O deputado federal Dagoberto Nogueira (PSDB-MS) fez um balanço direto e crítico dos trabalhos legislativos em Brasília ao longo de 2025, durante entrevista ao Giro Estadual de Notícias nesta terça-feira (9). Entre os destaques, o parlamentar lamentou os efeitos da polarização entre lulistas e bolsonaristas, comentou a decadência do PSDB no cenário nacional, e destacou o papel dos deputados federais na viabilização de recursos para municípios de Mato Grosso do Sul.
“Essa polarização entre Lula e Bolsonaro atrapalha demais o andamento do Congresso. O plenário virou um ringue. Tem muita briga, muita confusão, e pouca disposição para o diálogo”, disse o deputado. “Tem gente que nem quer mais entrar no plenário porque sabe que o tempo vai ser consumido com briga e não com debate.”
Dagoberto ainda revelou que, por conta do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, as sessões da semana seriam virtuais, como forma de evitar tumultos em Brasília.
Enfraquecimento do PSDB e o reposicionamento das lideranças - Ao analisar o futuro do PSDB, Dagoberto foi categórico: o partido perdeu protagonismo nacional, especialmente após o esvaziamento da base paulista.
“Já tivemos 40 deputados federais, muitos deles de São Paulo. Hoje, esse número caiu drasticamente. Para se ter uma ideia, em São Paulo temos apenas dois deputados entre 70 possíveis. O Mato Grosso do Sul é hoje o estado com mais deputados do PSDB”, pontuou.
A debandada de líderes históricos da sigla também foi destacada. Segundo Dagoberto, a saída de Eduardo Riedel para o PP e o movimento de Reinaldo Azambuja rumo ao PL refletem o enfraquecimento da legenda.
“Essas saídas mostram que o partido mais forte do estado perdeu suas grandes lideranças para partidos de viés mais à direita”, avaliou.
Para o deputado, a polarização política que tem dominado as últimas eleições pode ter seu último capítulo em 2026, quando o presidente Lula tentará a reeleição.
“Não tenho dúvidas de que a polarização vai continuar, porque o Lula tem direito à reeleição e provavelmente enfrentará um nome do campo bolsonarista, talvez o Tarcísio de Freitas. Mas acredito que essa será a última eleição nesse clima. Ninguém aguenta mais”, afirmou.
Dagoberto aposta que, com o fim do confronto direto entre Lula e Bolsonaro, haverá espaço para a construção de uma candidatura mais ao centro, capaz de oxigenar o debate nacional.
Entre as propostas em tramitação, o deputado mencionou o projeto do “Teste do Pezinho Ampliado” como um dos mais importantes de sua autoria. “Esse projeto ganhou notoriedade e segue em tramitação. Mas o Congresso tem um ritmo muito lento, e muitos projetos demoram a sair do papel”, comentou.
Ainda assim, Dagoberto enfatizou o papel fundamental da bancada federal na articulação de recursos para os municípios sul-mato-grossenses. “Hoje, mais do que legislar, o deputado precisa garantir recursos. Nossa bancada tem que buscar verba extra, porque a maioria dos municípios do estado é pobre e depende dos repasses federais”, disse.
Ele citou a viabilização de mais de R$ 29 milhões para obras em Campo Grande, incluindo a retomada de creches e escolas iniciadas na gestão do ex-prefeito Nelsinho Trad, que estavam paradas desde o governo Dilma Rousseff.
“Essas obras ficaram anos abandonadas. Agora, com nosso apoio e o projeto da prefeita Adriane Lopes, conseguimos liberar recursos para finalmente concluí-las. Isso é trabalho de bastidor, mas que transforma realidades”, afirmou.
Em meio à crise da sigla, Dagoberto Nogueira tem se mantido ativo, buscando manter relevância tanto no Congresso quanto em Mato Grosso do Sul. Ele não confirmou se será candidato à reeleição em 2026, mas indicou que segue comprometido com a pauta municipalista e com a reestruturação política no cenário nacional.
“Vamos acompanhar os desdobramentos e ver com quem o partido fará federação. Ainda há tempo para reavaliar o rumo”, concluiu.
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