Durante entrevista ao Giro Estadual de Notícias desta quarta-feira (23), o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada e Afins do Mato Grosso do Sul (Sinticop/MS), Walter Vieira dos Santos, falou dos principais desafios enfrentados pelo setor no Estado. Ele enfatizou que, apesar das vagas abertas e da formação profissional promovida pelo Senai, a falta de mão de obra qualificada é o maior gargalo.
“A construção civil se divide em três etapas principais: construção civil leve, que envolve edificações; construção pesada, que trata de infraestrutura como estradas e grandes obras; e montagem industrial, que lida com grandes estruturas metálicas. Em Mato Grosso do Sul, o problema que enfrentamos é a qualificação profissional. Apesar de termos vagas e iniciativas para formar profissionais, não temos mão de obra especializada para executar todos os projetos que chegam ao Estado”, explicou o presidente.
Vieira destacou que, especialmente entre jovens de 20 a 25 anos, há uma rejeição crescente em trabalhar nos canteiros de obras. Segundo ele, o apelo da tecnologia e do setor de informática é maior entre essa faixa etária. “Eles preferem seguir por outros caminhos e não querem atuar na construção civil. Por isso, estamos promovendo feiras e palestras em escolas, em parceria com órgãos como o Tribunal do Trabalho, para atrair esse público”, ressaltou.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada e Afins do Mato Grosso do Sul (Sinticop/MS), Walter Vieira dos Santos
Além disso, ele apontou a necessidade de modernização dos métodos utilizados na construção civil no Estado. “Cobramos dos empresários a incorporação de tecnologias modernas nos canteiros de obras. Não podemos continuar com práticas de 20 ou 30 anos atrás, especialmente sabendo que, em regiões como Europa e Ásia, a tecnologia no setor está muito mais avançada”, argumentou.
Outro ponto crítico abordado foi a informalidade no setor. Segundo o presidente do Sinticop/MS, muitos trabalhadores preferem trabalhar de forma informal, acreditando que isso lhes garante maior flexibilidade e ganho imediato. “O piso salarial médio na construção civil no estado está em torno de R$ 2.300,00. Alguns trabalhadores preferem combinar diretamente com quem os contrata para receber semanalmente, mas essa prática os deixa vulneráveis, sem garantias para o futuro”, alertou.
Vieira ressaltou que o setor da construção civil é um dos mais arriscados em termos de acidentes de trabalho. “Aqui em Mato Grosso do Sul, já tivemos casos de óbitos nesse setor. A informalidade pode parecer vantajosa no início, mas é uma ilusão. Esses trabalhadores, sem garantias como auxílio-doença ou aposentadoria, acabam sofrendo a longo prazo, especialmente quando envelhecem”, pontuou.
Em relação a grandes obras, Walter Vieira destacou a Rota Oceânica, um empreendimento que ele considera como “a obra da década” em Mato Grosso do Sul. A construção, que ligará o Brasil aos oceanos Atlântico e Pacífico, é vista como uma oportunidade de desenvolvimento logístico para o estado, facilitando a exportação de grãos, minérios e outros produtos.
“O que nos preocupa são os impactos sociais que essa obra pode causar. Por isso, criamos o Comitê Sindical Popular da Rota Oceânica para discutir esses efeitos. Precisamos preparar localidades como Porto Murtinho, Nioaque, Sidrolândia e Campo Grande para lidar com questões sociais e culturais que grandes obras trazem, como conflitos de uso do solo, direitos dos povos originários e ribeirinhos, além de temas sensíveis como exploração sexual”, detalhou.
Vieira também informou sobre a atuação do Sinticop/MS em 68 municípios do estado, e destacou as inovações tecnológicas da entidade, como a criação do aplicativo que conecta os trabalhadores ao sindicato. “Somos o primeiro sindicato em Mato Grosso do Sul a criar uma ‘delegacia digital’. Com essa ferramenta, o trabalhador pode acessar benefícios como convênios médicos, assessoria jurídica e fazer denúncias anônimas, garantindo que o sindicato atue rapidamente para proteger seus direitos”, concluiu.
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