Em meio a estoques críticos e aumento na demanda por plaquetas, o Hemosul de Mato Grosso do Sul faz um apelo: doar sangue precisa ser um ato constante, e não um gesto pontual em momentos de emergência. A chefe de captação de doadores do hemocentro, Luceia Fernandes, reforçou essa mensagem durante entrevista ao Giro Estadual de Notícias, nesta segunda-feira (13).
“A gente precisa de pelo menos 120 doações por dia. Só assim conseguimos manter os estoques em níveis seguros, principalmente de plaquetas, que duram apenas cinco dias”, explicou.
Atualmente, segundo Luceia, algumas tipagens sanguíneas estão em estado crítico, como os tipos O negativo e A negativo, que são raros e amplamente utilizados em emergências. A maior preocupação, no entanto, está na coleta de plaquetas, componente essencial para pacientes em tratamento de câncer, doenças hematológicas e cirurgias.
“Na semana passada, ficamos dias com menos de 50 doações diárias. Só na sexta-feira tivemos 180, o que foi ótimo, mas ainda insuficiente. Como a plaqueta dura só cinco dias, se doar só num dia, em menos de uma semana já acabou tudo de novo”, alerta.
A chefe de captação de doadores do hemocentro, Luceia Fernandes, reforçou essa mensagem durante entrevista ao Giro Estadual de Notícias, nesta segunda-feira
O Hemosul realiza convocações diárias de doadores por meio de mensagens no WhatsApp e ligações telefônicas. “Se você recebeu uma mensagem, não é golpe. É o Hemosul pedindo sua ajuda”, esclareceu Luceia.
No entanto, a resposta tem sido baixa. Em uma recente tentativa de convocar 60 doadores, apenas sete atenderam. “Sabemos que as pessoas trabalham, têm compromissos. Mas a gente liga porque tem gente do outro lado esperando uma transfusão. É urgente”, reforçou.
Exigências são por segurança, não burocracia - Questionada sobre reclamações de que doar sangue é um processo “burocrático demais”, Luceia foi direta: “Nosso objetivo é garantir qualidade total ao sangue que será transfundido. É um material que salva vidas, e não podemos correr riscos”.
Ela explica que as restrições, como estar em boas condições de saúde, não usar certos medicamentos ou manter o peso mínimo, são pensadas para proteger o doador e o receptor.
Um exemplo citado são os medicamentos de uso estético, como as famosas “canetinhas para emagrecimento”, que impedem a doação por até seis meses. “Esses produtos alteram o corpo e estão na corrente sanguínea. A gente não arrisca. É a vida do outro que está em jogo”, afirma.
Um dos mitos mais comuns sobre doar sangue é o tempo de espera. Segundo Luceia, isso mudou. “O processo completo leva de 30 a 40 minutos, do cadastro ao lanche. E já não usamos mais aquele furinho no dedo. Hoje é um sensor moderno, bem mais rápido e confortável”, garante.
Ela destaca que o Hemosul de Campo Grande aumentou o número de funcionários, investiu em estrutura e capacitação para garantir que os atendimentos fluam com mais agilidade.
Uma doação, quatro vidas - Luceia reforça um dado importante: uma única doação pode salvar até quatro vidas. Isso porque o sangue coletado é separado em componentes como hemácias, plasma, plaquetas e crioprecipitado, cada um destinado a um tipo diferente de paciente.
Também desmentiu outra dúvida comum: “Doar sangue não afina nem engrossa o sangue. E não, você não vai ficar sem sangue se doar”, afirmou.
Ela lembra que o corpo repõe rapidamente o volume doado e que há prazos seguros para a próxima doação: 60 dias para homens e 90 dias para mulheres, respeitando o ciclo natural do organismo.
O Hemosul também atua para facilitar o acesso dos doadores ao serviço, principalmente no interior. “Vamos pelo menos uma vez ao mês a cidades como Ribas do Rio Pardo e São Gabriel. Montamos nossa estrutura em postos de saúde ou espaços adequados, com capacidade para coletar até 200 bolsas por dia”, contou. “O melhor doador é aquele que doa antes de alguém precisar. Quando a urgência chega, é tarde para correr atrás. Se você pode, doe. Salvar vidas não pode esperar", finaliza.
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