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SAÚDE

Especialista detalha caso de feto calcificado em pacientes: "É um caso raríssimo"

22 março 2024 - 14h30 Por Da Redação

Na última terça-feira (19), um caso envolvendo uma idosa de 81 anos ganhou destaque após ela ser encaminhada ao Hospital Regional de Ponta Porã, na região sul de Mato Grosso do Sul, com um feto calcificado em seu abdômen. A confirmação foi confirmada pela Secretaria de Comunicação da cidade.

A suspeita da equipe médica é de que a paciente, identificada como Daniela Almeida Vera, estivesse com o feto no corpo há 56 anos, quando ocorreu sua última gestação. A mulher, que era indígena e morava em um assentamento do município de Areal Moreira, chegou á unidade hospitalar se queixando de dores abdominais e morreu após a cirurgia de retirada do feto, em decorrência de um quadro de sepse.

A litopedia, quando o feto se desenvolve fora da cavidade uterina, é uma condição considerada rara. Foto: Reprodução

Para tirar mais dúvidas sobre o tema, o Giro Estadual de Notícias entrevistou nesta sexta-feira (22) com a médica ginecologista, Klissia Souza, que deu detalhes do caso considerado raríssimo.

Este fenômeno, conhecido como litopédio ou "bebê de pedra", ocorre em gravidezes ectópicas abdominais, onde o feto se desenvolve fora do útero e, após a morte, passa por um processo de calcificação.

A gravidez ectópica, um evento em si raro, acontece aproximadamente em uma a cada seis gestações ectópicas, sendo a abdominal ainda mais excepcional. "A gravidez mais comum é a tubária... mas a gravidez abdominal representa apenas 1% das ectópicas," explicou. Nestes casos, o feto, privado de nutrição e oxigenação adequadas devido à implantação imprópria da placenta, não sobrevive, iniciando um longo processo que pode culminar na calcificação.

"A placenta procura se implantar em locais impróprios para a gestação, como intestino, bexiga ou até na serosa uterina," detalhou, descrevendo o início complicado destas gestações. Com o tempo, sem intervenção médica e na ausência de infecção, o feto pode passar por vários estágios - da mumificação à saponificação, e finalmente à esqueletização - antes de se tornar completamente calcificado.

A médica ginecologista, Klissia Souza, em entrevista ao Giro Estadual de Notícias

O caso da idosa é ainda mais notável devido à duração excepcionalmente longa que o feto permaneceu no corpo sem diagnóstico ou complicações conhecidas. "É um corpo estranho... Às vezes, a pessoa pode até morrer de alguma outra coisa e ela nem fica sabendo que ela teve isso," comentou a médica, destacando a possibilidade de pessoas viverem anos sem detectar uma gravidez ectópica.

"O diagnóstico de uma gravidez ectópica pode ser sinalizado por irregularidades menstruais ou atrasos, acompanhados por sangramentos não menstruais e dor. Estes sinais devem ser prontamente investigados por um profissional de saúde para um diagnóstico e tratamento corretos", conclui.

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