Com a aumento das temperaturas e o aumento da umidade, os meses de agosto a novembro costumam concentrar o maior número de acidentes registrados por escorpiões anualmente. Só em 2025, já foram notificados 3.436 casos até julho, número que tende a crescer nas próximas semanas.
Em entrevista ao Giro Estadual de Notícias nesta segunda-feira (18), o médico do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Secretaria de Estado da Saúde (SES) de Mato Grosso do Sul, Sandro Benites, alertou para o aumento de acidentes envolvendo escorpiões, principalmente em crianças. Segundo o especialista, a combinação de altas temperaturas e aumento da umidade, típica da estação, traz riscos maiores à população.
O foco da entrevista foi o risco iminente para as crianças, que têm sido as principais vítimas de escorpiões no estado, especialmente as mais jovens, com menos de 10 anos. “Todos os óbitos que ocorreram em Campo Grande e em outras regiões do estado foram de crianças. A ação do veneno é muito mais devastadora em corpos pequenos. A quantidade de veneno que um escorpião injeta não muda, mas, em uma criança de 8 a 15 quilos, o impacto é muito maior, porque a área de superfície corporal é menor", explica Dr. Sandro, destacando a gravidade do risco.
Dr. Sandro Benites, médico do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da SES, alerta para o aumento de picadas de escorpião em crianças no Estado de MS
Além dos escorpiões tradicionais da fauna local, o médico alertou para a chegada de novas espécies maiores e mais perigosas. “Esses escorpiões, como o amarelo gigante, não faziam parte da fauna original de Mato Grosso do Sul. Eles vieram de estados vizinhos, como Paraná e São Paulo, e até da Argentina. São escorpiões maiores, com mais de cinco centímetros, e sua reprodução é mais eficiente. Eles se alimentam dos escorpiões menores e dominam a região, tornando os acidentes ainda mais graves", afirmou.
O fenômeno de dominação dessas espécies invasoras não é exclusivo do Estado, mas tem se intensificado em regiões urbanas, como Campo Grande, onde o aumento das construções e a concentração de lixo favorecem a proliferação desses animais peçonhentos.
O médico também abordou os cuidados imediatos necessários em caso de picada. “Os sintomas graves, como dor abdominal intensa, vômitos e sudorese excessiva, começam a aparecer dentro de 30 a 60 minutos após a picada. Nesse período, é fundamental administrar o soro antiveneno o quanto antes. Em crianças, o tempo de resposta é ainda mais crucial, pois o tratamento precoce pode salvar vidas”, alertou.
No entanto, o especialista fez questão de destacar que, apesar da gravidade dos casos mais extremos, a grande maioria dos acidentes com escorpiões não evolui para situações fatais. “Mais de 99% dos casos são leves ou moderados. Mesmo em crianças, muitos acidentes são simples e não exigem soro. O tratamento envolve apenas analgesia local e observação”, explicou Benites.
O profissional destacou que o problema dos escorpiões não está restrito a áreas rurais, mas se concentra principalmente em áreas urbanas, onde a urbanização favorece sua proliferação. “Os escorpiões são animais urbanos, associados principalmente a esgotos e fossas. Com a urbanização, esses animais encontraram um ambiente ideal para se multiplicarem. Onde há esgoto e lixo, há escorpiões, porque o seu principal alimento são as baratas", disse.
Em contrapartida, nas áreas rurais, o risco é bem menor. "Na zona rural, onde os predadores naturais, como passarinhos, ainda conseguem controlar a população de escorpiões, o problema é bem menos expressivo. Na cidade, os passarinhos foram afastados, e a ausência de inimigos naturais faz com que os escorpiões se proliferem de forma descontrolada”, comentou o médico, mencionando como a urbanização afeta diretamente a segurança da população.
Outro ponto abordado foi a logística de distribuição de soro antiveneno. Sandro assegurou que Mato Grosso do Sul tem um estoque adequado para o atendimento a acidentes graves, com unidades de saúde preparadas para fornecer o tratamento necessário. “Temos soro suficiente em todas as cidades, exceto em algumas localidades mais distantes. A distribuição é feita de maneira eficaz pela SES, e as unidades de saúde estão constantemente reabastecidas”, afirmou.
Entretanto, ele fez um alerta importante: “Em casos graves, como em crianças com reações adversas, o soro precisa ser administrado nas primeiras 30 a 60 minutos. Esse é o tempo em que a intervenção pode fazer a diferença entre a vida e a morte.”
Em meio a essas preocupações, Sandro ressaltou que a mobilização da comunidade e a conscientização sobre os riscos são essenciais. “Estamos trabalhando para informar a população e capacitar os profissionais de saúde para enfrentar essa ameaça. A Secretaria de Saúde realiza treinamentos contínuos em todo o Estado, e os agentes comunitários de saúde têm um papel fundamental na busca ativa de escorpiões e na orientação da população”, finalizou.
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