A crise no banco de sangue de Mato Grosso do Sul alcançou um ponto crítico, com o estoque do tipo sanguíneo O+, o mais comum entre a população, atingindo o nível mais baixo já registrado. O alerta foi dado nesta terça-feira (26) pela Chefe Captação de Doadores do Hemosul, Lucéia Fernandes, em entrevista ao Giro Estadual de Notícias.
Uma análise revelou um saldo preocupante de apenas 65 unidades no último sábado (23), contra as 245 necessárias semanalmente para atender à demanda. "Essa situação, mesmo que inédita para os profissionais com anos de experiência, coloca o sistema de saúde em estado de vigilância", explica.
A situação alarmante exige a mobilização imediata da comunidade, com um apelo especial para que doadores habituais e novos voluntários venham a contribuir. O apelo é ampliado para todos os tipos sanguíneos, considerando que cada doação passa por um processo de separação em componentes distintos, como hemácias, plaquetas e plasma, cada um com sua respectiva validade.
"Para atender à demanda contínua, é essencial a regularidade nas doações, pois a disponibilidade de plaquetas, por exemplo, com duração de apenas cinco dias, é um fator limitante. As equipes de captação estão em esforços intensivos para conscientizar sobre a importância das doações regulares e diárias, contando com o apoio da imprensa e parcerias com o setor privado para disseminar a mensagem", informa.
Segundo Lucéia, a pandemia trouxe uma alteração no comportamento dos doadores, com uma queda significativa no número de voluntários desde que as campanhas móveis e as ações de coleta foram suspensas para evitar aglomerações. A retomada da prática regular de doação é agora uma necessidade urgente.
"Há a crença de que a pandemia possa ter afetado o costume da população de doar sangue. Anteriormente, conseguir doadores era mais fácil, com períodos específicos exigindo esforços adicionais, como campanhas e a utilização de ônibus móveis para ir até os doadores. No entanto, durante a pandemia, essas atividades foram interrompidas para evitar aglomerações, inclusive nas instalações de coleta de sangue, que necessitaram de novas organizações. Isso, segundo a pessoa, pode ter gerado medo ou simplesmente feito com que as pessoas perdessem o hábito de se organizar para doar sangue. Existe, portanto, uma necessidade de reavivar essa prática na população", alerta.
Os procedimentos para doação de sangue, muitas vezes percebidos como burocráticos, são na verdade medidas de segurança essenciais para garantir a qualidade do sangue coletado e a segurança dos receptores.
"O processo minucioso assegura que o sangue coletado seja de alta qualidade e seguro para quem necessitar dele, destacando a importância da saúde e do bem-estar do doador, além da necessidade de sinceridade durante o processo de triagem. Isso inclui respostas honestas a perguntas pessoais e o entendimento de que, apesar dos exames detalhados, existe a janela imunológica, um período em que infecções podem não ser detectáveis. Portanto, a 'burocracia' mencionada por alguns é, na verdade, um conjunto de medidas rigorosas adotadas para garantir que o sangue doado não apenas atenda, mas exceda os padrões de qualidade e segurança, refletindo o compromisso com a proteção da saúde pública", revela.
É crucial que os doadores estejam saudáveis, descansados e bem alimentados, cumprindo os critérios estabelecidos, que incluem levar um documento oficial com foto e ter entre 16 e 69 anos, entre outros requisitos", diz.
O Hemosul, responsável pelo atendimento e coleta de doações, está situado na avenida Fernando Corrêa da Costa, nº 1304, na região central, com funcionamento de segunda à sábado, das 7h às 17h. O contato pode ser feito pelo telefone (67) 3312-1500.
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