A Santa Casa de Campo Grande vive uma realidade de emergência contínua. Apesar de ser o maior hospital de Mato Grosso do Sul e referência em atendimentos de alta complexidade, a instituição enfrenta uma rotina de superlotação, escassez de leitos e desequilíbrio financeiro. “A Santa Casa dificilmente sairá de um estado de emergência”, afirmou a presidente da instituição, Alir Terra, em entrevista ao Giro Estadual de Notícias desta quarta-feira (7).
A situação, que já dura anos, se agravou com o crescimento populacional e a falta de novos hospitais na cidade. Além disso, o fechamento de unidades como o Hospital da Criança aumentou ainda mais a pressão sobre o sistema. Segundo Alir, “Campo Grande enfrenta, sim, uma carência nesse aspecto. Isso ocorre porque há muitos anos não se constrói um novo hospital na cidade, e ainda houve o fechamento de unidades importantes”, argumenta.
Mesmo diante das dificuldades, a Santa Casa permanece de portas abertas, priorizando os casos mais graves. Todos os traumas e acidentes são encaminhados à unidade, que conta com plantões médicos 24h em todas as especialidades.
“Em situações de superlotação nos setores de urgência e emergência, é fundamental priorizar os pacientes em risco iminente de morte”, explicou Alir. Ela destacou que essas decisões são tomadas com responsabilidade pelas equipes médicas e visam garantir o melhor cuidado possível.
A presidente da Santa Casa de Campo Grande, Alir Terra - (Foto: Lorena Sone)
A presidente da Santa Casa pontua que o problema não se restringe ao hospital, mas reflete um colapso maior do sistema público de saúde. O SUS, segundo ela, sofre com subfinanciamento crônico e contratos desatualizados. “As tabelas de valores pagos pelo SUS foram elaboradas em 2007 e aprovadas em 2008. Estamos em 2025 e essas tabelas não acompanharam a inflação — muito menos a inflação médica”, afirmou.
Mesmo com o recente aporte de R$ 25 milhões repassados pelo governo estadual por meio de emendas parlamentares, a Santa Casa ainda opera em desequilíbrio. Os recursos foram destinados ao pagamento de dívidas com fornecedores e salários médicos atrasados, não promovendo uma reestruturação efetiva.
“A pergunta que permanece é: como continuar oferecendo um serviço de qualidade diante dessa realidade?”, questiona Alir. Ela observa que o hospital ainda atua com um contrato antigo, sem reajustes, enquanto os custos operacionais — como medicamentos e insumos — crescem mês a mês.
Um dos maiores desafios enfrentados pela gestão é a necessidade de cumprir obrigações legais, como o dissídio coletivo, sem contrapartidas no contrato com o SUS. “Somos legalmente obrigados a cumprir esse dissídio. Não é uma escolha; é lei”, explicou a presidente. Isso afeta diversas áreas, desde a enfermagem até o corpo clínico, ampliando o déficit financeiro.
Apenas os gastos com medicamentos ultrapassam, em média, R$ 3 milhões por mês. Ainda há custos elevados com órteses, próteses e equipamentos. “Mesmo com esse aporte, ainda não alcançamos o equilíbrio do contrato. Continuamos operando com defasagem”, afirma Alir.
Campanha ‘Juntos Pela Vida!’ busca mobilizar a população - Diante da situação, a Santa Casa lançou uma campanha solidária intitulada Juntos Pela Vida! com o objetivo de arrecadar fundos para concluir a reforma do pronto-socorro. Inicialmente, a obra estava sendo financiada com recursos próprios, como valores do estacionamento e convênios com universidades, mas os recursos precisaram ser realocados para compra de medicamentos durante um período crítico.
“Mesmo diante dessas dificuldades, a diretoria, por compromisso e amor à Santa Casa, decidiu colocar a vida do paciente em primeiro lugar”, declarou Alir. Ela explicou que todos os valores arrecadados são fiscalizados pelo Ministério Público da Saúde, com prestação de contas semanal.
A proposta é simples: se cada um dos 900 mil moradores de Campo Grande doar apenas R$ 2, será possível arrecadar os R$ 1,8 milhão necessários para finalizar a obra em até 90 dias. “Sabemos que o espaço atual não condiz com a dignidade que os usuários merecem — por isso, pedimos o apoio de todos”, concluiu.
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