Casos de violência, desaparecimentos e investigações marcadas pela tensão emocional e complexidade humana ganharam forma literária no livro "Mariza Queria Ser Livre", do delegado da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Carlos Delano.
A obra, que será lançada no dia 24 de abril, às 18h, na sede da Associação dos Delegados de Polícia do Estado (Adepol/MS), em Campo Grande, traz 15 contos baseados em experiências vividas ao longo de quase duas décadas no sistema de segurança pública. A versão digital já está disponível em pré-venda na Amazon.
Segundo Delano, a ideia surgiu da necessidade de dar voz aos dramas silenciosos vividos por todos os envolvidos no universo criminal — vítimas, testemunhas, infratores e também os policiais. “O que sempre me tocou foi o sofrimento humano que orbita os crimes: as vítimas, as testemunhas que não queriam estar ali, os infratores que, embora tenham feito uma escolha errada, ainda assim são humanos. E, claro, o próprio policial, que deixa a família em casa e avança noite adentro atrás da verdade”, explicou em entrevista ao Giro Estadual de Notícias, desta quinta-feira (27).
O título do livro é inspirado em um dos contos mais marcantes, que retrata a história de uma mulher presa em uma relação abusiva. O nome fictício “Mariza” representa muitas histórias reais de dor e resistência. “O desafio foi tratar esse tema sem tornar a narrativa excessivamente técnica ou piegas. Eu escolhi mostrar o ponto de vista dos familiares da vítima, das pessoas que tentaram ajudar e também o olhar do infrator”, explicou.
A carga emocional das histórias levou o autor a optar por uma classificação indicativa de 16 anos. “Há cenas de violência gráfica que exigem maturidade do leitor”, alertou Delano.
Delegado Carlos Delano lança livro com 15 contos inspirados em investigações reais e dramas humanos da segurança pública.
Retrato humano do policial no cotidiano de violência - Delano faz questão de destacar que o livro não é técnico, nem um manual de procedimento policial. É uma obra literária escrita para o público em geral, que deseja compreender melhor a realidade da segurança pública. “A motivação principal foi mostrar um lado pouco conhecido do policial. O cidadão busca por eficiência e resultados — e está certo —, mas não se imagina o custo humano desse trabalho. São pessoas que, muitas vezes, lidam com traumas profundos sem qualquer reconhecimento público”, comentou.
Para o delegado, há uma idealização do policial como alguém frio, blindado contra as emoções, o que não corresponde à realidade. “Todos nós somos humanos. E mesmo quando tentamos tratar tudo com profissionalismo, vamos para casa e pensamos naquelas vítimas, naquelas crianças, nas histórias que não terminam bem”, desabafou.
Os 15 contos são todos inspirados em investigações nas quais Delano atuou diretamente. Entre eles, estão casos de desaparecimentos que terminaram em descobertas trágicas, estupros em série identificados por mínimos detalhes investigativos, quadrilhas que agiam em Campo Grande e foram desbaratadas pela conexão de provas parciais, além de um caso emblemático de extorsão mediante sequestro.
“Eu tive o cuidado de construir narrativas que prendem o leitor até o final, mas sem expor técnicas policiais ou pessoas envolvidas. A ideia é valorizar o trabalho da polícia, mostrar sua complexidade e também a sua humanidade”, destacou.
Reflexão sobre justiça e anonimato - Delano também provoca uma reflexão importante sobre a justiça e o reconhecimento dos profissionais da segurança. Para ele, o policial vive uma espécie de “celibato profissional”, em que entrega tudo de si, mas permanece no anonimato. “O policial é limitado pela lei. Ele coleta provas, constrói um caso com o máximo de zelo e entrega para o Judiciário. Muitas vezes, o desfecho não corresponde à sua expectativa. Ele dorme com a sensação do dever cumprido, mas sem nenhum aplauso”, comentou.
Essa falta de reconhecimento, segundo ele, é ainda mais dura em tempos de redes sociais, em que todos buscam visibilidade. “O trabalho policial é digno justamente por não esperar retorno pessoal. É um esforço silencioso em prol da sociedade. Eu gostaria que o leitor compreendesse isso e, ao fim da leitura, pudesse reconhecer o valor de cada policial que está na linha de frente todos os dias”, afirmou.
Mariza queria ser livre já está disponível em pré-venda na Amazon, tanto em versão e-book quanto impressa. O lançamento oficial será no dia 24 de abril, às 18h, na Adepol-MS. Quem for ao evento poderá adquirir a obra com autógrafo do autor.
“Será um prazer receber cada leitor. A obra foi escrita com muito zelo e humanidade. Ela é um convite à empatia, à compreensão da complexidade que envolve o crime e o trabalho policial”, concluiu Delano.
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