Em busca de uma reconciliação com o mercado, a presidenta Dilma Rousseff pretende fazer discursos em torno de três eixos, durante sua participação no Fórum Econômico Mundial. Ela já definiu os três pontos mais importantes de suas intervenções em Davos, diante da elite empresarial do planeta, com o objetivo de aplacar críticas de investidores estrangeiros. A defesa da política fiscal, do controle da inflação e do potencial de crescimento da economia brasileira - provavelmente nessa ordem - deverá dar o tom de seus pronunciamentos.
A própria Dilma quer se dedicar pessoalmente, neste fim de semana, à elaboração dos discursos. Além de uma sessão especial no fórum, a presidenta prepara-se para um encontro com altos executivos internacionais. No chamado "Business Interaction Group on Brazil", com capacidade para 70 participantes, mais de 90 executivos haviam solicitado inscrição até meados desta semana. Haverá espaço para perguntas a Dilma.
Mais importante do que o conteúdo da mensagem, a presidenta aposta no simbolismo de sua primeira ida a Davos para garantir uma trégua duradoura com o mercado. Desde os bem-sucedidos leilões de aeroportos e de rodovias, no último bimestre do ano passado, o Palácio do Planalto considera que conseguiu restabelecer um ambiente positivo com o empresariado nacional.
Dilma reconhece, no entanto, que ainda não conseguiu retomar uma agenda positiva com o setor financeiro - no País ou no exterior. Por isso, está convencida de que precisa abordar com clareza as principais dúvidas do mercado: a política fiscal e a resistência da inflação. Em defesa do superávit primário, pretende atribuir a queda no resultado dos últimos anos às desonerações para a indústria, lembrando que não se trata de um problema de arrecadação, e ressaltando que o Brasil é um dos países do G-20 com melhores indicadores. Quanto à inflação, a presidente deverá reiterar a autonomia do Banco Central para elevar a taxa de juros.
