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HEPATITE MISTERIOSA

Pediatra esclarece que hepatite misteriosa não tem a ver com vacinas contra Covid-19

18 maio 2022 - 11h45 Por Gabriel Neri

A hepatite misteriosa tem registrado 429 casos em 32 países. Mato Grosso do Sul registrou até o momento três casos, sendo um dos nove Estados brasileiros com casos da doença até esta terça-feira (17). Para esclarecer algumas dúvidas da hepatite misteriosa, o Giro Estadual de Notícias recebeu nesta quarta-feira (18) a médica infectologista e pediatra, do sistema Hapvida, Silvia Fonseca.

Uma das suspeitas era que a nova hepatite tinha relação com as vacinas contra a covid-19. No Brasil, a cobertura vacinal da terceira dose já atingiu 90 milhões de pessoas. No entanto, a maioria dos casos registrados da nova doença são em crianças que não foram vacinadas por conta da idade. “No Reino Unido, que foram mais de 200 casos, 75% eram crianças com menos de cinco anos. Nos Estados Unidos, a média de idade é de dois anos, que são crianças que não foram vacinadas. Isso que estamos vendo não tem a ver com a vacina contra covid. Mas pode ter a ver com a infecção”.

A hepatite, conforme explica a pediatra, é “um nome genérico” para inflamação no fígado. O Programa Geral de Imunizações (PNI) prevê no calendário de vacinação para as crianças vacinas contra os dois tipos mais comuns de hepatite, tipo A e tipo B. Sobre o tipo misterioso que surgiu na Europa, a médica relatou que “algumas crianças começaram a apresentar olhos amarelos, dor abdominal, diarréia, vômito, fezes mais brancas. Esses são os sintomas clássicos de hepatite. Acontece hepatite na criança por vírus normais”.

Os casos de internações por hepatite causados pelo surto podem facilmente acontecer no Brasil, de acordo com a profissional de saúde. Algumas crianças tiveram de ser internadas em unidades de terapia intensiva (UTIs) e outras passaram por transplante do fígado. Em geral, as hepatites têm sintomas mais brandos, mas a que está causando o surto vem de forma mais grave.

Uma das suspeitas levantadas pela comunidade médica seria a relação do adenovírus 41 com o sars-cov-2 (vírus que causa a pandemia de coronavírus). “A gente vai ter que falar da pandemia, porque o que sabemos nos mais de 400 casos identificados em mais de 20 países é que se isolou o adenovírus 41, só que algumas estavam infectadas com sars-covid-2. Uma das hipóteses é que está se testando como começou a aparecer em muitas crianças ao mesmo tempo, isso é um surto”. 

Os pacientes registrados em Mato Grosso do Sul com a doença tem entre zero e 16 anos. Em todo o país, são 44 e a unidade federativa com mais registros é o Estado de São Paulo com 14, seguido por Minas Gerais com sete e o Rio de Janeiro com seis. Essa doença atinge em geral crianças e adolescentes até os 16 anos de vida.

Ela também esclareceu que o tratamento depende do tipo de hepatite. “Tem medicações específicas que podem tratar a hepatite crônica pelo vírus B, curativo pelo vírus C. Elas podem levar à cirrose e ao câncer de fígado. A hepatite A não tem o tratamento conhecido”. Em casos mais graves e avançados, o transplante é a única solução.

Mesmo ainda sem certezas sobre a nova hepatite, Silvia destaca a importância de vacinar especialmente as crianças. “Tem muita coisa que a gente pode prevenir gratuitamente. Com a pandemia, parou tudo e muitas famílias acabaram atrasando o calendário de vacina. Se ficar provado que covid tem uma participação, aí vai ser um bom novo argumento para vacinar contra a covid”. 

Ela conta que o Brasil tem o maior sistema de imunização do mundo e que quando morou fora do país, observou que se surpreendeu. “A gente está tão acostumado com vacina de graça, porque crescemos assim. Você vai a outros países, mesmo desenvolvidos, e a vacina não é de graça”. Silvia ainda afirmou: “Eu considero um abuso sabermos que tem vacina e não levarmos o filho para vacinar”.

Por fim, ela citou que os humanos não vivem sem o fígado e que não devemos acreditar em todos os conteúdos veiculados nas redes sociais e aplicativos de mensagem e sim na ciência.

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