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LOCKDOWN

Ruas ficam desertas em Araraquara (SP) nas primeiras 24h de 'lockdown total'

Bancos estão fechados, supermercados só atendem por delivery e blitze na cidade abordam os poucos carros em circulação para cobrar documento justificando por que as pessoas saíram de casa

22 fevereiro 2021 - 12h39
Ruas de Araraquara
Ruas de Araraquara - Foto: Prefeitura de Araraquara
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O "lockdown total" deixou as ruas desertas em Araraquara (SP) nesta segunda-feira, 22. Bancos estão fechados, supermercados só atendem por delivery e blitze na cidade abordam os poucos carros em circulação para cobrar documento justificando por que as pessoas saíram de casa.

As restrições mais rígidas, em vigor desde o meio-dia de domingo, 21, vão durar 60 horas e foram impostas pela prefeitura diante da escolada de casos de covid-19. Em Araraquara, 98% dos leitos hospitalares estão ocupados. Já a média de mortes pela doença ficou em 14,5 a cada 100 mil habitantes nas duas últimas semanas - o dobro do índice do Estado, de 7,2.

Nas primeiras 12 horas de "lockdown total", 195 veículos foram abordados em blitze da fiscalização. Dezenove pessoas foram autuadas e têm dez dias para justificar a saída de casa ou podem ser multadas. As multas previstas no decreto são de R$ 120 para pessoa física e de R$ 6 mil para empresas que descumprirem as regras.

Um número reduzido de carros era visto cruzando pelas ruas pela manhã e os poucos postos de gasolina abertos só podem abastecem veículos oficiais. A reportagem também encontrou três ciclistas pedalando em diferentes pontos, alguns moradores caminhando e uma jovem andando sem máscara. Sem o movimento, alarmes, sirenes e o som do trem pareciam soar mais altos do que o habitual.

No centro da cidade do interior paulista, o entregador Bruno Rodrigues, de 34 anos, e um colega aguardavam na frente de um mercado em que se inscreveram por aplicativo para fazer entregas, mas receberam a informação de que o quadro estava completo. "Os hospitais estão cheios. A medida foi necessária", comentou. Segundo relata, três pessoas conhecidas morreram de covid recentemente, todas de idades semelhantes a dele.

Motorista de aplicativo, Keith Andressa da Costa, de 31 anos, já havia feito seis corridas pela manhã e aguardava novos passageiros. "Fiz um texto reforçando que precisa de comprovante. Envio e a maioria já cancela", contou. Ela foi parada em blitze no domingo e na segunda.

Já o porteiro Matuzalem de Oliveira, de 50 anos, vai passar o dia com o pão que levou para o trabalho, pois delivery de restaurantes está suspenso. "Está morrendo muita gente. Então tem mesmo que fazer isso", disse.

De acordo com a farmacêutica Renata Camargo, de 37 anos, as entregas na farmácia dobraram com o lockdown. "Neste sábado, o movimento presencial foi maior do que em outros sábados", afirmou. "Fui parada hoje e não tive problemas. Pediram meu crachá e eu estava com uniforme."

Na Rodovia Antonio Machado Sant'anna, que liga a cidade a Ribeirão Preto, o trânsito é pequeno, com predominância de caminhões e algumas ambulâncias.

Em 2020, Araraquara chegou a ser reconhecida por ter a taxa mais baixa de letalidade do Estado entre os municípios com mais de 100 mil habitantes. Foram 92 mortes no ano passado. Só nos últimos sete dias, no entanto, a cidade registrou 24 óbitos. O Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP confirmou, ainda, 12 amostras da cepa brasileira da covid-19, inicialmente identificada em Manaus, no município paulista.

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