
Fábrica da Land Rover, na Inglaterra - Oli Scarff / Getty Imagens
Os números só saem na sexta-feira (24), mas já é possível antecipar que o Brasil conseguiu manter em 2013 o seu nível de investimentos estrangeiros diretos ante os dois anos anteriores, permanecendo na lista dos dez países com maior fluxo de IED no mundo. E isso apesar do pessimismo – exagerado, para alguns – que parece reinar sobre a trajetória da economia, que convive com uma ameaça de rebaixamento de rating e o debate sobre a qualidade desses investimentos.
Segundo Luís Afonso Lima, diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e Globalização Econômica), o País deverá fechar o ano passado com US$ 63,5 bilhões em IED, após os 65,2 bilhões de dólares de 2012 e os US$ 66,6 bilhões de 2011. O valor acumulado entre janeiro e novembro últimos é de US$ 57,5 bilhões - projeções divulgadas pelo Banco Central apontam para US$ 63 bilhões no ano fechado.
“Não se trata de um pessimismo com o Brasil. E sim de um menor otimismo. Há um pano de fundo menos favorável, e não apenas para o País. Temos um menor fluxo global de investimentos diretos”, afirma Lima. Caso suas estimativas se confirmem, o IED estaria encaminhado a fechar mais de um ano acima do patamar de 2,5% do Produto Interno Bruto brasileiro.
O Brasil mantém-se desde 2011 com volume líquido de IED acima dos US$ 60 bilhões. O novo patamar, que marcou os maiores valores já registrados na série histórica iniciada em 1947, marcou um salto de 37% ante 2010, quando o resultado foi de US$ 48,5 bilhões. Até 1996, o valor não havia chegado a dois dígitos, tendo atingido, no máximo, US$ 4,4 bilhões.
O IED caracteriza-se por investimentos estrangeiros na criação, fusão ou aquisição de uma unidade produtiva nacional, e também por operações internas entre matrizes no exterior e suas subsidiárias e filiais.
A corretora Gradual Investimentos também destaca a manutenção do atual patamar, prevendo resultados similares tanto para o ano passado como para 2014. “Apesar de o Brasil incorrer em muitos problemas, a gente tende a melhorar. As últimas ações inspiram uma maior confiança em um país que tende a resolver seus problemas macroeconômicos”, avalia o seu economista-chefe, André Perfeito.
Ele se refere à decisão tomada pelo BC, na última semana, de elevar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 10,5% ao ano, após uma alta maior que a esperada da inflação em 2013. O movimento do BC ocorre, inclusive, no início de um ano em que serão feitas eleições presidenciais, o que, em tese, poderia segurar novas medidas, ainda mais com a economia em marcha lenta. “Acho que o governo está consciente de que tem de fazer ajustes”, observa Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real, responsável pela estabilização da economia, em 1994, depois de décadas de hiperinflação.
