Mato Grosso do Sul realiza sua primeira Bienal do Livro, intitulada Bienal do Pantanal, entre os dias 4 a 12 de outubro, em Campo Grande. Com entrada gratuita e uma programação intensa de 12 horas diárias, o evento marca um novo capítulo na valorização da literatura, cultura e identidade regional.
Em entrevista ao Giro Estadual de Notícias nesta segunda-feira (15), o coordenador-geral do evento, Pedro Ortale, explicou os motivos que levaram o estado a receber pela primeira vez um evento dessa magnitude. “A realização de um evento como este é algo muito complexo. Envolve editoras, profissionais da área de artes, cultura, intelectuais, escritores e a sociedade de modo geral”, afirmou.
Pedro destacou ainda que a Bienal contará com a mesma estrutura organizacional que realiza as bienais de São Paulo, Ceará e Manaus. “Teremos 600 metros quadrados de estandes, e todo o espaço do Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo estará ocupado pelas principais editoras do Brasil. Trata-se realmente de uma celebração ao livro, uma celebração à produção literária.”
Pedro: Bienal do Pantanal estreia em MS com entrada gratuita, atrações internacionais e 12h de programação cultural diária.
Mais do que um evento literário, a Bienal do Pantanal nasce com um objetivo simbólico de integração entre culturas e territórios. “O Mato Grosso do Sul possui um ativo internacionalmente reconhecido, que é o bioma Pantanal. Ele está inserido neste território, compartilhado também com o Mato Grosso, a Bolívia e o Chaco Paraguaio. Ou seja, o nome da Bienal já carrega essa ideia de inter-relacionamento territorial entre povos”, pontuou Ortale.
A primeira edição homenageia o poeta sul-mato-grossense Manoel de Barros e contará com a participação de escritores do Paraguai e da Argentina. “Esperamos que ela ocorra a cada dois anos, transformando-se, de fato, em um instrumento a serviço da integração e da paz entre os povos - conduzida pela bela linha da literatura, do acesso ao livro e do fomento à leitura.”
Eixos temáticos e grandes nomes - A curadoria da programação definiu dois grandes eixos: geopolítica e territórios, e tecnologias digitais. “O primeiro trata de temas como sincretismo religioso e ocupação territorial. Um exemplo disso é o que escreve Itamar Vieira, quando aborda a ocupação dos fundos das fazendas, trazendo à tona toda a simbologia envolvida, o tempo dessa ocupação e sua relação com a ideia de propriedade.”
Já o segundo eixo discutirá o impacto das plataformas digitais e da inteligência artificial na sociedade. “Vamos discutir letramento digital, leitura em ambientes virtuais, e como essas transformações estão moldando nossa sociedade. Um dos temas, por exemplo, será ‘O amor nos tempos do Tinder’, refletindo sobre as novas formas de relacionamento.”
Entre os palestrantes confirmados estão Leandro Karnal, Itamar Vieira Junior, Ana Maria Gonçalves — primeira mulher negra a integrar a Academia Brasileira de Letras -, Vera Iaconelli e Ana Cláudia Quintana Arantes.
Dois seminários nacionais também fazem parte da programação: um sobre o Plano Nacional do Livro e Leitura, com lançamento do livro Retratos da Leitura no Brasil, com presença de Zoara Failla, e outro com representantes do Ministério da Cultura.
Além disso, serão realizados concursos literários, como o 1º Prêmio de Literatura da Bienal e um concurso estadual voltado a estudantes da rede pública, com categorias que vão de poesia a histórias em quadrinhos.
A abertura da Bienal contará com um show de Almir Sater e uma cerimônia em homenagem a Manoel de Barros. No sábado, dia 11, o destaque internacional será a apresentação do grupo paraguaio Néstor Llorens y Caminantes, junto ao Balé Folclórico de Assunção.
“É uma programação imperdível. Os municípios precisam vir para cá. As palestras acontecerão às 10h, às 14h e às 19h. Então, é possível sair cedinho de qualquer cidade, almoçar na capital, assistir a uma palestra com um grande pensador e voltar no mesmo dia”, reforçou Pedro Ortale.
Toda a programação é gratuita, e os ingressos poderão ser retirados com duas horas de antecedência no local. Para visitantes do interior, a organização permite reservas antecipadas. A expectativa é atrair milhares de pessoas, incluindo cerca de 3.600 alunos da rede estadual.
“Teremos visitação escolar, batalha de rimas, contação de histórias e mostra de cinema sul-mato-grossense. É imperdível. E vamos além: haverá cafés culturais com gastronomia pantaneira, livros para todos os públicos e até bancas com livros raros vindos do Uruguai.”
Apesar de não revelar todos os detalhes, Pedro promete uma surpresa especial para quem comparecer. “Ah! E já adianto: tem surpresa para quem for à Bienal, mas essa eu não vou revelar agora!", finaliza.
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