Na manhã desta terça-feira (21), o diretor-presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (IAGRO), Daniel Ingold, participou do Giro Estadual de Notícias, onde destacou a relevância do trabalho realizado pela agência no cenário agropecuário de Mato Grosso do Sul. Atuando nas áreas de defesa animal e vegetal, inspeção de frigoríficos e outras frentes estratégicas, a IAGRO tem sido fundamental para transformar o Estado em uma referência nacional e internacional.
De acordo com Ingold, o panorama do agronegócio no Estado sofreu mudanças significativas nas últimas décadas. “Hoje, temos o Vale da Celulose, onde estão instaladas cinco das maiores indústrias de celulose do mundo. Essas empresas ocuparam áreas que antes eram dedicadas à pastagem. Há 20 anos, tínhamos 1,7 milhão de hectares de soja; hoje, esse número saltou para 4,2 milhões. Além disso, já estamos próximos de alcançar 2 milhões de hectares de eucalipto”, explicou o diretor-presidente.
De acordo com Ingold, o panorama do agronegócio no Estado sofreu mudanças significativas nas últimas décadas
Essas transformações também impactaram a pecuária no Estado. “Nosso rebanho bovino, que há 20 anos somava 25 milhões de cabeças, reduziu para cerca de 18 milhões. Apesar disso, o número de abates cresceu, passando de 3,9 milhões de animais por ano para aproximadamente 4 milhões. Esse avanço é resultado direto da profissionalização do setor e do preparo dos produtores, que têm buscado eficiência e melhorado sua produtividade. Isso traz uma perspectiva extremamente positiva para o Estado”, completou.
Outro destaque da entrevista foi o papel estratégico da vigilância sanitária. Ingold ressaltou que, com a erradicação da circulação viral da febre aftosa no estado, a vacina se tornou obsoleta, mas isso não diminuiu a necessidade de cuidados rigorosos.
“Hoje, a vigilância é o nosso foco principal. A IAGRO está estruturada com um sistema de inteligência avançado que nos permite prever cenários e atuar com maior eficiência. Isso só é possível porque contamos com a confiança do produtor rural, que é o nosso primeiro vigilante. Quando ele identifica um problema em um animal, notifica imediatamente, e a nossa equipe age prontamente. Esse vínculo de confiança tem sido essencial para alcançarmos os bons resultados que temos hoje”, afirmou.
Ele também enfatizou que a atuação da IAGRO vai além da defesa animal. “Na área vegetal, por exemplo, enfrentamos desafios como o caruru-palmeira, uma praga que não é controlada por herbicidas e inviabiliza o plantio de soja. Ao mesmo tempo, acompanhamos o avanço da citricultura, que tem potencial para transformar o Mato Grosso do Sul em um dos maiores produtores de laranja do Brasil e do mundo. Estamos constantemente nos adaptando para garantir que os produtores tenham o suporte necessário para prosperar”, explicou.
Inovação e transversalidade no agronegócio - A integração entre as áreas de produção animal e vegetal foi destacada como um diferencial do trabalho da IAGRO. Segundo Ingold, essa transversalidade será cada vez mais necessária no futuro. “O profissional do agronegócio precisa ter uma visão ampla. O agrônomo deve entender de produção animal, assim como o médico veterinário precisa dialogar com a agricultura. Essa integração é crucial para atender às demandas do setor e promover o crescimento sustentável”, pontuou.
Com uma atuação que integra sanidade, rastreabilidade e sustentabilidade, a IAGRO reafirma seu papel como protagonista no avanço do agronegócio sul-mato-grossense
A suinocultura é outro exemplo de setor com grande potencial de expansão no estado. “Para exportarmos carne suína, precisamos de certificações internacionais que atestem a nossa qualidade sanitária. Estamos trabalhando para alcançar o status de livre de febre aftosa sem vacinação. Isso vai abrir novos mercados e consolidar a suinocultura como uma matriz econômica importante no Mato Grosso do Sul”, destacou Ingold, acrescentando que esse avanço só é possível graças a um planejamento estratégico coordenado por uma equipe governamental alinhada com o futuro do estado.
Desde 2017, a IAGRO tem implementado uma série de modernizações, incluindo a aquisição de veículos, a contratação de novos profissionais e a adoção de tecnologias inovadoras. “Hoje, nossos fiscais de campo utilizam tablets com mapas georreferenciados que mostram todas as propriedades e rotas por onde eles devem passar. Isso garante mais transparência, eficiência e segurança no trabalho”, afirmou Ingold.
Ele também destacou o uso de inteligência artificial para monitorar rotas e rastrear transportes. “Estamos entrando em um novo patamar de operação, onde a inteligência artificial nos ajuda a identificar irregularidades de forma cirúrgica. Por exemplo, se um veículo sai da rota prevista, conseguimos rastrear o histórico e agir rapidamente. Isso é resultado de anos de investimento e planejamento estratégico”, explicou.
Ingold alertou para os riscos que ameaçam a citricultura no estado, como o transporte ilegal de mudas contaminadas com doenças como o greening. “Essa doença já inviabilizou pomares inteiros na Flórida e em São Paulo. Aqui no Mato Grosso do Sul, estamos atentos para impedir que isso aconteça. Interceptamos veículos transportando mudas contaminadas e adotamos medidas rigorosas para proteger nossos produtores. No entanto, é fundamental que a população entenda que essas ações são necessárias para preservar a economia do estado”, ressaltou.
O diretor-presidente reiterou que o objetivo da IAGRO é tornar o Mato Grosso do Sul um grande produtor mundial de suco de laranja. “Esse é um trabalho incansável, que depende tanto de tecnologia quanto de conscientização e colaboração de todos os envolvidos no setor”, afirmou.
Ele ainda destacou a importância das parcerias com entidades como a Assembleia Legislativa, FAMASUL e SENAR. “O diferencial do Mato Grosso do Sul está na nossa capacidade de reunir todos os atores do setor agropecuário para traçar estratégias conjuntas. Esse alinhamento tem sido essencial para fortalecer a economia do Estado”, concluiu.
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