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POLÍTICA

João Grandão fala dos desafios na equipe de transição do Governo Lula

28 novembro 2022 - 10h30 Por Da Redação

Ao participar nesta segunda-feira (28) do programa radiofônico Giro Estadual de Notícias, que é comandado pelo jornalista Carlos Ferreira é levado ao ar pelas emissoras do Grupo Feitosa de Comunicação, o ex-deputado federal e estadual João Grandão, do PT de Mato Grosso do Sul, falou sobre os desafios que está sendo participar da equipe de transição do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, bem como sobre o fato de ter sido inocentado da acusação de participar do esquema de superfaturamento da compra de ambulâncias custeadas com recurso do Governo Federal em 2009, que foi conhecido como "Máfia dos Sanguessugas".


O ex-deputado federal lembrou que participou de vários processos de negociação agrária, inclusive, quando foi alterada a lei dos Fundos Constitucionais, que antigamente tinham todo um processo de indexação

"Eu recebi esse convite com muita satisfação, mas, evidentemente, teve todo um processo de articulação até chegar a esse convite. Não posso deixar de reconhecer o apoio que recebi do PT Nacional, mas, principalmente graças a articulação do ex-governador e deputado estadual eleito Zeca do PT, bem como do apoio do deputado federal reeleito Vander Loubet (PT-MS). O fato de ter sido deputado federal e ter participado da Comissão de Agricultura da Câmara Federal, chegando a ser vice-presidente, e de ter sido coordenador do núcleo agrário do PT, além de delegado federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário em Mato Grosso do Sul por quase quatro anos, também contribuíram para esse convite", afirmou João Grandão.

O ex-deputado federal lembrou que participou de vários processos de negociação agrária, inclusive, quando foi alterada a lei dos Fundos Constitucionais, que antigamente tinham todo um processo de indexação. "Eu participei dessa comissão e isso me deu uma certa visibilidade junto com pessoas como o governador reeleito de Goiás, Ronaldo Caiado, e da ex-senadora Kátia Abreu, entre outros deputados federais ligados ao agronegócio, sendo que eu estava mais ligado à Agricultura familiar. Eu também fui relator da lei do Programa de Aquisição de Alimentos, que permitiu que fosse regularizado o Programa Fome Zero. Tive a oportunidade de representar o Brasil em várias reuniões internacionais, como na Suíça, no México e na Colômbia. Tudo isso me deu essa credibilidade e visibilidade para integrar a equipe de transição do Governo Lula", reforçou.

Dificuldades - João Grandão explicou que a equipe de transição do Governo Bolsonaro para o Governo Lula tem vários setores e ele está no setor agrário, mais precisamente na parte que trata da agricultura familiar. "Temos encontrado algumas dificuldades em função da forma como foram alterados os programas que existem nessa área. Um exemplo é que a agricultura familiar praticamente foi colocada dentro do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), pondo fim ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, onde estavam concentradas as políticas para a agricultura familiar", ressaltou.

Dessa forma, de acordo com ele, isso obrigou a equipe a fazer todo um processo de levantamento para poder recriar o Ministério do Desenvolvimento Agrário. "Estamos tendo muitas dificuldades, pois temos de reconstruir antigos programas para obter recursos suficientes e ter disponibilidade orçamentária. As reuniões estão sendo realizadas de forma híbrida, com pessoas em Brasília e outras nos seus Estados de origem. Eu já participei de várias reuniões nesse formato e, nesta quarta-feira (30/11), devo retornar a Brasília (DF), o que deve ser decidido na reunião híbrida desta segunda-feira (28)", informou.


Para João Grandão, um dos desafios do presidente eleito Lula é a parte política, pois ele terá de reconstruir essa relação

O ex-deputado acrescentou que as informações estão sendo passadas conforme a dinâmica da própria transição, mas, dificuldade a equipe sempre enfrenta. "Como é lei que o atual Governo tem de repassar as informações, isso está sendo feito, porém, não dá para negar que estamos enfrentando uma certa dificuldade nesse sentido, principalmente em termos de orçamento porque praticamente não há mais recurso. O Programa de Aquisição de Alimentos, por exemplo, o recurso é mínimo, para a Merenda Escolar, o recurso também é mínimo, o Incra está totalmente desmontado, então, temos de reconstruir tudo, mas as reunião estão sendo realizadas diariamente, deve sair o relatório preliminar dia 30 de novembro, que será encaminhado para a comissão executiva da equipe de transição para, a partir daí, já começar a tomar um formato novo que a gente está propondo", detalhou.

Articulação política - Para João Grandão, um dos desafios do presidente eleito Lula é a parte política, pois ele terá de reconstruir essa relação. "Mesmo com o PT tendo feito a 2ª maior bancada, o Lula não terá a maioria no Congresso Nacional e o apoio político terá de ser reconstruído. Felizmente, ele tem muita habilidade para fazer isso, porém, para isso, terá de apresentar projetos consistentes, pois há projetos que não vão conseguir apoio. Fui deputado federal no Governo de Fernando Henrique Cardoso e ele apresentava projetos consistentes que não tinham como ser vetados. Naquela época, como agora, não dá para votar contra projetos só porque você é oposição", lembrou.

