Durante entrevista nesta quinta-feira (29) no Giro Estadual de Notícias, a psicóloga Mônica Pacheco abordou a gravidade do estresse pós-traumático em vítimas de violência doméstica, enfatizando a importância de identificar e tratar o transtorno para ajudar essas mulheres a se recuperarem. Pacheco explicou que o estresse pós-traumático se manifesta algum tempo após a vítima ter passado por uma situação traumática, e destacou os sinais específicos que caracterizam essa condição.
Pacheco detalhou como o estresse pós-traumático pode surgir meses ou até anos depois de um evento traumático, como violência doméstica. "Esse transtorno pode ser identificado quando, após algum tempo, a pessoa começa a reviver involuntariamente o trauma, ter memórias angustiantes e intrusivas, e apresentar manifestações físicas como ansiedade intensa, taquicardia e sudorese," explicou. Essas reações podem ser desencadeadas por situações cotidianas que remetem ao trauma original.
A psicóloga ressaltou a diferença entre estresse agudo, que ocorre logo após o evento traumático, e estresse pós-traumático, que pode se manifestar muito tempo depois. Ela sublinhou a importância de buscar ajuda especializada para tratar os sintomas, que podem se tornar incapacitantes se não forem abordados adequadamente. "Dependendo da gravidade da violência e do tempo de exposição, o tratamento pode durar de um a dois anos, ou até mesmo se estender por toda a vida," alertou.
A profissional também discutiu o impacto cultural da violência contra a mulher, descrevendo-a como um crime de misoginia. Ela destacou que muitas mulheres permanecem em relações abusivas devido a crenças culturais e responsabilidades familiares, como a preocupação com a manutenção do vínculo afetivo entre pai e filhos. A psicóloga apontou que essas mulheres frequentemente crescem em ambientes onde presenciam violência doméstica, o que pode perpetuar a ideia equivocada de que esse tipo de relacionamento é normal.
Pacheco enfatizou a necessidade de uma abordagem acolhedora ao tratar pacientes que sofreram violência. "Ao receber um paciente, o primeiro passo é oferecer acolhimento e entender as crenças que o mantêm na situação de violência," afirmou. Ela explicou que o foco do tratamento está em fortalecer os aspectos saudáveis da pessoa, ajudando-a a desenvolver recursos internos para sair da situação de abuso.
A importância de uma abordagem crítica - A psicóloga também destacou a necessidade de combater o machismo enraizado na sociedade, que muitas vezes é perpetuado tanto por homens quanto por mulheres. "Precisamos desenvolver uma capacidade crítica diariamente e mudar essa cultura. As mulheres precisam mudar suas mentalidades, e os homens devem reconhecer que têm a capacidade crítica para mudar," declarou.
Ela fez uma conexão importante entre o Agosto Lilás, mês de conscientização sobre a violência contra a mulher, e o Setembro Amarelo, que foca na prevenção do suicídio. Ela lembrou que muitas vítimas de violência passam por depressão e até ideação suicida antes de desenvolverem estresse pós-traumático. "Devemos entender que essa mulher não deseja morrer; ela apenas quer encontrar uma maneira de sair da situação em que se encontra," concluiu.
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