
Dezenas de milhares de policiais tailandeses foram destacados para trabalhar no domingo (2) e garantir a tranquilidade durante as eleições legislativas na Tailândia. Manifestantes contrários ao governo ameaçam ocupar os locais de votação para impedir a vitória do partido governista.
Para especialistas, as eleições de domingo têm poucas possibilidades de pôr fim às repetidas crises na frágil democracia tailandesa ou de acalmar os inimigos da primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, e do irmão Thaksin Shinawatra, antigo chefe do governo afastado em um golpe de Estado em 2006.
Os opositores, nas ruas há três meses, receiam que a eleição vá prolongar a permanência no poder da família Shinawatra, acusada de ter criado um sistema de corrupção generalizado. Uma nova vitória do partido governista Puea Thai é quase garantida, sobretudo porque o principal partido da oposição, o Partido Democrata (PD), não vence eleições legislativas há mais de 20 anos e boicotou a eleição.
"A Tailândia parece estar em um estado de perpétuo conflito e não vejo um fim no horizonte", disse Sunai Phasuk, da organização não governamental de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch.
Os manifestantes, que ocupam as principais ruas da capital tailandesa, Bangcoc, querem substituir o governo por um "conselho do povo" não eleito. Este conselho seria responsável pela supervisão de reformas contra a corrupção e a compra de votos, antes de novas eleições.
A oposição acusa também Yingluck Shinawatra de ser manipulada pelo irmão, que está no exílio para fugir de uma condenação à prisão por desfalque financeiro. Um projeto de lei de anistia, que teria permitido o regresso de Thaksin, foi rejeitado no final de outubro pelo Senado tailandês, mas revoltou os opositores. Com o boicote do Partido Democrata, 2.423 candidatos de 53 partidos concorrem nas eleições no domingo, após campanha eleitoral quase inexistente.
Apesar do estado de emergência em vigor em Bangcoc, o líder dos manifestantes, Suthep Thaugsuban, pediu à poupulação que impeça a realização da eleição. Na tentativa de impedir os protestos no domingo, 129 mil policiais serão destacados em todo o país para proteger as urnas e 93,5 mil locais de votação. A crise já fez mais de 90 mortos e 1.900 feridos. A Tailândia teve, desde 1932, 18 golpes de Estado.

