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Mercado

Casas Bahia: união boa para consumidor

5 dezembro 2009 - 06h30
Acordo com Pão de Açúcar deve aumentar a barganha com a indústria e reduzir os preços na loja
Acordo com Pão de Açúcar deve aumentar a barganha com a indústria e reduzir os preços na loja - Reprodução

O Grupo Pão de Açúcar e as Casas Bahia fecharam ontem um acordo para criar a maior rede varejista de móveis e eletrodomésticos do País.

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A gigante varejista nasce com faturamento anual de R$ 18,5 bilhões, 1.015 lojas físicas, espalhadas por 337 municípios, 28 centros de distribuição e 62 mil funcionários. “As empresas terão condições de fazer promoções, graças ao maior poder de compra”, diz o coordenador de Marketing e Vendas da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Richard Vinic. Para ele, a estratégia de preço das Casas Bahia deve ser mantida, para que o público não perca a identificação com a marca.

Para as Casas Bahia, a fusão representa também a abertura de capital e a mudança da forma de gestão que pode até aumentar as exigências na hora de conceder crédito ao consumidor. “Aquela prática de uma empresa familiar agora vai ter de obedecer os padrões rígidos de uma empresa de capital aberto”, afirma o advogado especialista em fusões André Lemos Jorge, sócio da Lemos Jorge & Lima Assafim Associados.

O coordenador do Núcleo de Varejo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Ricardo Pastore, diz que apesar de ter sido a fórmula de sucesso das Casas Bahia, a flexibilidade na concessão de crédito teve seus custos. “A rede tem uma das maiores inadimplências justamente porque era muito flexível no crédito.” A carteira de crédito das Casas Bahia, que ficou de fora da negociação com o Pão de Açúcar chega a R$ 1 bilhão. Apesar de mais exigências, Lemos Jorge não acredita que faltará crédito. “Os bancos têm total interesse em ser parceiros desse conglomerado.”

Estilo

Já o diretor da consultoria de marcas Global Brands, José Roberto Martins, diz que as empresas não devem mudar a estratégia de conquista do consumidor. “A fusão vai trazer um choque de gestão na empresa, mas não deve mudar muito o estilo de comunicação dela com o cliente”, afirma.

De acordo com o presidente do Grupo Pão de Açúcar, Cláudio Galeazzi, a marca Extra Eletro deve deixar de existir. “A marca Extra Eletro poderá desaparecer, sim”, admitiu. Segundo ele, a tendência do grupo será trabalhar com duas marcas, para públicos diferenciados. O Ponto Frio deve atender as classes A e B, enquanto as Casas Bahia, as C e D. Galeazzi afirmou que o volume de vendas da nova empresa vai trazer vantagem nas negociações com fornecedores, o que deve resultar em preços melhores para o consumidor, mas reconheceu que, ainda assim, as lojas Ponto Frio vão comercializar produtos a preços mais altos que nas Casas Bahia.

O presidente do Conselho de Administração do Grupo Pão de Açúcar, Abílio Diniz, disse que procurou as Casas Bahia há dois meses para propor a fusão. Em junho, o grupo já havia adquirido o Ponto Frio e assumido a vice-liderança do varejo de móveis e eletrodomésticos. Com a sociedade, Diniz pretende ampliar a participação nas classes C, D e E. “Senti muita inveja quando vi nos jornais que as Casas Bahia tinham aberto loja na favela de Paraisópolis.”

Michael Klein, diretor executivo das Casas Bahia e presidente do Conselho de Administração da nova empresa, frisou que não se trata de venda, mas de uma nova sociedade. “O meu CNPJ continua das Casas Bahia”, brincou.

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