Pela primeira vez desde que o Brasil foi reconhecido como área livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), especialistas, autoridades, produtores rurais e técnicos vão se reunir para discutir os próximos passos da sanidade agropecuária. O ponto de encontro é o VIII Fórum do Plano Estratégico do PNEFA, que acontece nesta quinta-feira (27) a partir das 9h, no auditório da Casa Rural, em Campo Grande (MS).
O evento marca não apenas uma celebração da conquista, mas também o início de uma nova etapa, na qual a responsabilidade recai ainda mais sobre quem está no campo. “Essa edição é histórica justamente por ser a primeira após o reconhecimento internacional”, afirma a consultora técnica do Senar/MS, Fernanda Lopes, em entrevista ao Giro Estadual de Notícias desta segunda-feira (24). Segundo ela, o cenário mudou e, com ele, muda também o papel do produtor.
“O produtor sempre foi peça-chave no combate à aftosa, mas agora, com o fim da vacinação, ele precisa estar ainda mais atento à saúde do seu rebanho. A vigilância passou a ser ativa”, explica.
Consultora técnica do Senar/MS, Fernanda Lopes, destaca importância da vigilância ativa e capacitação de produtores para manter o status sanitário da pecuária
Por décadas, a rotina do produtor incluía a vacinação semestral contra a febre aftosa. Com a nova realidade sanitária, o compromisso mudou de forma, mas não de importância. Em vez da seringa, agora é o olhar clínico que protege os rebanhos. “Hoje, o pecuarista precisa observar os animais, identificar qualquer sinal suspeito, como feridas na boca ou entre os cascos, e comunicar imediatamente à defesa sanitária local”, diz Fernanda.
A consultora alerta que, mesmo sem a vacinação específica contra a aftosa, outras medidas devem continuar sendo adotadas. “É essencial manter as boas práticas dentro da propriedade, como a vermifugação, vacinação contra brucelose e o acompanhamento geral do rebanho. A biosseguridade não pode ser relaxada”, reforça.
Nova realidade, novos desafios - No fórum, temas como o novo status sanitário, as responsabilidades do setor produtivo e as estratégias para acessar novos mercados internacionais estarão em pauta. O evento contará com a participação de especialistas como Daniel Ingold, diretor-presidente da Iagro; Jaime Verruck, secretário estadual da Semadesc; e Sueme Mori, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Mas mais do que ouvir, os participantes são convidados a refletir e contribuir. “Teremos uma mesa-redonda no final, aberta para perguntas. É um espaço para compartilhar dúvidas, experiências e buscar soluções conjuntas”, destaca Fernanda.
Com o novo status, a carne produzida em Mato Grosso do Sul ganha em competitividade e valorização. Países com exigências sanitárias mais rígidas agora podem abrir suas portas à proteína sul-mato-grossense.
“O reconhecimento internacional mostra que temos uma carne segura, sem vírus circulante. Isso foi possível graças a uma série de exames, análises e muito comprometimento de todos os envolvidos”, explica a consultora.
A carne que chega à mesa do consumidor também é beneficiada. “A população pode consumir com segurança. O selo da OMSA é uma garantia para o mundo e para o nosso mercado interno de que estamos fazendo um bom trabalho”, reforça.
Além da vigilância ativa, a capacitação é outro pilar dessa nova fase. Fernanda destaca que o Senar/MS, em parceria com a Famasul e a Iagro, tem atuado para qualificar quem está na ponta da produção.
“Só em 2024, atendemos mais de 10.500 produtores com assistência técnica e milhares com cursos de capacitação. Temos técnicos de campo, instrutores e trabalhadores rurais que levam as boas práticas para dentro das propriedades”, diz.
Fernanda: Produtores rurais, técnicos e fiscais agropecuários vão acompanhar palestras sobre o novo cenário sanitário e desafios da biosseguridade no rebanho brasileiro
Essa formação não acontece de forma isolada. Fiscais da Iagro e da Superintendência Federal de Agricultura (SFA) também capacitam os instrutores do Senar, que multiplicam o conhecimento. “É um trabalho em cadeia. Ninguém faz isso sozinho. A Iagro cuida da defesa sanitária, a Famasul representa o produtor e o Senar leva conhecimento até o campo”, resume.
Relação com a fiscalização evoluiu - Se no passado a fiscalização agropecuária era vista com desconfiança por parte dos produtores, hoje a relação é outra. “Houve um amadurecimento. Os pecuaristas entenderam que o trabalho da Iagro não é punitivo, é protetivo. Eles estão ali para ajudar a garantir a sanidade do rebanho e, com isso, proteger os negócios”, afirma Fernanda.
Ela observa que o papel do produtor é cada vez mais proativo. “Se ele não cumprisse tudo corretamente no passado, como realizar as vacinações quando ainda eram obrigatórias, hoje não teríamos esse status. E agora, com a vigilância, ele continua sendo peça fundamental”, conclui.
O fórum é aberto a todos os profissionais que atuam direta ou indiretamente com sanidade animal e pecuária. Podem participar produtores rurais, técnicos, médicos-veterinários, zootecnistas, estudantes, representantes de sindicatos e cooperativas. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo link.
Sintonize o Giro Estadual de Notícias, segunda a sexta, das 07h30 às 08h30, pelo acritica.net e para as seguintes rádios de MS:
RÁDIO MARABÁ FM 93,9 – MARACAJU
RÁDIO BAND FM 100,9 - FÁTIMA DO SUL E REGIÃO DE DOURADOS
RÁDIO MONTANA FM 89,9 - INOCÊNCIA E REGIÃO DO BOLSÃO
RÁDIO SERRA FM 106,5 - RIO VERDE DE MT
RÁDIO SERRANA FM 91,3 – NIOAQUE
RÁDIO BAND FM 88,5 – PARANHOS
