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Viviane Feitosa

MATERNIDADE & ESTILO DE VIDA

Resultado do meu isolamento social: excesso de carboidratos e uma quase diabetes gestacional

3 junho 2020 - 11h05Por Viviane Feitosa

No meio de abril, quando a quarentena estava ainda sendo levada a sério aqui em Campo Grande, eu fui diagnosticada com uma possível diabetes gestacional.

O resultado do isolamento + jantar todos os dias pratos nem sempre leves resultou em uma alta de açúcar no meu sangue, que poderia prejudicar e MUITO o bebê.

A resposta rápida da minha obstetra foi além de pedir que eu passasse a fazer a análise do índice glicêmico seis vezes ao dia, eu fosse a uma nutricionista.

Hoje já há medidores mais modernos que não precisam furar sua pele para a análise, mas eu escolhi aquele que mais me toma tempo e disciplina: o popular agulha na fitinha de teste.

O Accu-Chek me fez penar um pouco mas agora passado quase um mês e meio estamos nos dando bem, obrigada.

Na minha última consulta com a nutricionista e com a obstetra, recebi elogios das duas pois os exames mostravam que a diabetes estava descartada até aquele momento ( ufa!) maaas o que não significava que eu não poderia vir a desenvolvê-la.

Afinal, ainda faltam oito semanas até a data provável do parto.

Com disciplina, ingesta de alimentos com menos açúcar e eliminando o jantar, acredito que consigo passar ilesa dessa.

Mas o assunto me despertou curiosidade por entender que é uma doença que pode afetar muito mais ao bebê do que a mim. Assim, pedi uma indicação de endócrino pediatra ao Raphael, meu marido e que é nefrologista pediatra.

Ele sugeriu que eu conversasse com a Caroline Chaia, médica especialista e que me respondeu às perguntas abaixo:

V- Dra, o que uma grávida deve fazer após receber o diagnóstico de diabetes gestacional?

Dra Caroline Chaia - A primeira mudança que deve ocorrer é na dieta com cálculo de carboidrato, proteína e gordura adequado para cada paciente, além da melhora na qualidade do carboidrato, com preferência para os complexos de baixo índice glicêmicos, evitando um ganho excessivo de peso na gestação e com isso as possíveis complicações ao feto. Além disso, a atividade física também é muito importante, lembrando de ter liberação pelo obstetra para a prática. 

V - Fale um pouco sobre os sintomas e em qual semana é comum aparecer:

Os sintomas na diabetes gestacional são sutis e passam despercebidos, porém alguns fatores de risco devem ser observados, como:

- idade 35 anos ou mais
- sobrepeso, obesidade ou ganho de peso excessivo na gestação atual
- deposição central excessiva de gordura corporal
- história familiar de Diabetes Mellitus em parentes de 1o grau
- crescimento fetal excessivo, polidramnio, hipertensão ou pré eclâmpsia na gravidez atual
- antecedentes de abortamento, malformações, morte fetal ou neonatal, macrossomia ou DM Gestacional prévia
- síndrome de ovários policísticos 
- baixa estatura (<1,5m)
E realizada a glicemia de jejum no 1o trimestre e caso esteja dentro do esperado será repetida no 2o trimestre. Já entre 24-28semanas é indicado o teste oral de tolerância à glicose e dependendo dos valores deverá ser indicado o acompanhamento adequado para cada caso.

V - Quais as consequências  que a doença traz para a mãe e bebê? 
C- Para a mãe existe um maior risco de parto prematuro, cesárea, pre eclâmpsia. Já para criança macrossomia (bebê grande para idade gestacional), prematuridade, distocia de ombro, hipoglicemia e morte perinatal, além de maior risco de mal formações, sendo a mais comum cardíaca.
 
V - Uma gestação com diabetes gestacional implica o mesmo quadro nas próximas gestações?
 

C - Entra como um fator de risco, podendo ou não acontecer.

V - Qual família de alimentos deve estar presente em uma dieta de gestante com diabetes?

C - A dieta da gestante deve ser balanceada, com um valor calórico baseado no peso ideal pré gestacional e que deve ser incrementado no 3o trimestre, sem restrição de nenhum grupo.

V - Além do controle do índice glicêmico dos alimentos, qual outro método para evitar o aumento do nível de açúcar no sangue?

A dieta balanceada com melhora na qualidade dos carboidratos e gorduras, além de manter uma rotina com horários e porções adequadas são cuidados que facilitam nos cuidados durante a gestação, associando ao exercicio o resultado consegue ser satisfatório na maior parte das gestantes. Caso isso não ocorra, será necessária introdução de tratamento medicamentoso e um cuidado mais de perto pelo obstetra, associado a uma equipe multidisciplinar com endocrinologista, nutricionista e educador físico.

Fale com a dra Carol Chaia, endócrino pediatra AQUI

 

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