Desde setembro à frente da Energisa Mato Grosso do Sul, Paulo Roberto dos Santos destacou em entrevista ao Giro Estadual de Notícias os desafios e as oportunidades no fornecimento de energia para um estado em plena expansão. Com 40 anos de experiência no setor elétrico, o executivo reforça que a concessionária está alinhada ao crescimento acelerado do estado, impulsionado por investimentos no agronegócio e na indústria.
“O Mato Grosso do Sul é atualmente o estado que mais cresce no Brasil e, alinhados com o governo estadual, estamos trabalhando para atender essa demanda crescente de forma eficiente”, afirma Santos. Segundo ele, a atuação do governador Eduardo Riedel na promoção do estado no cenário global tem sido um diferencial para a atração de investimentos.
Diretor-presidente da Energisa MS, Paulo Roberto dos Santos, falou sobre os desafios e esforços da empresa no estado em entrevista ao Giro Estadual de Notícias
Diferente de outras regiões do país, o crescimento de Mato Grosso do Sul parte do agronegócio e se expande para a agroindústria. Esse fenômeno tem levado a Energisa a direcionar investimentos para regiões estratégicas. “Estamos agregando valor à produção local, com destaque para o óleo, etanol e novos produtos, como a laranja, além da celulose, que já é uma realidade consolidada no estado”, explica o executivo.
A distribuidora já conectou cerca de 4.000 clientes do setor agro e industrial ao longo de sua trajetória no estado. Apenas nos últimos seis meses, mais de 1.000 novos clientes demonstraram interesse em empreendimentos na região, evidenciando o dinamismo econômico local.
Contudo, o fornecimento de energia para um estado de grande extensão territorial e baixa densidade populacional apresenta desafios. Santos explica que, em áreas rurais, um único chamado técnico pode demandar uma equipe por um dia inteiro, enquanto no meio urbano o mesmo time atenderia até dez ocorrências no mesmo período.
“Nos últimos dez anos, conseguimos melhorar os indicadores de qualidade em 30%. Em 2014, um cliente ficava, em média, 12 horas por ano sem energia. Hoje, esse tempo foi reduzido para 9 horas anuais, um nível comparável ao do Sudeste”, ressalta. No entanto, ele pondera que as condições no estado são mais desafiadoras: “Muitas vezes, um único cliente depende de circuitos de até 100 quilômetros.”
Outro fator crítico é o clima severo. O sul do estado, por exemplo, abriga o chamado Polígono dos Tornados, uma das regiões com maior incidência de descargas elétricas do planeta. “Mato Grosso do Sul registra, em média, 450 mil descargas elétricas por mês, exigindo monitoramento constante e resposta rápida das nossas equipes”, explica.
A adesão à energia solar tem crescido significativamente no estado, com 20% dos clientes da Energisa já possuindo painéis fotovoltaicos instalados. No entanto, essa mudança trouxe desafios inesperados.
“Observamos que muitos clientes que antes tinham um único ar-condicionado, ao adotarem a energia solar, passaram a utilizar três ou quatro. O problema surge após as 18h, quando o sol se põe e eles voltam a consumir energia da rede”, detalha Santos. O aumento na demanda por eletricidade, especialmente no período noturno, exige reforço na infraestrutura da distribuidora.
Diante disso, a empresa incentiva o consumo consciente e a diversificação das fontes renováveis. “Nosso objetivo é substituir as fontes de energia fóssil por alternativas mais limpas e sustentáveis. Além da solar, vemos potencial na energia eólica, que já cresce no Nordeste”, afirma.
Ilumina Pantanal: um projeto transformador - Uma das iniciativas mais impactantes da Energisa no estado é o projeto Ilumina Pantanal, que leva energia elétrica para comunidades isoladas. O executivo relata a experiência emocionante de presenciar pessoas tendo acesso à eletricidade pela primeira vez.
“Estamos tão acostumados com a eletricidade no nosso dia a dia que muitas vezes não percebemos sua real importância. Esse projeto nos coloca diante de pessoas que nunca tiveram acesso à energia elétrica, e isso é transformador. Ver, por exemplo, uma senhora de 80 anos dizer: ‘Então agora eu vou poder experimentar essa tal de água gelada?’ é algo que marca profundamente”, relata Santos.
Mais do que fornecer infraestrutura, o projeto muda realidades, permitindo o desenvolvimento social e econômico das comunidades atendidas.
Digitalização e novos investimentos - A modernização dos serviços de atendimento é outro foco da Energisa. Hoje, 92% das solicitações dos clientes no Mato Grosso do Sul já são resolvidas por canais digitais, como WhatsApp e site oficial. “O perfil do consumidor mudou. Ele quer agilidade e eficiência, busca soluções com um clique e espera que seu problema seja resolvido na primeira interação”, explica.
Além disso, a concessionária está prospectando novos investimentos no setor energético para atender a demanda crescente. “Temos grandes projetos em setores como celulose, laranja, amendoim, soja e confinamento de gado. A região Sul do estado, abrangendo municípios como Mata Guaçu, Japurá e Itaqui, receberá investimentos significativos, assim como Ribas do Rio Pardo e Inocência, que terão uma nova indústria de celulose”, afirma.
O executivo finaliza reforçando o compromisso da Energisa com o desenvolvimento do estado. “Nosso objetivo é garantir suporte a esse novo perfil de cliente e acompanhar a expansão dessas regiões estratégicas. O Mato Grosso do Sul está em plena transformação, e a energia elétrica tem papel fundamental nesse avanço.”
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