Nesta segunda-feira (2), o diretor-presidente da Agraer, Washington Willeman, concedeu entrevista ao Giro Estadual de Notícias, destacando a importância do Agroecol, evento tradicional de MS que está em sua sétima edição, acontece entre os dias 4 e 6 de dezembro, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em Campo Grande.
Criado em 2002, o Agroecol reúne universidades, centros de pesquisa e o governo estadual para discutir o equilíbrio entre produção agrícola e sustentabilidade. O tema deste ano, “Água e Clima: Direito à Vida”, reflete as preocupações globais com as mudanças climáticas, que já impactam a produção agrícola e os recursos naturais do estado.
“Estamos vivendo secas extremas em algumas regiões e chuvas acima da média em outras. A agroecologia surge como uma alternativa essencial. Precisamos produzir alimentos para uma população global crescente, mas de forma racional, preservando a água, o planeta e o clima”, afirmou Willeman. Segundo ele, práticas como o plantio direto já mostram resultados significativos. “Esse método mantém a palha no solo, reduzindo a erosão, preservando a umidade e diminuindo a emissão de gases de efeito estufa, essenciais para enfrentar os desafios climáticos.”
Com a meta de neutralidade de carbono até 2030, Mato Grosso do Sul busca soluções que conectem o pequeno produtor às práticas sustentáveis. “Nosso foco é o agricultor familiar, que tem um papel crucial. Estamos explorando alternativas, como o cultivo de seringueiras combinado com cacau ou milho, que geram renda enquanto a floresta ainda está em formação. Esse modelo busca não apenas preservar, mas gerar água e proteger nascentes, combatendo a erosão e o assoreamento dos rios”, explicou.
Entre os principais programas mencionados, Willeman destacou o Pró-Fertiliza, que subsidia o transporte de insumos, como o calcário, essencial para a correção do solo. “O custo do calcário não é alto, mas o transporte representa até dois terços do valor. Com esse subsídio, conseguimos tornar o solo mais produtivo em áreas menores, o que ajuda a preservar nascentes e reservas legais.”
O diretor-presidente da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer/MS), Washington Willeman
Outra iniciativa é a distribuição gratuita de adubo orgânico para agricultores familiares, prevista para o próximo ano. “Esse adubo elimina a necessidade de insumos químicos, alinhando-se à meta de sequestro de carbono e à produção sustentável. Essas políticas públicas são essenciais para a sobrevivência do pequeno produtor, especialmente diante das adversidades climáticas que enfrentamos hoje.”
Willeman também mencionou avanços no crédito rural. O valor destinado à agricultura familiar no estado subiu de R$ 400 milhões no ciclo agrícola anterior para R$ 500 milhões neste ano. “Conseguimos aplicar entre 85% e 87% desse montante, sendo que 70% dos projetos foram executados pela Agraer. Esses recursos são fundamentais para fortalecer a produção sustentável no estado.”
Além disso, o Centro de Comercialização da Agricultura Familiar, localizado no Ceasa, é um espaço estratégico para os pequenos agricultores, especialmente os assentados da reforma agrária. “Este ano, estamos comercializando cerca de 4,5 milhões de quilos de alimentos, com um crescimento anual de 27% a 30%. É uma demonstração clara de que estamos no caminho certo.”
Willeman elogiou o retorno de políticas públicas voltadas ao pequeno produtor, como a ampliação do crédito rural e a criação do Ministério do Desenvolvimento Agrário. “Historicamente, os implementos agrícolas eram projetados para grandes propriedades, deixando o pequeno agricultor sem alternativas adequadas. Hoje, estamos buscando máquinas menores, ideais para hortas e estufas, que enfrentam desafios adicionais devido às mudanças climáticas.”
A sétima edição do Agroecol reforça a necessidade de alinhar produção e sustentabilidade. Durante o evento, que acontece em Campo Grande, serão realizadas mesas-redondas, seminários e cursos com cientistas e pesquisadores de diversas áreas. Para Willeman, o futuro da agricultura em Mato Grosso do Sul depende de um equilíbrio entre inovação e respeito ao meio ambiente.
“Sem água e clima adequados, não haverá vida no planeta. Produzir com responsabilidade não é apenas um desafio, é uma necessidade para garantir a sobrevivência das futuras gerações. Mato Grosso do Sul está mostrando que é possível fazer isso”, concluiu.
Sintonize o Giro Estadual de Notícias, segunda a sexta, das 07h30 às 08h30, pelo acritica.net e para as seguintes rádios de MS:
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