca Ortodoxa no Brasil e pela Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil. “O Conic nasceu com o objetivo de congregar as Igrejas que quisessem fazer parte no diálogo, em ações comuns, em uma aproximação de modo que elas pudessem se conhecer um pouco melhor e buscar a unidade tão desejada por Jesus, que a expressa na sua oração sacerdotal, capítulo 17, de São João: Que eles sejam um, como Eu e Tu somos ó Pai, para que o mundo creia que Tu me enviaste”, citou.

Dom Dimas reforçou que a unidade entre os cristãos é critério de credibilidade da própria mensagem evangélica e aqueles que estão fora, com razão, vão dizer: se vocês que se dizem discípulos de Jesus até hoje não chegaram a um consenso sobre o seu mestre, querem que eu seja cristão? Primeiro conversem entre vocês, busquem a unidade entre vocês e depois vamos conversar. “Então, o Conic faz parte desse movimento das várias igrejas cristãs na busca da unidade. A partir do ano 2000, a Campanha da Fraternidade passou a ser feita, a cada cinco anos, de maneira ecumênica e, quando isso acontece, o texto base não é feito pela CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil). Por isso, neste ano de 2021, o texto base da Campanha é de responsabilidade do Conic”, ressaltou.

Ele pontuou que é preciso esclarecer que há a possibilidade de algum trecho, eventualmente, provoque a discordância de alguma das igrejas integrantes da Conic, porém, isso não inviabiliza a campanha em seu todo, inclusive, os subsídios especificamente católicos, como é o caso da Via Sacra e das horas santas, a própria CNBB encarrega-se de prepará-los. “O tema da Campanha da Fraternidade deste ano ficou Fraternidade e Diálogo – Compromisso de Amor e o lema é Cristo é a Nossa Paz – Do Que era Dividido Fez uma Unidade, que é uma citação da Carta aos Efésios, Capítulo 2, Versículo 14 A. Vejam bem, trata-se de um tema profundamente católico, um tema profundamente evangélico, sei que tem surgido muitas críticas em torno da Campanha e isso por causa da citação das violências contra os LGBTs”, revelou.

O arcebispo completou que tem gente espalhando que se trata de uma campanha LGBT, mas isso não tem nada a ver, pois a violência contra os homossexuais é uma realidade no nosso País. “Temos muitas pessoas que são espancadas, torturadas e assassinadas pelo fato de serem homossexuais. Eu não preciso concordar com a ideologia de um movimento para criticar a violência contra aquele movimento, os nossos irmãos são imagem e semelhança do Criador, apesar das divergências que possam surgir entre nós. A Igreja Católica trabalha com todos os segmentos de pessoas, a Pastoral Carcerária, por exemplo, atende apenados, presos de todas as facções criminosas, isso não significa que os membros ou a metodologia seja uma forma de privilegiar, ou favorecer o crime organizado. Nós estamos olhando as pessoas, que nunca perdem a sua imagem como criaturas que são do Criador”, declarou.

O arcebispo metropolitano de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa.
Arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas.

Dom Dimas citou Santo Irineu, que dizia que podemos perder a semelhança, ou seja, deixarmos de ser parecidos com Jesus, mas a imagem do Criador todo o ser humano a traz independentemente de ser um assassino ou um grande criminoso e a Igreja deve lançar o Evangelho a todos. “Então, onde tiver violência, como a violência contra a mulher, por exemplo, temos de ter um trabalho concreto de superação. A violência contra a pessoa idosa, a Pastoral da Pessoa Idosa tem de estar lá, e, se existe violência contra homossexuais, nós temos de gritar e dizer não, pois isso não é cristão, isso não é evangélico”, falou.

Ainda segundo ele, outros falam que a Campanha da Fraternidade deste ano tem um viés crítico que pode ser associado a um determinado setor político. “Vejam bem, a Campanha da Fraternidade e o texto base trazem sempre linhas gerais, cada Diocese é livre para escolher o seu modo de operar e aonde vai aplicar as reflexões da Campanha. Então, nós vamos realizar na Arquidiocese de Campo Grande a Campanha da Fraternidade? Vamos, porque fraternidade, diálogo e compromisso de amor é um lema profundamente evangélico e nós queremos isso para nós. Cristo é nossa paz, do que era dividido fez uma unidade, é um preceito de São Paulo, ou melhor, uma reflexão de São Paulo, queremos isso para nós sim, pois faz parte da evangelização”, lembrou.

Dom Dimas disse ainda que os católicos devem procurar dialogar um pouco mais com as igrejas evangélicas que quiserem dialogar conosco. “Vamos procurar sim e de maneira preparada, de comum acordo entre nós e as igrejas que quiserem participar. Então, meus queridos, eu gostaria muito de pedir aos católicos que, em primeiro lugar, paremos com essa mania de ficarmos nos acusando uns aos outros, de acusar os bispos do Brasil, acusar a CNBB, muitas vezes sem saber, o que é que realmente está por trás do fato e nos deixando guiar por pessoas que, infelizmente, só fazem jogar cizânia em tudo aquilo que a CNBB faz”, aconselhou.

O arcebispo de Campo Grande finalizou dizendo que o Senhor abençoe ao bom povo brasileiro. “Queremos nesta Campanha da Fraternidade resgatar um pouco mais a última encíclica do Papa Francisco: Fratelli tutti, que significa Todos irmãos. Ela tem tudo a ver com o lema da campanha deste ano e, assim, juntos, decidindo cada paróquia, juntamente com o conselho de presbíteros, com a coordenação de pastoral e os vários setores de organização da nossa ação pastoral decidir os passos concretos que nós vamos estabelecendo ao longo desta Quaresma para que ela seja realmente um tempo de conversão”, conclamou.

Para encerrar, Dom Dimas pediu que Nossa Senhora abençoe a todos, de modo que os católicos busquem a unidade, em primeiro lugar, entre eles, que cessem essas divisões, essas agressões e esses ataques. “Que busquemos também a unidade com os irmãos evangélicos que quiserem conversar conosco e que estiverem dispostos a sentarem à mesa para orar juntos, para refletir juntos e para pedir ao nosso papai do céu que nos faça crescer na unidade. E que Deus abençoe as nossas famílias”, concluiu.

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