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ECONOMIA

Taxas têm forte queda com apetite a risco no exterior e otimismo com reformas

O mercado gostou de ouvir o presidente Jair Bolsonaro dizer que "perpetuar benefícios é o caminho certo para o insucesso"

1 dezembro 2020 - 17h41
A sessão foi de forte volume, especialmente na ponta curta
A sessão foi de forte volume, especialmente na ponta curta - (Foto: Marcello Casal/Agência Brasil)
Comper

Os juros tombaram nesta terça-feira, 31, embalados pelo forte aumento do apetite pelo risco que impulsionou ativos de economias emergentes de forma generalizada e também por fatores internos. O mercado gostou de ouvir o presidente Jair Bolsonaro dizer que "perpetuar benefícios é o caminho certo para o insucesso" e, ao mesmo tempo, mostrou mais confiança no andamento da agenda de reformas. A decisão da Aneel, ontem à noite, de aplicar a bandeira vermelha 2 nas tarifas de energia já em dezembro provocou uma enxurrada de revisões em alta no IPCA para este ano, mas não impediu que a curva fechasse, até porque o mercado se protegeu tanto no mercado primário quanto no secundário de NTN-B. Não por acaso, o Tesouro conseguiu vender 8 milhões de NTN-B para 2023, num leilão histórico deste tipo de papel para um único vencimento.

A sessão foi de forte volume, especialmente na ponta curta. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 girou em torno de 750 mil contratos, ante média diária de 417 mil nos últimos 30 dias, fechando com taxa de 3,115%, de 3,315% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2023 encerrou com taxa de 4,76%, de 5,006% ontem, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 6,775% para 6,56%. A taxa do DI para janeiro de 2027 fechou em 7,36%, de 7,554%.

O dia já começou com dados positivos da China e alguns PMIs melhores do que o previsto no exterior, e o otimismo ganhou impulso após o presidente eleito dos Estados Unidos Joe Biden, exortar o Congresso a aprovar uma nova rodada de estímulos ficais. "Com esse clima externo mais favorável, dada a perspectiva de mais estímulos fiscais e avanço nas vacinas, o mercado acaba passando por cima de uma série de questões", disse o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi, quando perguntado sobre o bom desempenho das taxas mesmo com o anúncio da Aneel.

A decisão da Agência disparou revisões em alta para a inflação por várias casas, que já superam o centro da meta de 4% para este ano. "A interpretação é de que quiseram preservar a inflação no ano que vem dada a leitura de que o BC não vai subir o juro tão cedo. Foi um pecadilho, não um pecado mortal", afirmou Caramaschi.

De todo modo, o mercado buscou proteção nos papéis atrelados à inflação, principalmente NTN-B curtas como a de 15/5/2023 ofertada no leilão de hoje. O Tesouro colocou 8 milhões de títulos, o maior da história para um único vencimento de NTN-B, com giro de R$ 30,4 bilhões.

A ponta longa teve alívio não só com a melhora de humor externo, mas também na percepção de risco fiscal e político. O presidente da Comissão Mista da Reforma Tributária, senador Roberto Rocha (PSDB-MA), disse que o colegiado pode votar a reforma até o dia 10, enquanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou que o Congresso votará a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) no próximo dia 16. Pela manhã, o alívio da curva teve grande contribuição de declaração de Bolsonaro, na linha de defesa da austeridade fiscal. Sem citar diretamente o pagamento do auxílio emergencial, ele ressaltou que "alguns querem" perpetuar benefícios. "Ninguém vive dessa forma, é o caminho certo para insucesso", declarou.

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