De 25 de julho a 2 de agosto, a cidade de Bonito, a 260 km de Campo Grande, será palco da terceira edição do Festival Bonito Cinesur. Sob a coordenação de Andrea Freire, o evento se consolida como uma vitrine do cinema sul-americano e, principalmente, um motor de inclusão e transformação cultural em uma cidade que, paradoxalmente, ainda não possui uma sala de cinema.
“Desde o início, já começamos com muita animação — e ela só aumentou com o tempo. Nesta terceira edição, o festival Bonito Cinesur se consolida como um espaço dedicado exclusivamente ao cinema da América do Sul, com foco na produção brasileira”, afirma Andrea em entrevista ao Giro Estadual de Notícias nesta quarta-feira (18).
A proposta é ambiciosa: durante nove dias, o festival oferecerá uma programação intensa de 120 horas, reunindo realizadores, diretores, atrizes e produtores de diversos países do continente.
Uma das principais apostas do festival em 2025 é o Bonito CinEduca — programa voltado à formação audiovisual da população local. A iniciativa contempla oficinas práticas e atividades que antecedem até mesmo a abertura oficial do evento.
“No final de maio, realizamos uma Oficina de Cinema de Animação voltada para crianças, ministrada pela cineasta Ara Martins. Foi uma verdadeira ampliação de horizontes”, relata Andrea. A oficina envolveu duas turmas de 25 crianças da rede pública, com participação ativa da comunidade e professores.
Na semana anterior ao festival, será iniciada uma Oficina de Iniciação ao Cinema, ministrada por Don Lacerda, cineasta nascido em Guia Lopes da Laguna. “Ele está animado com a oportunidade de contribuir com o desenvolvimento do cinema na região, e nós também estamos muito felizes em contar com essa troca.”
Andrea: O Festival Bonito Cinesul chega à terceira edição levando arte, formação e muita emoção para comunidades que nunca foram ao cinema!
As ações formativas não param por aí. Durante o festival, outras quatro oficinas serão oferecidas para profissionais da área — diretores, atores e produtores. A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul participa com o envio de 40 estudantes de cinema para o evento, fortalecendo o eixo educacional.
O cinema onde o cinema não chega - Para Andrea, o maior desafio — e também a principal missão — do festival é aproximar o público da experiência cinematográfica. “Estamos falando de uma cidade que não tem sala de cinema, onde muitas crianças, jovens, adultos e idosos nunca tiveram a experiência de entrar num cinema”, enfatiza.
No ano passado, sessões foram realizadas no Centro de Múltiplo Uso, com transporte gratuito para os moradores. Em 2025, a estratégia é ainda mais inclusiva: “Decidimos inverter essa lógica: nós é que vamos até os bairros”, diz. Sessões serão realizadas nos bairros Marambaia e Bom Viver, os dois maiores de Bonito.
O Festival Bonito Cinesur também cumpre o papel de valorizar a cinematografia sul-americana, frequentemente ignorada pelas grandes janelas de exibição. Este ano, a homenageada será a atriz paraguaia Ana Brun, protagonista do premiado filme As Herdeiras (2018).
“É curioso perceber como, mesmo estando tão próximos, muitas vezes desconhecemos o que está sendo produzido em países vizinhos. O festival também tem esse papel: revelar, resgatar, aproximar culturas por meio da arte”, comenta Andrea.
A atriz participará pessoalmente do evento e o filme será exibido, levando ao público da fronteira sul-mato-grossense uma história que, segundo Andrea, “fala com muita sensibilidade de temas que nos são familiares”.
Andrea destaca ainda que 2025 se tornou um marco para o cinema brasileiro. “Quando Fernanda Torres foi indicada ao Oscar, o sentimento que nos tomou foi coletivo — como se estivéssemos vivendo uma final de Copa do Mundo.” O filme Ainda Estou Aqui, segundo ela, representa um mergulho profundo nas memórias do país e reforça a importância de se valorizar todos os profissionais da cadeia audiovisual.
“O cinema é, acima de tudo, um trabalho coletivo. Esse reconhecimento é para todos que constroem o cinema com dedicação”, defende.
Com o Festival Bonito Cinesur, a cidade se transforma em um verdadeiro polo de cinema sul-americano. E não apenas como palco de exibição, mas como um território de formação, inclusão e acesso democrático à arte.
“Aprender, por exemplo, a construir um roteiro ajuda a clarear a intenção de quem vai produzir algo, seja para cinema ou outras mídias”, explica Andrea. Mais informações e a programação completa do festival pode ser acessada aqui.
Sintonize o Giro Estadual de Notícias, segunda a sexta, das 07h30 às 08h30, pelo acritica.net e para as seguintes rádios de MS:
RÁDIO MARABÁ FM 93,9 – MARACAJU
RÁDIO BAND FM 100,9 - FÁTIMA DO SUL E REGIÃO DE DOURADOS
RÁDIO MONTANA FM 89,9 - INOCÊNCIA E REGIÃO DO BOLSÃO
RÁDIO SERRA FM 106,5 - RIO VERDE DE MT
RÁDIO SERRANA FM 91,3 – NIOAQUE
RÁDIO BAND FM 88,5 – PARANHOS