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Opinião

Crise no senado

Não é nenhuma novidade o que estamos vendo acontecer no Senado Federal, de tempos em tempos nos habituamos de maneira rotineira a assistir a explosão de escândalos, envolvendo Senadores, exemplos não faltam, foi assim em casos anteriores com as renuncias de Senadores, apanhados em situação que exigiram deles a rápida decisão de optar entre essa alternativa ou enfrentamento de um longo processo de cassação eminente. Jader, Arruda, ACM e por último Renan, preferiram marca um x na confortável alternativa da renúncia de seus mandatos, medidas que historicamente bloquearam o prosseguimento de ações restauradoras (corretivas) na Casa.

Karl Marx já dizia que a “historia só se repete como farsa”, uma frase lapidar que serve de moldura para esse quadro de horror que vive o Senado, ilustrando a reedição dos mesmos problemas que já vimos no passado, fatos que decorrem de longa data, face ao comportamento letárgico, naturalmente assumido por parte de todos os Senadores ao aceitarem passivamente o pecado da glutonaria se alastrar e percorrer todos os labirintos da Casa, provocando o irreversível quadro de corrupção mórbida, postergando sempre de forma inconseqüente, qualquer iniciativa saneadora para os graves problemas ali existentes . Teimosamente, cometem o mesmo erro, fazem a opção de personalizar a crise, buscam a saída mais fácil , “demonizam “o seu Presidente.

Tenta-se desesperadamente arrumar um pai para esse filho feio. Sarney em sua defesa afirma que essa crise não pertence a ele e sim ao Senado como todo. Após rápida análise, concluímos que ali realmente há em maior ou menor grau espaços para culpas e para muitos pedidos de desculpas. Hoje a “culpa” é somente de Sarney, as “desculpas” servem para o Senador Efraim Morais do DEM-PB ex. Primeiro Secretário da Mesa Diretora, que nomeou 53 assessores para sua assessoria política na Paraiba seu estado natal, para Virgilio Guimarães, líder da oposição e do PSDB, que contratou como assessor o próprio professor de Jiu-Jitsu, que manteve uma família toda como seus assessores, sendo que um membro dessa família residia em Paris, e por falar em Paris, sua viagem de férias a essa elegante cidade foi custeada, via empréstimo contraído junto ao Diretor afastado do Senado Agaciel Maia (Virgilio não sabia que ele era corrupto? ) desculpas servem para o DEM (ex. PFL) que está no comando da Primeira Secretária do Senado há 12 (doze) anos consecutivos. Onde está há responsabilidade de Heráclito Forte, atual Primeiro Secretário da Mesa? Torna-se cada vez mais difícil não concordar com o saudoso ex. Senador Darcy Ribeiro relatando a sua experiência pessoal ao saborear os privilégios daquela Casa, quando afirmava que “ser Senador significa estar no paraíso, com a vantagem de não precisar morrer.

O Senado necessita mais do que uma mera substituição/ renúncia/ afastamento presidencial, mesmo que ela atenda a lógica do nosso modelo sul americano de democracia, onde face a nossa cultura presidencialista, para o bem ou para o mal , fracassos ou êxitos em qualquer organização ou instituição recaem sempre naquele que exerce função Presidencial , claro que Sarney não está acima de qualquer suspeita ou preservado de uma possível condenação , discorda-se apenas da sanha imediatista de apea-lo , reeditando mesmo rito e equívocos das deposições anteriores, saciando inicialmente a fúria investigativa , arrefecendo e perdendo suas forças ao longo do tempo , evitando ir aos finalmente, não esmiuçando a fundo os graves problemas estruturais, existentes nas entranhas do gigante paquidérmico.

Esse filme eu já vi. É bom lembrar que nesse cenário de crise, não há espaços apenas para arroubos “éticos” , é necessário considerar outros interesses que estão colocados no tabuleiro desse jogo de xadrez, no cabo de guerra da disputa eleitoral que se avizinha, vemos Senadores governistas e oposicionistas em permanente estado de conflagração , onde as oposições agora novamente reaglutinadas, tentam , derrotar Sarney, principalmente com as bênçãos do PT, visando atrair no afterday um PMDB vingativo e chamuscado, provocando assim o fim virtual da aliança PT-PMDB na eleição presidencial.

Temas como o número de servidores, hoje com cerca de 10.000, para atender 81 Senadores, o auxilio no tratamento de saúde, as passagens, as horas extras, nomeações, o funcionamento da gráfica, a perpetuação de Diretores, que exercem uma maior influencia do que a dos próprios Senadores no comando da máquina , onde claramente a criatura engoliu o criador , o excesso de Diretorias, contas do Senado fora do controle do Siafi , atos secretos, nepotismo, contratos terceirizados, etc. A despeito de todas essa desordem e muito além das paixões e conveniências partidárias, devemos como cidadãos e defensores da democracia, tratarmos de forma carinhosa esse grande instrumento político que é um patrimônio da Nação, construindo um projeto onde o corpo legislativo de nosso Pais possa funcionar de forma mais confiável e transparente; Se continuarmos apenas tapando buracos e sempre promovendo remendos, veremos com certeza, o surgimento de novas crises.

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  • (*) O autor é ex-vereador de Campo Grande.
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