"As pessoas precisam se conhecer". A frase que pode parecer clichê nunca esteve tão em alta na sociedade que despreza o autoconhecimento e estimula mais o ter, do que o ser. A avaliação é da psicóloga psicodramatista e consultora em dependência química, Andrea Brum Cunha que, esteve nesta sexta-feira (03), em entrevista no programa Giro Estadual de Notícias. Ela afirma que as pessoas não se conhecem e o autoconhecimento é a chave para resolver inúmeras questões, que vão da ansiedade à depressão. "Autoconhecimento é extremamente importante. Quando as pessoas chegam pra mim e dizem eu preciso de terapia, eu digo: Eu mereço me dar autoconhecimento", destacou Andrea.
Ela salienta que para chegarem até o consultório as pessoas precisam fazer uma escolha muito profunda."Chegar até o consultório isso é uma escolha tão profunda que às vezes as pessoas querem querer. Algumas tem medo de olhar para própria vida e para as próprias escolhas e ver, que de repente, não está muito legal", destaca.
A psicóloga diz que quando as pessoas enxergam suas limitações, elas percebem que sozinhas não conseguem entender as próprias emoções. "Se eu não entendo a forma como eu sou. Vou agindo na vida de forma muito equivocada. Então o autoconhecimento ele está em falta porque a gente tem uma sociedade que não estimula o ser. Ela estimula o ter", analisa Andrea.
Ela explica que existem dois processos na psicologia: o tratamento ou o desenvolvimento. O tratamento, segundo ela, é quando o paciente tem problema focal. A pessoa tem depressão, perdeu alguém está em luto dolorido ou com síndromes como do pânico de ansiedade. Estes são casos de tratamentos . Já no desenvolvimento a pessoa busca a terapia antes de ter os problemas e terá grandes chances dela não precisar do tratamento. "Se tiver a oportunidade de fazer psicoterapia para desenvolvimento você tem um discernimento, e suas escolhas serão muito mais adequadas", acrescentou.
Aceitar que toda pessoa tem o lado bom e o ruim também ajuda no processo. "Não podemos negar nossas sombras. Somos sombras e somos luzes. A gente tem que sair da dicotomia, do bom e do mau, certo ou errado. Somos tudo isso misturado, e quando a gente está no equilíbrio é que eu entendo qual é a minha sombra, já fiz as pazes com ela", adiantou.
Crianças - A psicóloga ainda falou sobre a criação dos filhos, a importância do não, e das frustrações para crescimento do indivíduo. "Ouço muitos pais que dizem que querem dar aos filhos tudo que não tiveram. Quando eu ouço esta frase me dói na alma. Aí pergunto aos pais. Quem é você? Qual parte você não entende que foram as frustrações, os limites, os nãos que você teve que formou este cidadão com condição financeira que te formatou. Estamos fazendo com nossas crianças tudo que não devíamos fazer. Criando-os como bibelôs. Aí qualquer frustração é motivo para eu não dar conta de lidar com aquilo e virar uma depressão", disse.
Finalmente, ela enfatiza que tristeza e ansiedade são sentimentos normais. Sem eles a gente não tem como sobreviver. "Ansiedade é uma energia psíquica que ela motiva para fazer as coisas. Ela me fala que eu não estou legal naquele movimento e eu tenho que fazer algo diferente. É quando estas energias estão disformes é que começa a ter problemas. Se eu não estou literalmente de acordo com a minha verdade se eu não tenho força psíquica eu não fui direcionada pelos adultos responsáveis pela minha formatação, a tendência é eu achar é tudo muito difícil que a vida é dura que não tenho propósito . A vida não tem sentido, você que tem que dar sentido a ela. Se esperar que alguém faça isso por você não terá sucesso", conclui.