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POLÍTICA

“Vão ter que me engolir”, diz ex-senador Delcídio do Amaral em retorno à política

29 janeiro 2024 - 11h45 Por Carlos Guilherme

Preparado e com “fogo nos olhos”, o ex-senador de Mato Grosso do Sul e ex-ministro da Minas e Energia, Delcídio do Amaral (PRD), falou em entrevista ao Giro Estadual de Notícias desta segunda-feira (29), que está disposto a retornar na vida pública e para isso, usou a famosa frase do ex-técnico do Flamengo, Zagallo: “Vão ter que me engolir novamente”. O engenheiro eletricista fez uma breve retrospectiva após o resultado das urnas nas eleições 2022.

“A falta de recursos financeiros do PTB interrompeu nossa campanha, impactando negativamente todas as nossas candidaturas e resultando em um desempenho praticamente nulo do PTB em todo o país”, comenta. Ele explica que em 2023, todo o elenco se dedicou à fusão do PTB com o Patriota, originando o Partido Renovação Democrática (PRD), sigla do qual é presidente regional. “Agora, com melhores condições, estamos prontos para um trabalho mais consistente, apresentando nossos projetos e propostas durante este ano e nas próximas eleições”, detalha.

Delcídio do Amaral concedeu uma entrevista ao Giro Estadual de Notícias - (Foto: Rafael Rodrigues)

Delcídio afirma que além disso, dedicou tempo ao negócio familiar de pecuária em Corumbá. “Nesse processo, fiz uma pausa para reorganizar minha vida pessoal e profissional, honrando minha família e o povo do Mato Grosso do Sul. Agora, como diria o famoso Zagallo, estou pronto para retomar meu caminho na política e na vida pública”, confirma.

Quando questionado sobre os próximos passos nas eleições municipais, Delcídio, no entanto, afirmou que pretende reorganizar o PRD para depois pensar em uma possível candidatura em Corumbá, sua terra natal.

“Meu foco inicial será organizar o PRD, e só depois decidiremos como abordar as próximas eleições. Corumbá tem um potencial enorme para receber investimentos significativos nos próximos quatro a oito anos, especialmente em áreas como sustentabilidade e redução de carbono, aproveitando sua posição geopolítica única. Mesmo que eu não seja o candidato, o PRD apresentará alguém, pois queremos um futuro promissor para a cidade, liderado por pessoas com visão de longo prazo e comprometidas em melhorar a vida na região”, ressalta.

Quando questionado sobre os próximos passos nas eleições municipais, Delcídio, no entanto, afirmou que pretende reorganizar o PRD para depois pensar em uma possível candidatura em Corumbá, sua terra natal - (Foto: Rafael Rodrigues)

Sobre o trabalho de reestrutura o PRD em MS, Delcídio informa que cenário político irá se surpreender com a janela partidária, após a chegada do número de pessoas, incluindo vereadores, prefeitos, vice-prefeitos e até políticos no Congresso, que vão migrar para o PRD. “As estruturas políticas atuais são restritivas e não dão espaço para quem realmente deseja fazer política de forma diferente. Se você não faz parte do grupo dominante, fica de fora. Assim, com o surgimento de um novo partido que já tem uma ampla base de filiados, as pessoas estão vendo uma oportunidade de buscar novos projetos e idéias”, diz.

O ex-petista afirma que em um cenário de polarização política, onde quase existe um monopólio de um único partido e seus aliados, o PRD surge como uma esperança. “O partido se posiciona no centro, defendendo projetos focados no desenvolvimento econômico e social, na tecnologia, na geração de riqueza e emprego, além de sustentabilidade e políticas sociais. O objetivo é sair dessa polarização improdutiva que não beneficia o Brasil. Essa polarização não é exclusiva do Brasil; é um fenômeno global. Geralmente, quando a polarização atinge um certo nível, como estamos observando, ela acaba prejudicando ambos os lados”, lamenta.

O ex-petista afirma que em um cenário de polarização política, onde quase existe um monopólio de um único partido e seus aliados, o PRD surge como uma esperança - (Foto: Rafael Rodrigues)

Cenário nacional – Sobre o primeiro ano de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-senador falou que o Brasil se encontra “estacionado”, e comparou o atual Chefe do Executivo e o ex-presidente Bolsonaro, como irmãos siameses.

“O presidente Lula e o ex-presidente Bolsonaro parecem ter se tornado uma espécie de dupla inseparável, dependendo um do outro para se manterem relevantes. Essa dinâmica não é benéfica para o Brasil. Neste primeiro ano, em toda a honestidade, parece que estamos estagnados, sem avanços significativos. Como Cazuza da banda Barão Vermelho expressou, estamos vendo o futuro repetir o passado, sem apresentar nada de novo. Considerando a reforma tributária, por exemplo, quais serão as alíquotas aplicadas? Quais setores serão mais afetados pelo aumento da carga tributária, especialmente quando o projeto não contempla redução de despesas?”, questiona.

Ele reforça que a população brasileira precisa entender o impacto dessas mudanças. “É um projeto que parece focar apenas no aumento da receita, o que inevitavelmente resultará em alguns pagando mais que outros. E quanto às outras áreas de atuação? Não estamos vendo um projeto claro para o futuro do Brasil, um plano para daqui a 20 anos, algo que eu mesmo experimentei ao trabalhar em várias empresas, desenvolvendo projeções com cenários variados”, salienta.

Decisão judicial - O juiz Fábio Nunes de Martino, da 13ª Vara Federal de Curitiba, obedecendo a uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral, devolveu ação penal ajuizada pela “lava jato” contra Delcídio do Amaral para a Justiça Eleitoral do Mato Grosso do Sul.

Delcídio do Amaral foi denunciado pela “lava jato” por fraude na compra da refinaria de Pasadena, nos EUA Em decisão de 10 de dezembro, o juiz determinou o encaminhamento dos autos. Com isso, indeferiu as alegações finais apresentadas pelo Ministério Público Federal, apesar de já existir ordem de Corte Superior afastando a competência da Justiça Federal.

“Este caso já passou por todos os tribunais relevantes. De forma surpreendente, o TRE/MS recebeu o processo há vários meses e, rapidamente, concluiu que não havia evidências de crime eleitoral, algo bem distinto de um processo criminal por corrupção. Inesperadamente, consideraram enviá-lo de volta para Curitiba. Diante disso, convoquei meus advogados para recorrermos aos tribunais superiores”, explica.

Delcídio informa que o processo já havia sido classificado como eleitoral pelo TRF4, STJ e STF antes de chegar aqui. Contudo, a decisão de não retornar o caso para Curitiba para uma possível criminalização foi firme. “O juiz da 13ª Vara enfatizou que o caso era, de fato, eleitoral. Assim, o processo se encerrou, já que não havia mais fundamento para prosseguir com ele, após passar por todos os tribunais”, diz.

Sobre o primeiro ano de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-senador falou que o Brasil se encontra “estacionado”, e comparou o atual Chefe do Executivo e o ex-presidente Bolsonaro, como irmãos siameses - (Foto: Rafael Rodrigues)

O ex-senador reflete que enfrentou “resistências de mãos invisíveis” em alguns setores de Mato Grosso do Sul, que parecem temer o seu retorno à política.  “Eles sabem que eu represento algo diferente para o Sul-Mato-Grossense, tendo experiências globais. Se eu voltar, as coisas certamente serão diferentes e talvez reconquistemos o espaço que Mato Grosso do Sul já teve, que atualmente perde para estados como Mato Grosso e Goiás”, informa.

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