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VIOLÊNCIA

Primeiro semestre do ano é marcado por 'explosão' de feminicídios em MS

9 junho 2022 - 12h00 Por Rafael Pereira

Segundo dados do Mapa de Feminicídios no Mato Grosso do Sul, em 2021 cerca de 17 mil boletins de ocorrência por violência doméstica e ou familiar foram registrados. Desse total 94 casos se enquadram como tentativas e 34 como mortes por feminicídio, colocando o Estado em terceiro lugar com maior número de vítimas no ranking do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A última vítima desse tipo de crime foi registrada ontem (8) no município de Ponta Porã. A vítima, Joana Darc Martins da Silva, 40, foi espancada e morta a facada pelo próprio companheiro de 68 anos. Ela já havia registrado boletim de ocorrência contra o marido no ano de 2021.

Para falar um pouco mais sobre o panorama estadual do primeiro semestre de 2022 e as políticas públicas voltadas para a proteção da mulher, o programa Giro Estadual de Notícias desta quinta-feira (09) recebeu a ex-subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres e pré-candidata a deputada federal, Luciana Azambuja.

“Eu como advogada e especialista em direitos das mulheres, faço sempre uma leitura muito crítica desses casos de feminicídio e vejo que é muito importante a sociedade discutir a violência contra mulher e o quanto isso impacta na vida de crianças e adolescentes,” explica.

Somente nos seis primeiros meses de 2022, Mato Grosso do Sul já registrou 22 casos de feminicídios que em sua grande maioria são advindos de municípios do interior, os mais recentes ocorreram no dia 1° desse mês no município de Ribas do Rio Pardo.


Luciana Azambuja foi entrevistada no Giro Estadual de Notícias

“Eu não imagino o sofrimento da mulher na hora que ela vê que pode ser morta e tem um filho junto. Quando falamos de feminicídio, é importante que todas as pessoas se questionem também, porque não podemos admitir, banalizar ou naturalizar a violência contra mulher”, ressalta.

Órfãos do Feminicídio - Para além do sofrimento da vítima, quem continua a sofrer mesmo após o ato são as famílias, os amigos e principalmtente os filhos. A ex-subsecretária diz não conseguir imaginar outra forma de um homem impingir maior sofrimento a uma mulher do que torturar e ameaçar tirar a vida dela na frente de seus filhos.

Segundo estudos do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS) dos casos de feminicídios ocorridos no Estado 85% são cometidos por atuais ou ex-companheiros das vítimas e 59% delas foram praticadas dentro de seu próprio ambiente familiar.

Um exemplo desses traumas familiares foi visto no crime cometido no mês de maio no município de Terenos, cidade vizinha a Campo Grande, onde a vítima foi morta pelo ex-companheiro na frente de seus dois filhos (de 2 e 9 anos), que logo após a morte da mãe foram obrigados a dormir junto ao corpo ensanguentado.

Pensando em casos como esses, desde 2020 o Governo do Estado junto a Subsecretaria trabalha com o programa de atenção aos órfãos de feminicídios no Estado, que visa garantir os direitos primordiais para o bem estar e para a assistência social dos mesmos.

“Temos a Lei Maria da Penha ou a Lei do Feminicídio, que são políticas estruturantes para as mulheres, mas para crianças e adolescentes, ainda precisamos começar a pensar sobre [..] até porque com quem fica a criança? Onde estão essas crianças? O quanto a sociedade civil pode se engajar nisso?”

Segundo Luciana é evidente a importância de se pensar políticas públicas para a proteção da mulher, mas também se pensar em uma esfera mais abrangente que englobe também a sua família, porque não paramos para se atentar ao grau de impacto dessas situações na vida de crianças e adolescentes.

“A violência contra mulher e os feminicídios não são só uma questão de segurança, não são só uma questão de justiça. Eu acredito que sobretudo são uma questão de educação, cidadania e precisamos mudar o comportamento machista que viola, que subjuga, humilha e mata mulheres”, finaliza.

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