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ECONOMIA

Tarifaço dos EUA afeta a carne brasileira, mas presidente da Nelore destaca impacto limitado para MS

23 julho 2025 - 14h20 Por Da Redação

A pecuária de Mato Grosso do Sul, um dos principais polos de produção de carne bovina do Brasil, enfrenta uma onda de especulação causada pela alta das tarifas americanas sobre a carne brasileira. No entanto, o presidente da Associação Nelore/MS, Paulo Matos, garantiu ao Giro Estadual de Notícias nesta quarta-feira (23) que o impacto do tarifaço dos Estados Unidos sobre o mercado local é limitado. Em entrevista exclusiva, Matos detalhou os desafios da pecuária no estado, destacando a importância do mercado externo, especialmente o americano, e os riscos de um cenário de pânico gerado por agentes do setor.

Embora o mercado dos Estados Unidos seja um importante comprador da carne brasileira, Matos explica que o país representa uma fração da produção nacional. "O Brasil produz cerca de 10 milhões de toneladas de carne por ano. Desse total, 70% é consumido internamente, e 30% é exportado. Os Estados Unidos compram cerca de 8% dessa carne exportada, o que equivale a aproximadamente 2% da nossa produção total", detalhou Matos. Com isso, ele ressalta que, apesar da relevância, a dependência do mercado americano é limitada para o Brasil, e principalmente para Mato Grosso do Sul, que exporta uma parte significativa de sua produção.

O presidente da Associação Nelore-MS, Paulo Matos, fala sobre o impacto limitado do tarifaço dos EUA para a pecuária de MS 

No entanto, a alta de tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos ao Brasil gerou um alarde no setor. Matos relembra o momento em que surgiram os primeiros rumores, com alguns especulando uma crise iminente. "Quando surgiram essas tarifas, tomei medidas imediatas, incluindo uma comunicação à imprensa e a publicação de um artigo de esclarecimento. Como presidente da associação, temos a responsabilidade de proteger o produtor. Inicialmente, surgiu um pânico no mercado, com a ideia de que nossa economia, especialmente a pecuária, estaria à beira do caos", relatou.

Especulação de mercado e pressões sobre o produtor - Matos também destacou a especulação de frigoríficos, que, aproveitando a situação, pressionaram os produtores a vender a carne a preços mais baixos. "Logo depois da notícia, o preço da arroba caiu rapidamente, e vimos frigoríficos, inclusive os que não exportam, dizendo que iriam suspender os abates por causa da situação com o mercado americano. Isso, na verdade, tinha o objetivo de pressionar os produtores a vender a carne a preços mais baixos do que a realidade de mercado", explicou.

A mensagem da associação foi clara: "O impacto econômico não seria tão grande assim". Matos também mencionou que o Brasil possui uma base sólida de outros mercados consumidores e que, caso haja uma crise, a carne pode ser facilmente redirecionada para outros destinos. "O Brasil tem um número considerável de clientes que compram nossa carne, que, aliás, é a mais barata do mundo e de excelente qualidade", afirmou.

Paulo Matos, presidente da Associação Nelore-MS, fala sobre o impacto limitado do tarifaço dos EUA na pecuária de MS

Em relação ao consumidor americano, Matos acredita que o tarifaço pode prejudicar a própria economia dos Estados Unidos. "O preço da arroba nos Estados Unidos é de 120 dólares, enquanto no Brasil é de 52 dólares. Mesmo com esse aumento, nossa carne continua significativamente mais barata que a carne americana", explicou. Além disso, ele ressaltou que a tarifa pode afetar diretamente o preço da carne no mercado americano, tornando-a menos competitiva, o que, por sua vez, pode impactar as exportações brasileiras.

Paulo Matos também abordou o impacto das tarifas sobre a indústria da carne no Brasil, destacando que a questão ainda está no campo das expectativas e que, dada a dependência dos Estados Unidos pela carne bovina, os mercados devem se ajustar com o tempo. Ele fez um comparativo entre a situação atual do rebanho americano e a realidade da produção brasileira, que segue com altos padrões de qualidade e sanidade, fatores que mantêm a carne brasileira competitiva no mercado global.

"Os Estados Unidos, sob o governo de Trump, estão em uma guerra comercial e já implementaram tarifas em mais de 92 países. As tarifas aplicadas à carne brasileira afetarão, sim, o mercado americano, mas o impacto no Brasil será limitado", explicou Matos. No entanto, ele fez questão de alertar que, apesar dos desafios, a pecuária de Mato Grosso do Sul segue forte e qualificada. "O produtor de Mato Grosso do Sul tem feito um trabalho excepcional em termos de qualidade, sanidade, respeito ao meio ambiente e controle de produção, atendendo a todas as metodologias sanitárias exigidas", concluiu.

Carcaças de carne bovina penduradas em frigorífico em Mato Grosso do Sul, onde produção para exportação aos Estados Unidos foi suspensa após anúncio de tarifa de 50%.Ele enfatiza que a carne brasileira permanece competitiva no mercado internacional, e que o foco deve ser em manter a tranquilidade e a estratégia de longo prazo, sem ceder à especulação e pressões de mercado.

Os desafios internos e o papel do produtor - Paulo Matos também alertou sobre os desafios internos enfrentados pelo produtor de carne brasileira, especialmente no que diz respeito à pressão da indústria frigorífica e do varejo. Ele destacou que a pressão sobre os preços, por parte de grandes frigoríficos e varejistas, resulta em um cenário onde o produtor é o único que não tem controle sobre o preço de venda de sua carne. "O produtor de boi é o único que não tem controle sobre o preço do seu produto. Ele precisa ligar para o comprador para saber quanto ele está disposto a pagar", destacou.

Para Matos, é fundamental que os produtores mantenham a calma e analisem com cuidado as melhores oportunidades de venda, sem se deixar levar pelas pressões do mercado. "Estamos trabalhando para esclarecer os pontos e fortalecer o setor, para que possamos alcançar um equilíbrio nos preços e garantir que o produtor, ao vender seu produto de alta qualidade, o faça por um preço justo", finalizou.

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