
As quarentenas em todo o mundo para conter a Covid-19 levou à redução mais longa e pronunciada nas vibrações sísmicas ligadas à atividade humana já registrada, o que ajuda os cientistas a detectarem terremotos e outros sinais da natureza, diz um estudo publicado quinta-feira (23) pela Science e conduzida usando redes de sismômetros internacionais.

Cientistas descobriram que as vibrações ligadas a humanos caíram em uma média de 50% entre março e maio deste ano. Vibrações viajam pela Terra como ondas, criando ruído sísmico de terremotos, vulcões, vento e rios, bem como ações humanas, como viagens e indústria.
"O período de silêncio de 2020 é a redução global de barulho sísmico antropogênico mais longa e proeminente já registrada", escreveram. O trabalho foi liderado pelo Royal Observatory na Bélgica e cinco outras instituições, usando dados de 268 estações de monitoramento em 117 países.
Começando na China no fim de janeiro e seguida pela Europa e o resto do mundo em março e abril, os pesquisadores viram "uma onda de quietude" conforme as medidas de isolamento foram sendo implementadas para frear a pandemia do novo coronavírus.
Viagem e turismo foram suspensos, milhões de escolas e indústrias fecharam e muitas pessoas ficaram confinadas em suas casas. Essa quietude relativa permitiu que os cientistas "escutassem" em maior detalhe as vibrações naturais da Terra, disse Stephen Hicks, um sismólogo no Imperial College de Londres, que co-liderou o trabalho.
O estudo diz que as descobertas também mostram que sismólogos podem ajudar a estabelecer em quanto tempo as pessoas reagiram à imposição e suspensão de medidas de lockdown.
As maiores quedas em vibrações humanas foram observadas em áreas densamente povoadas, como Cingapura e Nova York, mas também houve diminuições em locais remotos, como a Floresta Negra alemã e Rundu, na Namíbia. Barbados, onde o lockdown coincidiu com a alta temporada turística, reduziu em 50% o ruído sísmico.
