
Doce Deleite: uma série de esquetes expõe o palco e os bastidores do teatro - Divulgação
O autor da obra, Alcione Araújo, é quem melhor comenta a peça. Confira abaixo.
“No palco, um ator e uma atriz, jovens e reconhecidos, prometem revelar os mistérios desta caixa de ilusão que é o teatro. Mas, na verdade, luzes, cenários e figurinos apenas douram o mistério maior, que são eles próprios, atores e atrizes.
Escrevi esta peça justamente para homenagear esse tipo singular de artista, cuja criação dá vida, corpo, voz, feições e emoções a entes que não existem. No palco, atores, atrizes, cantores e bailarinos, aqui lindamente representados pela Camila e o Gianecchini, são, a um só tempo, criador e criatura com os nervos expostos ao público, num estremecimento intenso e efêmero. Esta é estranha arte que gasta a vida do artista no absurdo e generoso exercício de, sem deixar de ser o que é ser outro, ou outros.
Exposto e frágil, ele gagueja e vacila sua hora sobre o palco e, no final sente-se recompensado com um singelo aplauso. Seu trabalho merece a homenagem porque nos ajuda a entender o que somos e até quem somos. Será como se a gente tivesse invadido os camarins e devassado a privacidade da dupla, desvelando os truques da metamorfose, a preparação, as trocas de figurinos, maquiagens, adereços, apliques, até as conversas vadias nas coxias durante os intervalos. Mas você vai ver que conhecer os truques só aumenta o mistério da magia, que circula na trindade: gente, imitando gente para gente ver. O mistério do teatro está na gente.”
“No palco, um ator e uma atriz, jovens e reconhecidos, prometem revelar os mistérios desta caixa de ilusão que é o teatro. Mas, na verdade, luzes, cenários e figurinos apenas douram o mistério maior, que são eles próprios, atores e atrizes.
Escrevi esta peça justamente para homenagear esse tipo singular de artista, cuja criação dá vida, corpo, voz, feições e emoções a entes que não existem. No palco, atores, atrizes, cantores e bailarinos, aqui lindamente representados pela Camila e o Gianecchini, são, a um só tempo, criador e criatura com os nervos expostos ao público, num estremecimento intenso e efêmero. Esta é estranha arte que gasta a vida do artista no absurdo e generoso exercício de, sem deixar de ser o que é ser outro, ou outros.
Exposto e frágil, ele gagueja e vacila sua hora sobre o palco e, no final sente-se recompensado com um singelo aplauso. Seu trabalho merece a homenagem porque nos ajuda a entender o que somos e até quem somos. Será como se a gente tivesse invadido os camarins e devassado a privacidade da dupla, desvelando os truques da metamorfose, a preparação, as trocas de figurinos, maquiagens, adereços, apliques, até as conversas vadias nas coxias durante os intervalos. Mas você vai ver que conhecer os truques só aumenta o mistério da magia, que circula na trindade: gente, imitando gente para gente ver. O mistério do teatro está na gente.”