Conforme ele, o presidente eleito Lula vai apresentar projetos que terão consistência e que trarão benefícios para a população, conquistando o apoio necessário para a aprovação. "Agora, temos de reconhecer que teremos muita disputa, serão dias difíceis, primeiro pela questão orçamentária que terá de passar por uma readequação. Já estamos enfrentando problemas com a PEC da Transição. A relação política que o Governo Lula tem com outros países vai contar em muito para promover o equilíbrio político interno. No que dia que ele foi declarado vencedor da eleição, mais de 50 países já o cumprimentaram. Portanto, mesmo com as dificuldades que vamos enfrentar, com a habilidade do Lula será possível demonstrar aos parlamentares que precisaremos reconstruir o Brasil", assegurou.

O ex-deputado recordou ainda que teve a oportunidade de coordenar a campanha eleitoral do presidente Lula na região sul do Estado e, o fato de o partido ter lançado uma candidatura própria ao Governo do Estado ajudou muito. "Além disso, o nosso candidato ao Senado, Tiago Botelho, também fez a diferença. Para eu que conhecia o Tiago Botelho e a família dele, não tinha dúvida da capacidade dele e a candidatura dele ajudou para que conseguíssemos o número de votos que obtivemos na campanha eleitoral deste ano. A Gisele Marques foi fantástica e nós agradecemos a coragem que ela teve", declarou.

Futuro político - Outra surpresa agradável, segundo João Grandão, foi a vitória da vereadora Camila Jara para a Câmara dos Deputados juntamente com a reeleição do Vander, que vai para o seu o 6º mandato. "Nós duplicamos a bancada federal e reelegemos a nossa bancada estadual, acrescentado mais um nome, que é o do ex-governador Zeca do PT. Acredito que, com a experiência que ele tem, deve contribuir em muito com o Estado. Você tem um Governo Federal do PT, ter uma bancada federal com dois deputados federais do PT e o com os votos que tivemos em Mato Grosso do Sul contribuem em muito para o crescimento do partido", projetou.

Segundo ele, em Dourados, o PT teve um crescimento fantástico, pois conta com um 1º suplente de deputado federal, que é o Elias Ishy, e a 1ª suplente de deputado federal, que é a Professora Gleice, bem como o Tiago Botelho que foi muito bem votado para senador. "Sobre concorrer a algum cargo político nas próximas eleições municipais de Dourados, acredito que ainda é muito cedo. Porém, é claro que o PT tem toda a tranquilidade de dizer que temos nomes para disputar o cargo de prefeito e também os cargos de vereadores do município, assim como temos em outras cidades, como aqui em Campo Grande", avisou.

O ex-deputado completou que sempre contribuiu para com o partido e, depois de 24 anos, essa foi a primeira vez que estava coordenando a campanha eleitoral ao invés de ser um dos candidatos. "Teve um período conturbado, mas, mesmo assim, não abaixei a cabeça, fique de suplente de deputado federal por duas vezes, me elegi como deputado estadual, então, com toda essa experiência, não posso falar que não serei candidato em 2024, mas o tempo vai dizer se devo ou não disputar novamente uma eleição. Uma coisa que possa afirmar que não está nos meus planos é disputar a Prefeitura de Dourados, já disputar outros cargos não descarto de jeito nenhum", garantiu.

Máfia dos Sanguessugas - A respeito das acusações feitas contra ele, João Grandão disse que nunca perdeu o sono sobre a questão da denúncia de irregularidades na compra de ambulâncias, pois sabia que era inocente. "Porém, foi um período difícil, pois foram 12 anos sendo acusado e, às vezes, sendo humilhado, tendo de enfrentar situações constrangedoras, que afetaram a minha família, principalmente os meus filhos que eram crianças ainda e tinham de passar por constrangimento na escola. Hoje, não tenho nenhuma dificuldade em dizer que, naquele momento, eu sofri muito, mas, mesmo assim, disputei duas eleições, voltei a ser deputado estadual, fui nomeado delegado federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário, enfrentando tudo e a todos porque sabia que um dia a minha inocência seria comprovada", recordou.

De acordo com ele, depois de muito tempo, foi absolvido por absoluta falta de provas. "Não era só eu que colocava dinheiro na Saúde, todos os deputados federais destinavam 20% dos recursos, era lei na época, mas, quem definia o que seria comprado eram as prefeituras. Eram adquiridos veículos e inclusive ambulâncias, mas, a partir desse ponto, aconteceram coisas que você não tinha mais controle, não estou culpando ninguém, mas estou deixando claro que eu não tinha nada com isso. Graças a Deus, foi feita Justiça e fui inocentado, me sinto muito leve com isso, pois tinha certeza absoluta de que não tinha nada com isso", assegurou.

O ex-deputado lembra que, quando foi chamado para integrar a equipe de transição do Governo Lula, muitos resgataram matérias daquela época esquecendo de consultar que ele já tinha sido inocentado. "Por isso, já tomamos as medidas legais e a resposta para aqueles que continuarem insistindo com esse tema terá a resposta na Justiça. O homem não deve ser julgado pelas histórias que querem construir dele, mas pelas histórias que ele construiu. Quero dizer que luto por melhores dias para o povo brasileiro e, particularmente, para o povo de Mato Grosso do Sul", finalizou. 

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