Transtornos psicológicos são comuns no século XXI. O Brasil, para se ter uma ideia, tem 89% da população com algum transtorno seja causado pelo trabalho, escola, família ou outro item. Os números são da Virtude, plataforma online voltada à saúde mental. Em relação aos distúrbios de ansiedade, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem dados que indicam o país como o mais ansioso em quantidade no mundo, com cerca de 20 milhões. É como se multiplica-se por oito a população de Mato Grosso do Sul só com os que sofrem de crise de ansiedade.
Nesta terça-feira (19), a neuropsicóloga do Sistema Hapvida, Paula Clarissa Bispo cedeu entrevista ao Giro Estadual de Notícias para esclarecer motivos e citar que a ansiedade é normal. A situação anormal é quando acontecem crises sem motivos ou em situações comuns ao dia a dia como provas, apresentações, entre outros.
Paula esclarece que a ansiedade é um sentimento ligado à preocupação, ou seja, todos têm a ansiedade. “É importante a gente lembrar que a ansiedade é uma emoção natural. É um mecanismo de defesa do nosso corpo que nos prepara diante de uma situação que pode apresentar risco potencial”.
O transtorno de ansiedade que provoca danos na saúde mental das pessoas. O que pode causar aumento da frequência cardíaca, respiração rápida, sudorese e cansaço. Ficar muito ansioso sem motivo aparente é como se o corpo distorce a realidade, explica a psicóloga. “Numa crise de ansiedade existe uma elevação do índice de ansiedade em uma situação que não deveria apresentar perigo algum. Como se fosse um alarme falso. Uma distorção da nossa interpretação”.
A OMS considera a depressão como o ‘mal do século’ e ela tem ligação com ansiedade. Segundo estimativas da própria instituição, a doença atinge 10% da população mundial, ou seja, 800 milhões de pessoas. É como se quase quatro ‘Brasis’ fossem depressivos.
“Tanto ansiedade como depressão têm sintomas que são pertinentes somente a elas, mas também que se interseccionam. Existem sintomas comuns e hoje existe a depressão ou transtorno misto, ansioso depressivo que seriam a combinação desses dois sintomas”, informa Paula.
Muitas das pessoas que sofrem de ansiedade são estudantes. Na última semana, estudantes de Recife, Capital do Pernambuco, sofreram uma crise de ansiedade coletiva e tiveram de ser atendidos por serviços de saúde. O caso ocorreu na Escola Estadual Referência em Ensino Médio (Erem) e envolveu 26 alunos.
A psicóloga explicou que a preocupação individual se tornou coletiva e causou o surto. “Por todo o contexto do vestibular, eles começam a conversar sobre essa preocupação e aquilo que estava latente em alunos não preocupados aumenta. De fato, a ansiedade é psicológica, só que essa questão exacerbada faz com que o corpo reaja de forma significativa”.
Paula deu dicas aos responsáveis identificarem quando os filhos estão passando por alguma situação de transtorno. “Você consegue observar alterações nos ciclos sociais que as crianças e adolescentes estão inseridos. Ele não começa a agir de forma tranquila e racionaliza problemas como ele tinha. Existe uma visão superestimada do perigo”.
Por fim, ela cita que o intuito do tratamento em casos de crises de ansiedade não é acabar com o sentimento, mas ajudar a controlá-lo. “O objetivo do tratamento não é eliminar totalmente a ansiedade, nós precisamos da ansiedade para viver. Ela nos movimenta para estudar, trabalhar, uma energia que nos ajuda. Mas quando está exacerbada, nos atrapalha”.